
O ministro Edson Fachin, novo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou nesta quinta-feira a abertura de inqu�rito contra o ex-presidente Jos� Sarney, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Juc� (PMDB-RR) e o ex-diretor da Transpetro S�rgio Machado, para a apura��o de supostas manobras para atrapalhar as investiga��es da Lava-Jato.
Considerando apenas processos relacionados � Lava-Jato, este � o nono inqu�rito contra Calheiros, o terceiro contra Juc� e o segundo contra S�rgio Machado. Quanto ao ex-presidente Sarney, � o primeiro inqu�rito no �mbito da opera��o. Este foi tamb�m o primeiro inqu�rito autorizado por Edson Fachin como relator da Lava-Jato - um sorteio na semana passada lhe destinou a heran�a dos processos que estavam sob a supervis�o do ministro Teori Zavascki, morto em um acidente a�reo em janeiro.
O pedido de abertura de inqu�rito foi feito pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) em uma peti��o de 53 p�ginas na segunda-feira (6), com base na dela��o de Machado, do ano passado, sob a suspeita de um poss�vel crime de embara�o �s investiga��es.
"Note-se a gravidade da trama engendrada pelos integrantes da organiza��o criminosa: as conversas gravadas desvelam esquema em curso voltado n�o apenas para 'estancar' a Lava-Jato, mas tamb�m para 'cortar as asas' do Minist�rio P�blico e do Poder Judici�rio, que significa interferir no livre funcionamento e nos poderes desses �rg�os", disse o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, na manifesta��o, encaminhada ao STF no mesmo dia em que o presidente Michel Temer indicou Alexandre de Moraes para o cargo de ministro do STF no lugar de Teori Zavascki.
Ao autorizar a abertura de inqu�rito, o ministro Edson Fachin tamb�m determinou a realiza��o de dilig�ncias pedidas pela PGR. Entre elas, a autoriza��o para ouvir diretamente os investigados.
A PGR solicitou tamb�m que o STF forne�a "todos os registros de acesso �s depend�ncias do Tribunal em nome de Eduardo Ant�nio Lucho Ferr�o, no ano de 2016, com todas as informa��es e arquivos relacionados". Ferr�o � advogado e amigo de Teori Zavascki.
Segundo Janot, na descri��o dos fatos ocorridos, "Renan Calheiros e Jos� Sarney prometem a Sergio Machado que v�o acionar o advogado Eduardo Ferr�o e o ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justi�a) Cesar Asfor Rocha para influenciar na decis�o de Vossa Excel�ncia sobre poss�vel desmembramento do inqu�rito de S�rgio Machado".
O procurador-geral da Rep�blica pediu, ainda, a "obten��o junto a empresas de transporte a�reo de passageiros, devendo o m�todo de execu��o ser previamente ajustado com o Minist�rio P�blico Federal, que poder� participar da dilig�ncia ou a praticar diretamente, de todos os registros dos registros de passagens emitidas e utilizadas por Jose Sergio de Oliveira Machado, no per�odo de dezembro de 2015 at� 20.05.2016, com todas as informa��es e arquivos relacionados".
Ainda no pedido de abertura de inqu�rito, Janot citou "solu��o Michel". O procurador usou a express�o para se referir a um "acord�o" que teria o objetivo de barrar a opera��o com a chegada de Michel Temer � Presid�ncia. Segundo Janot, o "plano" elaborado pelo que chamou de "quadrilha" foi colocado em pr�tica logo ap�s Temer assumir interinamente a Presid�ncia, em maio do ano passado.
Em nota � imprensa, o senador Renan Calheiros "reafirma que n�o fez nenhum ato para dificultar ou embara�ar qualquer investiga��o, j� que � um defensor da independ�ncia entre os poderes". "O inqu�rito comprovar� os argumentos do senador e, sem d�vida, ser� arquivado por absoluta inconsist�ncia", diz a defesa do peemedebista.
A defesa de Juc�, em nota, tamb�m afirmou que o senador "nega que tenha tentado obstruir qualquer opera��o do Minist�rio P�blico e diz que a investiga��o e a quebra de sigilo do processo ir�o mostrar a verdade dos fatos".
Procurada, a defesa de S�rgio Machado n�o havia respondido at� a publica��o desta reportagem. O advogado de Sarney, Ant�nio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, n�o foi localizado. No entanto, quando a PGR pediu a abertura de inqu�rito, o advogado disse que nas grava��es "n�o tem nenhum sinal de qualquer tentativa de obstru��o". (Breno Pires e Rafael Moraes Moura)