S�o Paulo, 21 - O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e ex-secret�rio de Pol�tica Econ�mica do Minist�rio da Fazenda, se espantou com a aprova��o nesta ter�a-feira, 20, do projeto de renegocia��o das d�vidas dos Estados sem as contrapartidas que tinham sido previamente acertadas. �Querem empurrar a conta para o outro que vier l� na frente, na pr�xima elei��o�, disse ele.
Lisboa lembra que essa pr�tica, foi respons�vel por aprofundar a crise atual e vai agravar ainda mais o cen�rio: �Ao inv�s de quimioterapia, querem dar anestesia. Assim n�o tem cura�.
A seguir trechos da entrevista que concedeu ao jornal
O Estado de S. Paulo
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Como o sr. viu a aprova��o do pacote de socorro aos Estados sem as contrapartidas?
Com muita preocupa��o. A impress�o � que desejam apenas aumentar o endividamento e transferir o problema para o outro que vier l� na frente, na pr�xima elei��o. V�rios Estados j� s�o incapazes de pagar as suas despesas correntes e essas despesas v�o continuar a crescer. A� aparecem solu��es como securitiza��o de d�vidas a receber, de royalties de petr�leo. No fundo, est�o vendendo receita futura para pagar receita corrente. Ou seja: os problemas v�o continuar.
Alguns deputados alegaram que as contrapartidas eram �draconianas� e feriam �direitos trabalhistas�. Como o sr. v� esses argumentos?
O que fere os direitos da sociedade � a falta de responsabilidade de gestores p�blicos que deixam os problemas atingirem o n�vel de gravidade que vemos hoje. Existe um componente surpreendente nessa crise. H� anos, o problema da previd�ncia dos Estados � conhecido. H� anos, a gente sabe que muitos funcion�rios recebem acima do teto. H� anos era certo que as Previd�ncias dos Estados se tornariam insustent�veis. H� anos est�o empurrando a solu��o, n�o fazem as reformas e as mudan�as estruturais necess�rias. Em 2013 j� tinham aumentado endividamento, com aval da Uni�o, que � correspons�vel por toda essa crise que estamos vendo. Infelizmente, quem vai pagar a conta � a sociedade. Ela vai ter de carregar, sustentar, Estados incapazes de lhe oferecer os servi�os b�sicos necess�rios.
A expectativa agora � o presidente Michel Temer vete...
Da pol�tica, eu n�o sei. Sei � que o diagn�stico est� errado desde o in�cio. O problema dos Estados n�o s�o as d�vidas. S�o as despesas crescentes, principalmente com a folha de pagamento e a Previd�ncia. Esses problemas n�o ser�o resolvidos sem medidas duras, sem reformas profundas. Mas ao inv�s de quimioterapia, querem dar anestesia para esse doente cr�nico. Assim n�o tem cura. Vai ficar pior.