
Depois de milhares de brasileiros protestarem contra a corrup��o pol�tica e em apoio aos investigadores da opera��o Lava-Jato na manh� desse domingo, agora � tarde o foco se volta para cidade de S�o Paulo, onde os manifestantes se re�nem na Avenida Paulista. Um boneco representando o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) foi colocado em frente ao Masp.
Com epicentro no Rio de Janeiro e em Bras�lia, os manifestantes convocados por muitas das organiza��es que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff sa�ram desde cedo �s ruas, em um protesto que se espalha por dezenas de cidades.
"Opera��o Lava-Jato, defendida pelo povo", dizia um cartaz segurado por um manifestante no Rio de Janeiro, que resumia a principal exig�ncia: proteger a investiga��o que revelou uma rede de desvios multimilion�rios da Petrobras � pol�tica.
Em Bras�lia, 5.000 pessoas se reuniram diante do Congresso, segundo a Secretaria de Seguran�a, e colocaram desenhos de ratos no lago em frente ao edif�cio.
Um grande cartaz com a frase "Fora Renan" decorava um caminh�o de onde os organizadores incitavam os manifestantes, em sua maioria vestidos com as camisas amarelas da sele��o brasileira.
Renan Calheiros, presidente do Senado, foi o principal alvo dos ataques. Aliado chave do presidente Michel Temer e membro de seu partido, o PMDB, enfrenta uma s�rie de investiga��es, v�rias delas ligadas � rede de subornos da Petrobras.
"� hora de que pague. Queremos limpar este grupo de ladr�es, queremos limpar o Brasil, queremos um Brasil novo", disse Emilia Duarte, de 56 anos, que segurava um pequeno boneco infl�vel com a imagem do juiz S�rgio Moro vestido de super-her�i.
O jovem magistrado de Curitiba se tornou um s�mbolo da batalha contra a corrup��o depois que suas decis�es enviaram � pris�o empres�rios e importantes figuras pol�ticas.
O chefe da C�mara de Deputados, Rodrigo Maia, outro aliado de Temer e primeiro na linha de sucess�o presidencial, tamb�m foi questionado.
Imagens de televis�o e de meios de comunica��o locais registraram atos em muitas outras cidades, como Belo Horizonte, Recife, Salvador e S�o Paulo, normalmente centro das manifesta��es no pa�s, que ter� a mobiliza��o principal durante a tarde.
Luta de poderes
A crise pol�tica vivida pelo pa�s e que levou ao impeachment de Dilma e a sua substitui��o pelo governo de Michel Temer teve um novo cap�tulo nesta semana, quando a C�mara dos Deputados aprovou em plen�rio uma iniciativa que permite acusar ju�zes, procuradores e promotores de abuso de autoridade.
Ironicamente, o projeto de lei que obteve meia san��o na madrugada da �ltima quarta-feira surgiu de uma iniciativa dos pr�prios promotores e contou com o apoio de mais de dois milh�es de assinaturas.
Mas os deputados alteraram drasticamente seu conte�do e adicionaram uma emenda que permite acusar procuradores e ju�zes de abuso de autoridade.
Para os membros do judici�rio, este projeto representa "o come�o do fim da Lava Jato".
Esta decis�o levou a equipe de procuradores da Lava-Jato a amea�ar com uma ren�ncia coletiva. Na mesma noite, Calheiros tentou fazer com que o Senado debatesse este pol�mico projeto com car�ter de urg�ncia, provocando a revolta de muitos brasileiros que bateram suas panelas em diferentes cidades em sinal de protesto.
Neste domingo, Calheiros divulgou uma nota oficial dizendo que "as manifesta��es s�o leg�timas e devem ser respeitadas (...), o Senado continua perme�vel e sens�vel �s demandas sociais".
"� a primeira vez que as pessoas est�o protestando juntas. Esperamos que todos os grupos e divis�es ideol�gicas se unam", disse Sergio Giacomo, um professor universit�rio de 50 anos, no Rio de Janeiro.
Muitos tamb�m pediram o fim do foro privilegiado, que impede que pol�ticos com cargos em vigor sejam julgados pela justi�a comum.
"Aqui h� trabalhadores, motoristas de �nibus, professores. Trabalhadores que estamos fartos da institucionaliza��o da corrup��o em nosso pa�s", disse Joana Darc, tamb�m professora de 51 anos que protestava na Avenida Atl�ntica, em Copacabana.
O pacote de leis que o Congresso busca montar para limitar as a��es do poder judici�rio coincide com a assinatura de um acordo de "dela��o premiada" entre as autoridades e o grupo de engenharia Odebrecht, que teve um papel central na confabula��o pol�tica-empresarial da Petrobras e que fornecer� muitos nomes novos � lista de suspeitos.
O pacto assinado prev� uma redu��o das condena��es dos envolvidos em troca de informa��o sobre o caso.