Quase um ano ap�s os investigadores da Opera��o Lava-Jato identificarem servidores da Odebrecht na Su��a, parte das informa��es da empreiteira sobre pagamentos de propinas pelo mundo continua em segredo.
A resposta dos americanos, por�m, n�o foi nada animadora. Em comunicado ao procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, o FBI disse que, mesmo usando toda a sua tecnologia dispon�vel, precisaria de 103 anos para superar as sofisticadas camadas de prote��o dos servidores da Odebrecht.
A exist�ncia destes servidores na Su��a foi revelada no in�cio de 2016 por funcion�rios do Setor de Opera��es Estruturadas, o "departamento de propinas" da empreiteira. Eles afirmaram que, para consultar os documentos, o sistema exigia um c�digo secreto que era trocado diariamente, al�m do uso de uma chave no computador central. Os funcion�rios disseram que desconheciam esta chave.
Conex�o
Ap�s o pedido de ajuda dos investigadores brasileiros, o FBI indicou que estava disposto a colaborar e que poderia romper o c�digo se soubesse qual havia sido o �ltimo computador a fazer uma conex�o ao servidor. Uma vez mais, por�m, os funcion�rios da Odebrecht indicaram que n�o tinham esse controle e n�o saberiam dar uma resposta. Segundo eles, eram os altos executivos da empresa que davam as ordens para os pagamentos de propinas.
O FBI, ent�o, avisou a Janot que poderia iniciar um processo para tentar romper o c�digo. Mas, que, por suas previs�es, teria de fazer simula��es com diferentes combina��es de c�digos por 103 anos para que pudesse superar o sistema de prote��o criado pela Odebrecht.
Uma sa�da encontrada pela Procuradoria-Geral da Rep�blica foi buscar a coopera��o da Su��a, que classificou a opera��o da empresa brasileira como "altamente profissional". Berna, segundo os brasileiros, conseguiu acesso a cerca de um ter�o do material contido nos servidores. Em um documento revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no fim de dezembro, o Minist�rio P�blico su��o confirmou que os servidores t�m "uma enorme quantidade de dados" sobre pagamentos de propinas.
Neles, informa��es equivalentes a 2 milh�es de p�ginas de documentos poderiam ser retiradas, "incluindo e-mails, ordens de pagamentos, confer�ncias e contratos que serviriam para justificar pagamentos". "Al�m disso, milhares de listas foram confiscadas e pagamentos relatados por meio do sistema ilegal foram listados, com datas, o valor e o nome dos recipientes", informou o Minist�rio P�blico su��o.
Segundo Berna, um ex-executivo da Odebrecht, Fernando Miggliaccio, apagou parte dos rastros nos servidores. Ele fez isso em fevereiro de 2016, pouco antes de ser preso em Genebra tentando encerrar contas banc�rias e retirar pertences de cofres.