S�o Paulo, 26 - Enquanto o Estado do Rio enfrenta uma grave crise econ�mica, com parcelamento de sal�rios de seus funcion�rios, e pede ajuda do governo federal, o dinheiro da propina que ultrapassa US$ 100 milh�es arrecadada pelo grupo do ex-governador S�rgio Cabral (PMDB) era usado para pagar, at� uma semana atr�s, despesa com curso de cinema na New York Film Academy para o filho mais velho do ex-assessor e "homem da mala" do peemedebista Carlos Miranda. Os dois, S�rgio Cabral e Carlos Miranda, est�o presos em Bangu 8.
No pedido de pris�o do ex-governador e do empres�rio Eike Batista, no �mbito da Opera��o Efici�ncia, deflagrada nesta quinta-feira, 26, o Minist�rio P�blico Federal n�o detalha como Lucas, o filho de Miranda, pediu aos operadores para efetuarem o pagamento - j� que Carlos Miranda est� preso desde o dia 17 de novembro de 2016, quando foi deflagrada a Opera��o Calicute.
Os procuradores identificaram na quebra de sigilo dos e-mails do "homem da mala" uma mensagem do filho dele, em 6 de janeiro deste ano, encaminhando a cobran�a da mensalidade da escola americana.
Documentos entregues pelos operadores do mercado financeiro Renato Chebar e Marcelo Chebar - que fecharam dela��o premiada com a for�a-tarefa da Opera��o Efici�ncia, deflagrada nesta quinta-feira, 26 - revelam que Lucas Miranda e at� sua namorada Iasmine Bon tiveram pelo menos a mensalidade de janeiro deste ano do curso na renomada escola de cinema paga com dinheiro da conta Andrews Development, nas Bahamas.
Andrews � uma das nove contas usadas pelo grupo de S�rgio Cabral para movimentar propina. Ela era controlada por Renato Chebar, que resolveu colaborar com as investiga��es e detalhar como funcionava a movimenta��o financeira il�cita da organiza��o criminosa supostamente liderada por S�rgio Cabral.
Para a for�a-tarefa da Lava Jato no Rio, "documentos juntados pelos colaboradores, dando conta do pagamento de USD 14.045,00 (catorze mil e quarenta e cinco d�lares) para Lucas Miranda e USD 9.045,00 (nove mil e quarenta e cinco d�lares) para Iasmine Bon, falam por si s�".
Os procuradores chegam a identificar Lucas e Iasmine no Facebook, mas n�o atribuem nenhum crime ao casal.
Carlos Emanuel de Carvalho Miranda era uma das figuras mais pr�ximas de Cabral ligadas � organiza��o criminosa supostamente liderada pelo ex-governador. Ele era s�cio, ex-assessor de confian�a e quase da fam�lia - foi casado com uma prima de primeiro grau do peemedebista.
Ainda segundo o Minist�rio P�blico Federal, Miranda trabalha com S�rgio Cabral, formalmente, em cargos p�blicos de confian�a pelo menos desde 1988. Os dois foram s�cios em uma empresa de comunica��o durante o mandato do peemedebista como senador, de 2003 a 2006.
Apesar de n�o ter assumido cargos no governo do Estado durante a gest�o de S�rgio Cabral (2007/2014), Carlos Miranda era um dos operadores respons�veis por articular e cobrar a arrecada��o de propina no esquema de corrup��o montado pelo grupo do ent�o governador.
"A confian�a que S�rgio Cabral deposita em Carlos Miranda � tanta que ele delega at� mesmo a transmiss�o de sua declara��o de imposto de renda, como restou comprovado ap�s a quebra do sigilo fiscal de ambos", assinalaram os procuradores ao pedirem a pris�o do ex-assessor em novembro do ano passado.
Agora, com as novas revela��es dos delatores sobre as atividades do grupo criminoso, a for�a-tarefa no Rio pediu e o juiz Marcelo Bretas, da 7.� Vara Federal do Rio, decretou novamente a pris�o preventiva de Miranda, Cabral, Eike e outras seis pessoas.