Bras�lia, 16 - A Odebrecht abordou em seu acordo de colabora��o com a Justi�a detalhes de sua rela��o com a fam�lia Faria, propriet�ria do Grupo Petr�polis. A Lava Jato j� havia identificado que executivos ligados � Odebrecht e o grupo eram s�cios no banco Meinl Bank Ant�gua, utilizado pela empreiteira para operar as contas do departamento da propina no exterior. Na dela��o, al�m de assumirem a sociedade com Vanu� Faria, executivos da Odebrecht v�o contar como utilizaram empresas dos donos da cervejaria Itaipava para distribuir dinheiro a pol�ticos por meio de doa��es eleitorais e entregas de dinheiro vivo.
Entre os que participaram das negocia��es com integrantes da fam�lia Faria e entregaram informa��es sobre o esquema est�o Benedicto J�nior, o BJ, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, funcion�rio do Setor de Opera��es Estruturadas, o departamento da propina.
Durante as negocia��es, Luizinho prometeu contar como a Odebrecht injetou cerca de R$ 100 milh�es em uma conta operada pelo contador do Grupo Petr�polis no Ant�gua Overseas Bank (AOB) e construiu f�bricas em troca de dinheiro no Brasil dispon�vel para campanhas eleitorais e pagamento de propina para agentes p�blicos.
No caso das doa��es, depois de compensada com pagamentos no exterior, em especial na conta Legacy no AOB, o Grupo Petr�polis utilizava algumas de suas empresas para efetuar os repasses para campanha de pol�ticos por ordem da Odebrecht. Ao menos duas empresas, segundo Luizinho, a Praiamar e Leyros Caxias, teriam sido utilizadas para escoar o dinheiro do departamento de propina para campanhas nas elei��es de 2010 e 2012.
Doa��es
Os delatores prometeram entregar aos investigadores planilhas das contribui��es eleitorais executadas pelo Grupo Petr�polis e os documentos relacionados ao controle da movimenta��o real/d�lar entre as contas das empresas. No site do Tribunal Superior Eleitoral constam doa��es relacionadas � Praiamar e Leyroz. Em 2010, a Leyroz doou cerca de R$ 4,3 milh�es para pol�ticos do PT, PMDB, PP, PSDB, PV, DEM, PTC, PSB, PSDC e PSOL. Nas elei��es de 2012, a empresa repassou outros 560 mil para candidatos do PSB e PMDB. Por sua vez, a Praiamar, em 2010, doou R$ 1,1 milh�o para os mesmos partidos destinat�rios dos valores da Leyroz. Em 2012, foram mais R$ 1,5 milh�o para PSB, PMDB, PPS e PCdoB.
Entre os pol�ticos que receberam as doa��es da empresa, segundo o delator, por conta e ordem da Odebrecht, est�o alguns que j� apareceram nas dela��es da Odebrecht. Como os repasses em 2010 a A�cio Neves (PSDB-MG), no valor total de R$ 120 mil, Ciro Nogueira (PP) com R$ 200 mil, o tucano Arthur Virg�lio (R$ 100 mil), Her�clito Fortes do PSB-PI (R$ 100 mil), o tucano Jutahy Magalh�es (30 mil).
Para os pagamentos em esp�cie, segundo Luizinho, a Odebrecht acionava o operador �lvaro Jos� Galliez Novis, que j� foi alvo da Lava Jato, para distribuir o dinheiro fornecido pelo Grupo Petr�polis. De acordo com as anota��es de Maria L�cia Tavares, secret�ria do departamento da propina, Novis atuava sob o codinome da conta "Carioquinha" e "Paulistinha" e era diretor da Hoya Corretora de Valores. Segundo relat�rio da PF, ele � sobrinho de �lvaro Pereira Novis, ex-dirigente da Odebrecht na �rea de apoio e desenvolvimento de oportunidades e representa��o.
Os investigadores j� haviam encontrado ind�cios da rela��o entre o Grupo Petr�polis e a Odebrecht na 23.� fase de 279 pol�ticos de 22 partidos. Com Benedicto J�nior, a Pol�cia Federal apreendeu uma planilha na qual "Itaipava" est� anotada � m�o ao lado de um repasse de R$ 500 mil para Lu�s Fernando Pez�o (PMDB), atual governador do Rio de Janeiro. Essa mesma doa��o para Pez�o est� relacionada, no topo da coluna dos valores, a "Parceiro IT".
H� ainda na planilha doa��es para a campanha eleitoral de 2012, o total chega a R$ 5,8 milh�es. Em outro quadro, sem data definida, o "parceiro" aparece como respons�vel por doa��es de R$ 30 milh�es a 13 partidos, entre eles PT, PMDB e PSDB.
Defesas
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Grupo Petr�polis afirmou "desconhecer as informa��es da suposta dela��o, que n�o tem amparo na realidade e que Cleber e Vanu� Faria n�o s�o membros do Grupo."
A Odebrecht informou que "n�o se manifesta sobre o tema, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justi�a. A empresa est� implantando as melhores pr�ticas de compliance, baseadas na �tica, transpar�ncia e integridade".
A assessoria do senador A�cio Neves reitera que as doa��es feitas � campanha eleitoral ocorreram na forma legal e est�o demonstradas nos documentos p�blicos registrados pelo PSDB junto ao TRE-MG, em 2010.
O criminalista Ant�nio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o senador Ciro Nogueira, afirmou que n�o ir� se manifestar sobre dela��es da Odebrecht pois "tem certeza que os acordos ser�o anulados em raz�o de ilegalidades".
O prefeito de Manaus, Arthur Virgilio, afirmou que recebeu, de modo legal e com o devido registro na Justi�a Eleitoral, R$ 80 mil, "a t�tulo de colabora��o da empresa Odebrecht, atrav�s de sua subsidi�ria Leyroz de Caixias Ind�stria, Com�rcio e Log�stica" para a campanha de 2010. "Essa � a verdade �nica", afirmou o prefeito.
O deputado Jutahy Magalh�es informou que recebeu doa��es da Praiamar ap�s fazer solicita��o � Odebrecht. Segundo ele, todas as doa��es feitas ap�s solicita��o � empreiteira est�o registradas na Justi�a Eleitoral. Os contatos do parlamentar para solicitar repasses para campanha eram feitos com o ex-diretor de rela��es institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho.
Her�clito Fortes foi procurado pela reportagem, mas ainda n�o respondeu aos contatos.