Mesmo preso, o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acompanha as not�cias a seu respeito e relata sobre sua situa��o. Nesta quinta-feira, 9, o ex-deputado escreveu um bilhete - que autodenomina uma "nota" - de pr�prio punho na pris�o, no qual refor�a as cr�ticas �s condi��es de seguran�a e atendimento m�dico do pres�dio onde se encontra e rebate as informa��es divulgadas pelo Departamento Penitenci�rio (Depen) do Paran� sobre sua recusa em fazer exames m�dicos.
Na ter�a-feira, 7, em depoimento ao juiz S�rgio Moro, Cunha disse possuir um aneurisma cerebral. No dia seguinte, o diretor do Depen do Paran�, Luiz Alberto Cartaxo, afirmou que Cunha foi convocado para fazer exames m�dicos que serviriam para comprovar a doen�a, mas se recusou a passar pelos procedimentos. Pela recusa, Cunha recebeu um registro de infra��o leve em sua ficha criminal.
Cunha diz ter recebido um tratamento "desrespeitoso" por um m�dico ortopedista no departamento m�dico do pres�dio e relata que n�o recebeu nenhuma notifica��o por escrito sobre a necessidade de passar pelo procedimento. "(...) Se dizendo m�dico do ju�zo, mas sem me apresentar qualquer notifica��o por escrito, quis me constranger a realizar um exame de resson�ncia magn�tica com contraste na forma e local que ele entendesse, o que n�o concordei", escreveu o ex-deputado.
O peemedebista disse ter se colocado � disposi��o para fazer o exame, desde que sob determina��o da Justi�a e em local orientado pelo seu m�dico particular, onde seja atendido pelo plano de sa�de. "Por se tratar de um exame cerebral com contraste que possui risco, alertado at� pelo m�dico ortopedista, n�o vou me submeter ao risco, salvo orientado", escreveu Cunha.
Na noite de quarta, 8, a defesa do ex-deputado protocolou na Justi�a do Paran� exames de imagem feitos em 2015 e 2016, al�m de laudos de dois m�dicos sobre o aneurisma. Em um dos casos, h� indica��o de reavalia��es m�dicas semestrais sobre a situa��o de sa�de do ex-deputado. Os exames foram feitos no Hospital S�rio-Liban�s e no Americas Medical City. De acordo com Cunha, um novo exame "s� poder� constatar a mesma situa��o ou mais grave, jamais o sumi�o natural de um aneurisma cerebral".
Nessa quarta, Cartaxo afirmou que Cunha relatou o problema de sa�de no dia 21 de dezembro, quando deu entrada no Complexo-M�dico Penal. Segundo o diretor do Depen, na ocasi�o os m�dicos solicitaram que Cunha encaminhasse os exames m�dicos ao Estado, o que n�o havia sido feito. Ele nega a solicita��o e, em trecho sublinhado no manuscrito, diz que "jamais" recebeu solicita��o de c�pia dos exames.
A Moro, Cunha comparou seu aneurisma ao "mal que acometeu a ex-primeira-dama Marisa Let�cia" e disse que no pres�dio "s�o v�rias as noites em que os presos lutam sem sucesso por tratamento m�dico e n�o s�o ouvidos". Na carta, Cunha reitera as cr�ticas: "reafirmo que o pres�dio n�o possui nem condi��es de seguran�a, bem como de atendimento � emerg�ncia m�dica". Ele diz ainda que "o protocolo prev�" requisi��o de escolta da Pol�cia Federal em casos de urg�ncia m�dica para encaminhamento a hospital "cujo tempo e disponibilidade s�o incertos".
"Reitero que a garantia da minha seguran�a, assim como da minha garantia de atendimento m�dico de emerg�ncia � de responsabilidade do ju�zo da 13ª Vara Federal e do Depen do Paran�", completa.
O manuscrito foi feito em uma folha de caderno, utilizada na frente e no verso, e foi assinado por Cunha.
Nessa quarta, o diretor do Depen do Paran� rebateu as cr�ticas de Cunha sobre a seguran�a do pres�dio e disse que a enfermidade n�o impedia que o ex-deputado permanecesse sob cust�dia do Estado. "A afirmativa que ele fez de que o CMP (Complexo M�dico Penal) n�o oferece condi��es de cust�dia para ele eu contesto veementemente", disse o diretor, na quarta-feira.
Preso desde outubro, Cunha tem pendentes de an�lise um habeas corpus que tramita no Superior Tribunal de Justi�a (STJ), uma reclama��o no Supremo Tribunal Federal (STF) e um pedido de liberdade protocolado a Moro.