S�o Paulo, 13 - A Pol�cia Federal reuniu em relat�rio mensagens trocadas entre Geddel Vieira Lima, ex-ministro do Governo Temer, e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da C�mara. Geddel � alvo da Opera��o Cui Bono? (a quem interessa) deflagrada nesta sexta-feira, 13.
A Pol�cia Federal investiga um esquema de fraudes na libera��o de cr�ditos junto � Caixa Econ�mica Federal que teria ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013. Geddel, ent�o vice-presidente de Pessoa Jur�dica da Caixa Econ�mica Federal, Marcos Roberto Vasconcelos, ent�o vice-presidente de Gest�o de Ativos, um servidor da CEF, empres�rios e dirigentes de empresas dos ramos de frigor�ficos, de concession�rias de administra��o de rodovias, de empreendimentos imobili�rios e de um operador do mercado financeiro teriam participado do esquema.
Uma das mensagens apreendidas pela PF � de 30 de julho de 2012. A conversa por SMS entre Geddel e Eduardo Cunha cita a empresa Marfrig. Na ocasi�o, o ent�o vice da Caixa disse ao ent�o deputado que o "voto sai hj".
"No outro dia, novamente Geddel envia informa��es sobre aprova��es de cr�dito da Marfrig a Eduardo Cunha. Ap�s informar que o voto foi favor�vel a duas opera��es da Marfrig, a primeira de R$ 300 milh�es, prazo de 48 meses (4 anos), e a segunda de R$ 50 milh�es com prazo de 12 meses, Geddel sinaliza que estava feito o que lhe cabia, "Opini�o de voto: favoravel.", e, a sequ�ncia, caberia a Cunha, "Ja foi, Agora e vc", que foi entendido como "J� foi, agora � com voc�"", destaca a PF no relat�rio.
Aliado muito pr�ximo do presidente Michel Temer, Geddel caiu da cadeira de ministro da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao esc�ndalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pression�-lo para que o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) autorizasse a constru��o de um residencial de alto padr�o em uma �rea nobre tombada em Salvador.
Calero pediu demiss�o da Cultura sob alega��o de que Geddel teria amea�ado levar o caso a Temer se n�o fosse atendido.
Marcos Roberto Vasconcelos foi indicado ao cargo pelo PT e exonerado no governo Michel Temer (PMDB). O executivo teve um im�vel vasculhado em Maring�, no Paran�.
Segundo nota da PF, sete medidas de busca e apreens�o foram determinadas pelo Juiz da 10� Vara da Justi�a Federal no Distrito Federal.
A investiga��o da Opera��o Cui Bono? � um desdobramento da Opera��o Catilin�rias, realizada em 15 de dezembro de 2015.
Naquela oportunidade os policiais federais encontraram um aparelho celular em desuso na resid�ncia do ent�o presidente da C�mara do Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Submetido a per�cia e mediante autoriza��o judicial de acesso aos dados do dispositivo, a Pol�cia Federal extraiu uma intensa troca de mensagens eletr�nicas entre o presidente da C�mara � �poca e o vice-presidente da Caixa Econ�mica Federal de Pessoa Jur�dica entre 2011 e 2013. As mensagens indicavam a poss�vel obten��o de vantagens indevidas pelos investigados em troca da libera��o para grandes empresas de cr�ditos junto � Caixa Econ�mica Federal, o que pode indicar a pr�tica dos crimes de corrup��o, forma��o de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Diante destes ind�cios os policiais passaram ent�o a investigar o caso, que tramitava no Supremo Tribunal Federal em raz�o de se tratar de investiga��o contra pessoas detentoras de prerrogativa de foro por fun��o. Por�m, em virtude dos afastamentos dos investigados dos cargos e fun��es p�blicas que exerciam, o Supremo Tribunal Federal decidiu declinar da compet�ncia e encaminhar o inqu�rito � Justi�a Federal do DF.
O nome da opera��o � uma refer�ncia a uma express�o latina que, traduzida, significa literalmente "a quem beneficia?" A frase, atribu�da ao c�nsul Romano L�cio C�ssio Ravila, � muito empregada por investigadores com o sentido de sugerir que a descoberta de um poss�vel interesse ou beneficiado por um delito pode servir para descobrir o respons�vel maior pelo crime.
Defesas
Nota da Caixa
Alvo da Pol�cia Federal, que fez buscas no edif�cio-sede da institui��o, em Bras�lia, a Caixa informou, em nota, que "presta irrestrita colabora��o com as investiga��es".
"Em rela��o � Opera��o da Pol�cia Federal realizada nesta sexta-feira (13 de janeiro) e no que diz respeito � Caixa, esclarecemos que o banco est� em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colabora��o com as investiga��es, procedimento que continuar� sendo adotado pela Caixa."
Nota de J&F
"Todas as rela��es da J&F e de suas empresas com a Caixa Econ�mica Federal e com bancos p�blicos em geral s�o feitas sempre de forma profissional e na mesma forma de concorr�ncia e tratamento com institui��es privadas - ou seja, rela��es comerciais transparentes, abertas e legais.A J&F tem o m�ximo interesse no esclarecimento de todos os fatos que por vezes colocam em d�vida a transpar�ncia e lisura de seus neg�cios. Pois, afinal, tais acusa��es provocam imensos danos �s nossas marcas e reputa��o."
Nota da JBS
"A JBS informa que n�o foi alvo da opera��o Cui Bono? realizada hoje pela Pol�cia Federal e n�o foi notificada sobre a decis�o judicial referente a essa opera��o. A empresa pauta suas rela��es na �tica e profissionalismo e tem convic��o da regularidade das suas pr�ticas. A Companhia ressalta ainda que sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades s�o realizadas dentro da legalidade."
Nota da Marfrig
"Diante das not�cias veiculadas hoje pela imprensa, a Marfrig informa que n�o foi alvo de qualquer medida da Pol�cia Federal, que a Caixa Econ�mica Federal ou qualquer um de seus fundos n�o s�o acionistas relevantes da Companhia e esclarece que as opera��es com tal institui��o financeira sempre foram feitas em condi��es de mercado, com custos equivalentes aos dos bancos privados, com garantias reais e sem qualquer tipo de privil�gio. Ainda informa que todas as opera��es contratadas durante o per�odo apurado nas investiga��es (2011-2013) foram devidamente liquidadas no prazo e condi��es, n�o restando em rela��o a estas quaisquer d�bitos em aberto."