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Estado de Minas

'Sim, todos sabiam que o apartamento pertencia ao Lula�, diz ex-zelador


postado em 16/12/2016 20:25

S�o Paulo, 16 - O ex-zelador do Condom�nio Solaris, no Guaruj� (SP), Jos� Afonso Pinheiro, afirmou nesta sexta-feira, 16, que "todos sabiam" que o tr�plex 164/A "pertencia ao ex-presidente Lula". Em depoimento ao juiz federal S�rgio Moro, da Opera��o Lava Jato, Pinheiro disse que a ex-primeira dama Marisa Let�cia "se portava l� como propriet�ria do apartamento".

"Nunca a vi se portar como algu�m interessada em comprar apartamento."

Pinheiro foi arrolado pelo Minist�rio P�blico Federal como testemunha de acusa��o na a��o penal contra Lula por suposto recebimento de R$ 3,7 milh�es em propinas da empreiteira OAS. Zelador h� 20 anos, ele trabalhou no Solaris entre novembro de 2013 e abril de 2016.

A audi�ncia, por videoconfer�ncia, foi tensa. Pinheiro se exaltou quando indagado pela defesa de Lula sobre sua filia��o ao PP depois que foi demitido do Solaris - ele saiu candidato a vereador com o nome "Afonso Zelador do Tr�plex". Irritado com o questionamento, Pinheiro ofendeu os advogados do ex-presidente. "Voc�s s�o uns lixos." Moro interrompeu a testemunha e pediu que tivesse calma.

O tr�plex do Guaruj� � o ponto central de uma das investiga��es encetadas pela for�a-tarefa da Lava Jato contra Lula.

Os investigadores acreditam que o ex-presidente � o verdadeiro propriet�rio do im�vel, que passou por uma reforma bancada pela OAS. Lula nega ser o dono do apartamento.

No in�cio da audi�ncia, o procurador da Rep�blica perguntou ao zelador se ele tinha algum tipo de informa��o sobre a reforma da unidade 164/A. "Tenho sim senhor", respondeu Pinheiro.

O que foi feito nessa obra?, perguntou o procurador.

"Mudan�as na parte debaixo do apartamento, a instala��o do elevador no apartamento e obras na �rea da piscina."

Ele disse que Lula visitou o apartamento. "Ele, dona Marisa, mais um grupo de seguran�a, corpo de seguran�a, juntamente com o pessoal da OAS, junto tamb�m."

"Era dito que o apartamento pertencia a Lula?", indagou o procurador.

"Sim, todos sabiam l� que o apartamento pertencia ao ex-presidente Lula. Inclusive, at� os cond�minos sabiam que era dele o apartamento. Sempre houve esse coment�rio l�. Antes da visita o pessoal j� comentava que o apartamento era dele."

O zelador contou sobre uma segunda visita de Lula. Quem foi nessa segunda visita?, perguntou o procurador. "Lula, dona Marisa, mais um corpo de seguran�a, inclusive a seguran�a parava o elevador que a OAS fazia uma decora��o no hall e no pr�prio apartamento para receber."

O procurador perguntou tamb�m se Marisa esteve l� no pr�dio depois. "Sim, eu que apresentei todas as �reas para ela, piscina, sal�o de festa, �rea comum, que ela achou muito boa, pr�xima da praia. Falou que era na areia."

A defesa iniciou, ent�o, uma s�rie de perguntas � testemunha, parte delas indeferida pelo juiz Moro, que n�o viu pertin�ncia com os termos da acusa��o.

Ao ser questionado sobre sua filia��o ao PP, o zelador disse ao advogado de Lula. "Voc� n�o sabe o que � uma pessoa desempregada. Fui envolvido numa situa��o que n�o tenho culpa nenhuma. Perdi meu emprego, perdi a minha moradia. O que voc� faria numa situa��o, voc� nunca passou por isso. Voc�s s�o um bando de lixo, lixo, o que est� fazendo com o nosso pa�s."

O advogado de Lula perguntou a Pinheiro quem estava presente na segunda visita ao tr�plex. "N�o falei para voc� que foi na segunda visita que eu mostrei as �reas para dona Marisa? Que ela foi ver a �rea da piscina, sal�o de festa, o hall, todas as �reas do condom�nio? Inclusive ela estava elegantemente vestida, bem vestida. Conversou bastante, pessoa bastante popular, entendeu?"

"Sempre quando ele (Lula) ia l�, tinha v�rias pessoas com ele, inclusive, o Igor (Pontes, engenheiro da OAS) falava, quando eles iam entrar com o carro, para j� deixar o port�o aberto: 'Abre o port�o, deixa o port�o aberto para j� entrarem direto para a garagem'. Tinha um corpo de pessoas com ele. Iam tr�s, quatro seguran�as junto."

Pinheiro declarou ter recebido orienta��o do engenheiros da OAS Igor Pontes "a n�o falar nada que o apartamento pertencia ao sr. Luiz In�cio e � dona Marisa, era para falar que o apartamento pertencia � OAS".

"A orienta��o n�s j� t�nhamos recebido para n�o falar que o apartamento era dele (Lula), que o apartamento pertencia � OAS e n�o ao Luiz In�cio e � dona Marisa. Isso a� j� falando de uma vez com a pessoa, (para) o bom entendedor j� basta", disse.

No fim da audi�ncia, o juiz Moro pediu desculpas ao ex-zelador. "Agrade�o a sua colabora��o, sua disposi��o de vir depor como testemunha, mais uma vez eu reitero que o sr. n�o est� sendo acusado de nada, eu lamento pelo fato de o sr. ter perdido o seu emprego nessa ocasi�o. Lamento muito isso. E lamento se algumas perguntas tenham soado ofensivas ao sr., acredito que n�o tenha sido a inten��o do advogado, mas ainda assim eu pe�o desculpas em nome do ju�zo e agrade�o a sua colabora��o. Muito obrigado", disse o magistrado.

Defesa de Lula

Segue a �ntegra da nota da defesa de Lula, feita por Cristiano Zanin Martins:

"As quatro testemunhas ouvidas nesta sexta-feira, 16, na 13� Vara Federal de Curitiba encerram o ciclo de coleta de depoimentos da acusa��o na a��o penal relativa ao chamado tr�plex do Guaruj�. Tal qual os 23 depoimentos anteriores dessa mesma fase, n�o se extrai das narrativas atuais qualquer elemento que possa confirmar a acusa��o formulada pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF) contra o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva nessa a��o.

Rosivane Soares Candido, ex-funcion�ria da empresa Tallento, qualificou de meros 'boatos' as informa��es que circularam sobre Lula ser propriet�rio do apartamento 164-A, do Condom�nio Solaris. Inquirida pela defesa, ela diz n�o haver qualquer prova ou fato que possa confirmar a posse do im�vel pelo ex-presidente.

Quando questionado sobre o tema, tamb�m o ex-zelador do edif�cio Solaris Jos� Afonso Pinheiro n�o foi capaz de apresentar nenhum dado que comprovasse ser de Lula o apartamento. Firmando seu depoimento em impress�es pessoais e mesmo tendo o juiz S�rgio Moro indeferido as perguntas da defesa relativas ao tema, o depoimento de Pinheiro tem uma vincula��o � quest�o alvo da a��o que, sem d�vida, compromete sua narrativa. A fama que o tr�plex conquistou estimulou a nascente carreira pol�tica de Pinheiro, que fez o registro de sua candidatura pelo PP como 'Afonso, zelador do tr�plex', evidenciando interesse no desfecho da causa.

Descontrolado, Pinheiro chegou a ofender Lula e seus advogados, os qualificando de 'lixo', n�o sendo repreendido pelo juiz. Muito ao contr�rio. Ao t�rmino da audi�ncia, o juiz Moro pediu 'desculpas' ao depoente sob o pretexto de que foi Pinheiro o ofendido, em manifesto descompasso com a realidade.

O fato soma-se ao rol dos demais epis�dios que evidenciam a parcialidade do juiz Moro no julgamento do ex-Presidente e que integram o Comunicado feito ao Comit� dos Direitos Humanos da ONU, em julho. Suas provoca��es e exalta��es no curso desta audi�ncia foram enfrentadas com muita serenidade, especialmente considerando que o juiz apresentou ao longo da sess�o fatos estranhos ao objeto da a��o, como a queixa-crime subsidi�ria em que figura como querelado - proposta pelo ex-Presidente Lula e seus familiares diante de graves fatos que denotam, em tese, abuso de autoridade - e a a��o de repara��o por danos morais proposta em face do procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol pelos il�citos configurados durante a entrevista coletiva realizada em 14/09. Moro chegou a atacar a 'qualidade da advocacia' da defesa de Lula."


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