Chefe do Minist�rio P�blico Federal desde o in�cio da Opera��o Lava-Jato, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, avalia a possibilidade de disputar um novo mandato de dois anos � frente da institui��o. Janot j� foi reconduzido ao cargo, em 2015, para a gest�o que se encerra em setembro.
A disputa por um terceiro mandato seria in�dita no grupo dos chamados "tuiui�s" - procuradores da Rep�blica que lutaram para que a categoria fosse ouvida na escolha do chefe da institui��o e fizeram oposi��o ao ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro, nomeado por quatro vezes pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Janot � considerado o "�ltimo dos tuiui�s". O grupo chegou ao posto mais alto do Minist�rio P�blico com a escolha e indica��o de Cl�udio Fonteles em 2003. Desde ent�o, os presidentes da Rep�blica mantiveram a tradi��o de nomear o mais votado pela categoria.
Em um acordo impl�cito, procuradores-gerais tentavam formar seus "sucessores naturais" para o cargo. Agora, a avalia��o de procuradores da Rep�blica ligados � Lava Jato � de que h� poucas op��es para dar continuidade ao trabalho do atual chefe do Minist�rio P�blico Federal. Na Procuradoria-Geral da Rep�blica, a avalia��o � de que Janot tem for�a para ficar mais uma vez em primeiro lugar na lista tr�plice.
Defensores da perman�ncia do atual procurador-geral no cargo justificam que um terceiro mandato deve existir em casos excepcionais, para manter o ritmo de uma investiga��o. O fundamento � de que o �pice do trabalho da Procuradoria-Geral da Rep�blica na Lava Jato foi alcan�ado agora, com a dela��o de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, sobre a qual o grupo de Janot tem se debru�ado.
Den�ncias
Se Janot permanecer por mais dois anos, ter� a chance de concluir as den�ncias contra pol�ticos citados por delatores da empreiteira.
Ap�s a homologa��o das dela��es pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da Rep�blica deve pedir a abertura de inqu�ritos contra nomes suspeitos. S� depois da fase inicial de investiga��o, o procurador-geral oferece poss�veis den�ncias.
No mensal�o, a fase de investiga��o e den�ncia ficou a cargo do ex-procurador-geral da Rep�blica Ant�nio Fernando de Souza. Seu sucessor, Roberto Gurgel, assumiu a fase do julgamento e Janot entrou na an�lise de recursos e execu��o de penas.
Em conversa com jornalistas em novembro, Janot foi questionado sobre a sucess�o. Em tom bem-humorado, indicou que era cedo para deixar o cargo. Interlocutores do atual procurador-geral dizem que ele n�o externou sua decis�o final e consideram o debate precipitado.
As candidaturas dever�o ser apresentadas a partir de abril. De acordo com o presidente da Associa��o Nacional dos Procuradores da Rep�blica (ANPR), Jos� Robalinho, n�o h� impedimento legal para uma nova recondu��o de Janot.
Outros nomes
A ANPR organiza a vota��o para formar a lista tr�plice e encaminha o resultado � Presid�ncia da Rep�blica. Segundo Robalinho, o presidente Michel Temer sempre teve um bom di�logo com o Minist�rio P�blico e se comprometeu a escolher um dos nomes eleitos pela categoria. "As for�as pol�ticas, em geral, apoiam de maneira s�lida a lista tr�plice", disse Robalinho.
Devem fazer parte da disputa nomes conhecidos na carreira: Nicolao Dino, Ela Wiecko, Mario Bonsaglia, Raquel Dodge, Carlos Frederico e Sandra Cureau.
Dino � vice-procurador-geral eleitoral de Janot e tido como o nome que teria o apoio do atual procurador-geral. O problema em sua indica��o � pol�tico, j� que o procurador � irm�o de Fl�vio Dino (PC do B), governador do Maranh�o e opositor do PMDB. Peemedebistas no Senado j� deram sinais de que o nome de Dino para o cargo de procurador-geral da Rep�blica, respons�vel por conduzir a investiga��o contra parte da bancada do partido no �mbito da Lava Jato, enfrentaria resist�ncia.
Outra op��o do grupo de Janot seria o seu atual vice, Jos� Bonif�cio de Andrada. Mas procuradores ouvidos avaliam que ele s� disputaria com o aval de Janot. Bonif�cio teve cargo em Minas Gerais durante o governo do senador A�cio Neves (PSDB) e foi advogado-geral da Uni�o no governo FHC.
Ela Wiecko foi vice-procuradora-geral de Janot e � bem cotada internamente. A avalia��o � de que Ela re�ne votos de um grupo descontente com o Minist�rio P�blico atual, considerado de perfil punitivista. Quando era vice de Janot, Ela participou de ato, em Portugal, contra o governo Temer - o que � visto como entrave � sua indica��o.
O procurador Mario Bonsaglia tamb�m � considerado um candidato forte, por�m sem traquejo pol�tico para o cargo.