S�o Paulo, 25 - Em entrevista ao Estado, o presidente nacional do PT, Rui Falc�o, defendeu a abertura de um processo interno para tratar das den�ncias de corrup��o contra petistas importantes como os ex-ministros Jos� Dirceu e Antonio Palocci, que cumprem pris�o preventiva em Curitiba. � a primeira vez que o dirigente m�ximo petista defende a apura��o de atos il�citos de filiados graduados desde a eclos�o da Opera��o Lava Jato, em mar�o de 2014. "(O PT vai discutir internamente as acusa��es) Como j� fez em v�rios casos, alguns deles inclusive resultando em expuls�o", disse Falc�o, que deixa o comando da sigla no primeiro semestre do ano que vem.
De que forma o PT vai fazer oposi��o a Temer em 2017?
Eles deram o golpe com duas promessas para a popula��o: acabar com a corrup��o que eles atribu�am ao PT e recuperar a economia no curto prazo. N�o fizeram nem uma coisa nem outra. Ent�o � preciso dar um fim neste programa recessivo com a substitui��o do governo. � por isso que n�s temos dito, e isso tem tido eco na sociedade, que � preciso antecipar as elei��es.
Desde 2014 muita gente j� alertava para o risco de crise, mas o PT manteve modelo e reelegeu Dilma com discurso de que estava tudo bem. O PT mentiu ou foi incompetente?
Eles dizem que o problema do Pa�s foi a gastan�a. Na verdade os problemas foram a "desoneran�a" e a queda da arrecada��o. Tenho n�meros oficiais que mostram como os gastos gerais evolu�ram nos governos FHC, Lula e Dilma. No segundo mandato de FHC foram 3,9% do PIB, no primeiro de Lula 5,2% e no primeiro de Dilma 3,8%. Nos gastos com pessoal o primeiro governo de Dilma teve uma redu��o de 0,3% enquanto nos Estados aumentou 5,5% ao ano. O equ�voco do segundo governo Dilma foi iniciar o mandato vendo a crise e apontando para um diagn�stico incorreto a meu ver de solu��o, querendo dialogar com o mercado que j� estava embarcando em outra canoa.
Explique melhor a proposta do PT de um processo Constituinte.
Nos momentos de grave crise costuma existir um pacto das for�as pol�ticas para convocar uma Assembleia Constituinte. N�o acho que existem condi��es hoje para isso, mas h� clima, sim, para dentro da convoca��o de elei��es, construir um processo que possa levar � uma Constituinte.
Por qu�? A Constitui��o de 1988 n�o � suficiente?
A Constitui��o j� recebeu mais de 30 ou 40 emendas. E al�m disso est� sendo destru�da sem uma Constituinte. Est� sendo destru�da na pr�tica como � o caso da PEC 55. Voc� se vale da correla��o de for�as atual em um governo ileg�timo para desmontar o que foi constru�do durante d�cadas.
O tipo de rela��o que Lula manteve com empreiteiras incomoda o partido?
N�o. A rela��o que ele teve com as empreiteiras � p�blica. Ele ajudou de forma leg�tima para que estas pudessem ter contratos no exterior gerando empregos e divisas para o Brasil. Fez palestras para essas empresas, todas declaradas e comprovadas.
O senhor e o PT t�m dito que n�o existe plano B para a Presid�ncia da Rep�blica, o nome � Lula. Mas Lula corre o risco de ficar ineleg�vel. O que o PT vai fazer neste caso?
A melhor maneira de tentar barrar essa interdi��o � colocar publicamente para a popula��o a pr�-candidatura do Lula com um programa de reconstru��o da economia nacional. Porque assim ficar� muito claro para a popula��o qual o objetivo dessa persegui��o. A� n�o ser� mais um eventual pretendente. Ser� a interdi��o de algu�m que se coloca publicamente como candidato.
Ao longo dos governos Lula e Dilma o PT abriu m�o de bandeiras hist�ricas em nome da governabilidade.
Isso � uma coisa que n�s devemos mudar. N�o � poss�vel mais aceitar rebaixar o programa, um programa hist�rico, avan�ado, para eventualmente conquistar votos. O PT tem que se aplicar mais na disputa de ideias na sociedade.
O PT se acomodou no poder?
Em v�rios momentos nos adaptamos ao sistema como quando, por exemplo, sempre termos combatido o financiamento empresarial, nos beneficiamos dele.
Voc�s v�o insistir para que Lula seja presidente do PT?
Sim. Ele est� sendo parcialmente convencido. Por exemplo, uma das alternativas que ele havia sondado para dirigir o partido era o Luiz Marinho, que j� se posicionou que quer ser candidato a presidente do PT de S�o Paulo.
Muita gente no PT defende que o partido fa�a uma autocr�tica p�blica em rela��o aos erros cometidos nos �ltimos anos.
Precisa ver o que necessariamente � autocr�tica e para quem voc� faz. O reconhecimento de que h� v�rias pr�ticas equivocadas no interior do PT a gente tem que corrigir internamente. O congresso � o momento para dosar e medir que tipo de balan�o voc� faz.
O PT vai punir casos individuais de corrup��o?
N�s vamos avali�-los a nosso pr�prio ju�zo dado o processo de parcialidade que tem na Justi�a brasileira hoje.
Como?
Primeiro, em rela��o a quem est� preso, n�s n�o queremos agravar a situa��o de ningu�m instituindo um tribunal para julg�-los agora. Segundo, temos mecanismos internos, comiss�o de �tica, uma corregedoria, para avaliar comportamentos de filiados dentro das nossas regras com direito de defesa, contradit�rio, no devido processo legal do PT. N�s n�o aceitamos, na conjuntura atual como foi o mensal�o e Lava Jato, um processo de julgamento enviesado e viciado.
Jos� Dirceu e Palocci, por exemplo, devem ser submetidos aos mecanismos internos do PT?
Vamos dar o direito de defesa a todos companheiros que s�o acusados sem provas, atrav�s de dela��es, de terem comportamento incorreto. N�o s� a Z� Dirceu e Palocci.
Como?
Ouvindo, permitindo que eles s
e manifestem, porque na condi��o que eles est�o hoje n�o t�m como fazer isso.
Mas o partido vai ouvir s� a defesa ou eles ser�o avaliados de uma forma cr�tica?
Sim. Eles ter�o oportunidade de se manifestar e n�s vamos ouvi-los como em todas as averigua��es internas que se faz.
Em qual inst�ncia? Comiss�o de �tica?
Ou na Comiss�o de �tica ou mecanismos que o Congresso do partido venha propor. Tenho visto v�rias propostas em andamento de que fa�am uma ampla audi�ncia. Tem proposta inclusive de submeter isso depois a entidades internacionais para mostrar a amplitude dos nossos processos.
Ent�o o PT vai discutir estes casos?
Sim, como j� fez em v�rios casos, alguns deles inclusive resultando em expuls�o.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.