
Fevereiro promete dar mais um f�lego � Opera��o Lava-Jato com o fim do recesso da Justi�a. A expectativa para o pr�ximo m�s � que o ministro Teori Zavascki, relator do processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), comece a homologar as dela��es premiadas dos executivos da maior construtora do pa�s, a Odebrecht. H� ind�cios tamb�m, nos bastidores de Bras�lia, de que o deputado cassado e ex-presidente afastado da C�mara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso desde outubro passado, dever� fechar acordo com o Minist�rio P�blico para delatar informa��es para esquentar ainda mais a opera��o, que completar� tr�s anos em mar�o.
As a��es ostensivas da Lava-Jato dobraram de tamanho em 2016. Se nos dois primeiros anos do caso foram 24 fases para cumprir mandados de pris�o, busca e condu��es coercitivas, o n�mero passou para 28 apenas no ano passado. Ou seja, das fases e desdobramentos da investiga��o, 54% ocorreram nesse per�odo, quando a investiga��o se tornou mais nacional. Em 2014 e 2015, as a��es se concentravam apenas no Paran�, com tr�s opera��es ordenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015, e uma �nica em Rond�nia — Cr�tons, que mergulhou no com�rcio ilegal de diamantes. Agora, mais cinco estados participaram das apura��es, com destaque para o Rio de Janeiro e Goi�s, que abriram novas frentes de apura��o e ainda conseguiram reunir provas para impulsionar casos anteriores, como desvios do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da Ferrovia Norte-Sul.
Para este ano, fontes ligadas ao caso avaliam que o alvo principalmente pode ser o PMDB. Dois seriam os motivos: o primeiro � que a dela��o da Odebrecht deve trazer � tona operadores que informar�o o caminho do dinheiro a pessoas ligadas � sigla, sobre as quais havia informa��es preliminares, mas n�o como eram feitos os repasses de propina. O segundo � que os documentos e informantes sobre o PT j� s�o abundantes e n�o necessitariam de novos dados, embora os executivos da Odebrecht, como Marcelo Bahia, possam confirmar o que se j� tinha em rela��o a figuras como o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e, quem sabe, trazer informa��es adicionais.
O petista responde a cinco a��es penais relacionadas ao caso e est� envolvido em mais duas opera��es policiais. Para investigadores ouvidos pela reportagem, j� haveria provas da posse oculta de im�veis por Lula. A dela��o da Odebrecht pode confirmar isso e ainda trazer elementos para lig�-lo a suposto esquema de desvios em estatais em troca de apoio pol�tico. Outras dela��es devem esquentar o ano. Um dos empreiteiros que est� em nova tentativa de fechar acordo � L�o Pinheiro, da OAS. O juiz S�rgio Moro autorizou que ele continuasse na Superintend�ncia da PF em Curitiba enquanto tenta outra negocia��o com os investigadores.
ESTATAIS Uma fonte ligada ao caso acredita que o trabalho de apura��o est� quase conclu�do em rela��o � Petrobras, foco inicial da Lava-Jato. As opera��es Abismo e V�cio detiveram personagens do segundo escal�o do esquema de desvio na estatal. A ideia � manter o foco no mercado naval, com aten��o aos empreendimentos ligados � explora��o do pr�-sal e � constru��o e navios-sonda.
As institui��es financeiras s�o outro alvo potencial da Lava-Jato. Para investigadores e delegados, muitos crimes poderiam ter sido evitados se elas tivessem adotado sistemas de controle mais rigorosos. O doleiro Alberto Youssef, que foi condenado no caso Banestado, n�o poderia movimentar determinada soma de dinheiro por dia sem que os bancos alertassem o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Da mesma forma, empresas que comercializam joias de alto valor n�o poderiam receber tanto dinheiro em esp�cie do ex-governador do Rio S�rgio Cabral sem avisar as autoridades, analisa uma fonte ouvida pelo Estado de Minas.
A dela��o da Odebrecht deve incrementar a pr�pria din�mica da Lava-Jato de se espalhar pelos estados. Se em 2016 a opera��o fincou mais ra�zes fora do Paran�, principalmente no Rio de Janeiro, a tend�ncia � que isso aumente. Bahia e S�o Paulo, palco de grandes obras estaduais, e cidades-sede de est�dios da Copa do Mundo devem fazer parte do calend�rio do roteiro da Lava-Jato: opera��o com buscas e pris�es, indiciamentos, den�ncia, in�cio de processo penal e senten�a.