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Estado de Minas

Passado o carnaval, Temer enfrentar� um m�s de crise e tormenta

O governo ter� de lidar com grandes desafios: a press�o contra aliados citados na Lava-Jato, as manifesta��es nas ruas e as reformas no Congresso


postado em 01/03/2017 06:00 / atualizado em 01/03/2017 07:48

A pressão sobre o presidente aumentará com as denúncias da Lava-Jato(foto: Beto Barata )
A press�o sobre o presidente aumentar� com as den�ncias da Lava-Jato (foto: Beto Barata )

Encerrada a pausa do carnaval, que trouxe problemas de seguran�a na Sapuca�, mas que deu uma tr�gua na crise do governo, o presidente Michel Temer inicia mar�o com uma agenda carregada de problemas para resolver. Os 31 dias que come�am a partir desta quarta-feira ser�o turbulentos e muitos apostam que, se superar o que est� por vir nas pr�ximas semanas, o governo poder� ter uma sequ�ncia menos tumultuada de mandato. “Temer viver�, agora, o seu agosto (o tradicional m�s de azar da classe pol�tica)”, resumiu o diretor de documenta��o do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz.


� agenda j� pesada se soma mais uma crise que n�o estava prevista no roteiro. A licen�a m�dica do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para uma cirurgia benigna na pr�stata, deixa a d�vida se ele, de fato, voltar� ao cargo. Padilha foi citado pelo ex-assessor especial da Presid�ncia Jos� Yunes, amigo pessoal do presidente Temer, como destinat�rio de um envelope lacrado enviado pelo doleiro L�cio Bolonha Funaro, operador do ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha. Ambos est�o presos em Curitiba.

Yunes n�o soube dizer, no depoimento prestado ao Minist�rio P�blico Federal, se o envelope continha dinheiro. Padilha tamb�m aparece na dela��o premiada do ex-diretor de rela��es institucionais da Odebrecht Cl�udio Mello Filho. O executivo da construtora, a pedido do presidente Temer, teria intermediado a doa��o de R$ 10 milh�es da empresa para campanhas do PMDB, incluindo a de Paulo Skaff, candidato do partido ao governo de S�o Paulo.

A Lava-Jato, inclusive, est� no topo dos pesadelos do governo neste in�cio de m�s. O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, deve levantar o sigilo integral – ou de apenas uma parte, n�o est� definido ainda – das 76 dela��es de ex-diretores e ex-executivos da Odebrecht. A classe pol�tica est� em chamas e trabalha para que todos os nomes sejam expostos de uma vez s�. Apostam que, com isso, ficaria mais f�cil se proteger no emaranhado de cita��es, den�ncias e acusa��es espalhadas nas dela��es.

Protestos


As estrat�gias recentes do meio pol�tico para tentar estancar a sangria da Lava-Jato poder�o ressuscitar a press�o nas ruas. Os grupos Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua, que em 2015 e 2016 levaram milhares de pessoas �s ruas para pressionar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, convocaram novas manifesta��es para o dia 26. A pauta principal dos protestos � a preserva��o da Opera��o Lava-Jato, mas os organizadores tamb�m v�o defender o fim do foro privilegiado, do Estatuto do Desarmamento e a defesa das reformas trabalhista e da Previd�ncia.

Se os defensores do impeachment lotar�o as ruas no fim do m�s a favor das reformas, os movimentos sociais e os sindicatos – incluindo a For�a Sindical, comandada pelo deputado Paulo Pereira da Silva – v�o enfileirar seus associados contra o que consideram perda de direitos dos trabalhadores. Por essa batalha, CUT e For�a toparam marchar juntas. “Estamos unidos na defesa desse assalto �s conquistas da classe trabalhadora”, explicou o diretor de finan�as da CUT, Quintino Severo. “Nossa pauta tratar� exclusivamente das reformas. N�o vamos envolver as nossas diverg�ncias pol�ticas”, prometeu Paulinho da For�a.

Para o analista de riscos da XP Investimentos Richard Back, sobreviver �s tormentas deste m�s n�o exclui, se necess�rio, deixar aliados pelo caminho. “Vamos nos lembrar do desembarque na Normandia, o Dia D, que definiu a Segunda Guerra Mundial. Os aliados conseguiram vencer a Alemanha nazista, mas muitos morreram nos confrontos. Se o governo quiser chegar vivo do outro lado, precisar� furar essas resist�ncias”, alertou Richard.

J� o professor de ci�ncia pol�tica Carlos Mello ainda acrescenta outros transtornos. “N�o pense que ser� f�cil, por exemplo, aprovar o pacote de ajuda fiscal aos estados endividados. Os deputados v�o for�ar a m�o para evitar as contrapartidas duras”, lembrou Mello. “Principalmente no quesito privatiza��es”, completou. E, quanto mais o tempo passar, mais dif�ceis as coisas ficar�o para o governo. “Embora mar�o seja um m�s que se vislumbra perigoso, o governo precisar� correr para acelerar as reformas. Quanto mais perto este debate estiver das elei��es, menores as chances de as mudan�as na Previd�ncia, por exemplo, serem aprovadas”, destacou.

Um interlocutor palaciano admite que o governo n�o tem vivido dias f�ceis. E que o horizonte n�o parece nada animador do ponto de vista da tranquilidade. “Desde que entramos aqui, jamais tivemos um dia que possamos classificar como tranquilo. Mas temos a no��o do que precisa ser feito no campo econ�mico e dos caminhos a seguir para implantar as reformas necess�rias. Contamos com nossos aliados no Congresso, que, at� o momento, n�o nos decepcionaram”, assegurou um assessor do presidente Temer.

Mar�o com cara de agosto

 

O m�s de terror da classe pol�tica brasileira, tradicionalmente, � agosto. Foi nele que Get�lio Vargas se suicidou, em 1954; que o carro levando o ex-presidente Juscelino Kubitschek se desgovernou, em 1976, matando o fundador de Bras�lia; e quando o avi�o levando o ent�o candidato do PSB ao Planalto Eduardo Campos explodiu em Santos, em 2014. Ou quando J�nio Quadros, sonhando voltar nos bra�os do povo, renunciou � Presid�ncia e abriu caminho, em 1961, para o golpe militar de 1964. E, no ano passado, em 31 de agosto, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff acabou consumado no Senado.

Ao que tudo indica, o mar�o de Temer est� distante de ter os contornos tr�gicos dos agostos citados anteriormente. O que n�o significa que ser� f�cil. A Lava-Jato frita os ministros mais pr�ximos, com as chamas lambendo diretamente o Pal�cio do Planalto. O pr�prio Temer est� citado, mas analistas pol�ticos consideram dif�cil que ele venha a perder o mandato, tanto pelas m�os do Congresso quanto pela via do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No campo das reformas, caminho escolhido por Temer, h� excesso de nuvens. Presidentes com mais popularidade, como Lula e Fernando Henrique, n�o conseguiram fazer hist�ria nessa seara. H� d�vidas se o peemedebista ter� capacidade para isso ou terminar� os dias de gest�o se arrastando como diversos personagens que povoam s�ries populares entre os brasileiros.


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