Novo delator da empreiteira Schahin na Opera��o Lava-Jato, o engenheiro Edison Coutinho declarou � Procuradoria da Rep�blica que Paulo Remy Gillet Neto, s�cio da WTorre, pediu R$ 18 milh�es para deixar a concorr�ncia das obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Am�rico Miguez de Mello (Cenpes), no Rio.
O acordo de dela��o premiada de Edison Coutinho foi homologado em 8 de fevereiro. Pelo contrato, o engenheiro dever� pagar multa de R$ 500 mil "a ser adimplida em 4 parcelas de, no m�nimo, R$ 125 mil, vencendo a primeira em 30 dias da homologa��o do presente acordo e as demais subsequentemente".
Em depoimento, Coutinho contou que foi contratado pela Schahin em 2005. Uma de suas atribui��es, declarou, era fazer o cadastro da empresa junto � Petrobr�s, para que a Schahin participasse dos procedimentos licitat�rios espec�ficos da estatal.
� Lava Jato, o engenheiro relatou que participava de reuni�es "inicialmente no centro do Rio de Janeiro", na sede de um sindicato pr�ximo � Avenida Gra�a Aranha, e depois nos escrit�rios da OAS na capital fluminense e em S�o Paulo.
"O objetivo dessas reuni�es era especificamente a organiza��o do mercado para a divis�o das seguintes obras de edifica��es na constru��o civil da Petrobr�s: Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Am�rico Miguez de Mello (Cenpes), Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD) e sedes em Vit�ria/ES e Santos/SP."
Segundo Coutinho, participavam desses encontros representantes de outras empreiteiras. "Em uma das reuni�es, pelo que se recorda na sede da OAS no Rio de Janeiro, o colaborador lembra de ter sido expressamente afirmado por Agenor Franklin Magalh�es Medeiros (OAS) que a proposta que apresentariam seria a vencedora; que, no entanto, quando da abertura das propostas comerciais para a obra do Cenpes, o cons�rcio foi surpreendido com uma proposta apresentada pela empresa WTorre cerca de R$ 40 milh�es inferiores �quela apresentada pelo Cons�rcio Novo Cenpes", relatou Coutinho.
O delator afirmou que inicialmente o cons�rcio deu "a obra por perdida". No entanto, em outra reuni�o alguns dias depois, "houve um consenso de que dificilmente a WTorre teria condi��es de cumprir o contrato e discutia-se de que forma o Cons�rcio poderia reverter o resultado da concorr�ncia".
Coutinho relatou que, ap�s a reuni�o, foi conversar com o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC. "Ricardo Pessoa recebeu o colaborador em sua sala e durante a reuni�o, foi dito por ele que: 'a Casa te indicou para falar com o Walter Torre, apesar de a OAS ser a empresa l�der do cons�rcio. Esse assunto do Cenpes est� incomodando internamente a Petrobr�s. Eu tenho uma solu��o para resolver esse assunto, e eu acho que, para resolver, voc� tem que conversar com o Carlos Eduardo Veiga, o Dadado, representante do Walter Torre junto � Petrobr�s."
De acordo com o engenheiro, houve "um consenso" entre os membros do cons�rcio "que a �nica forma de afastar a WTorre da concorr�ncia seria realizando um ajuste de pagamento indevido a ela". O valor acordado pelo cons�rcio foi de R$ 20 milh�es e coube a Edison Coutinho "a tarefa de ajustar com o representante da WTorre um pagamento de vantagem indevida para que sua empresa desistisse do certame, de modo que o Cons�rcio Novo Cenpes se sagrasse vencedor".
O delator narrou como se deu a reuni�o do ajuste da suposta propina. "Chegando ao escrit�rio da WTorre, Carlos Eduardo Veiga, o 'Dadado', pediu que o colaborador aguardasse um pouco, pois iria se reunir com pessoa de nome Paulo Remy Gillet Neto, a quem o colaborador at� ent�o n�o conhecia; que cerca de 30 minutos depois, o colaborador foi chamado a uma sala em que estavam Carlos Eduardo Veiga, o 'Dadado', e Paulo Remy Gillet Neto", declarou.
"Nessa reuni�o, Paulo Remy Gillet Neto disse ao colaborador que era s�cio da WTorre e que a empresa poderia informar � Petrobr�s que n�o teria condi��es de realizar a obra, desde que, em contrapartida, o cons�rcio pagasse R$ 18 milh�es."
Coutinho declarou que a oferta inicial foi de R$ 8 milh�es, mas "ao longo de mais de 4 horas de reuni�o" chegou a R$ 16 milh�es.
"Como Paulo Remy Gillet Neto insistia no valor de R$ 18 milh�es, o colaborador disse que o cons�rcio aceitaria, desde que a WTorre, em contrapartida, desistisse tamb�m de concorrer no certame do CIPD, apresentando uma proposta de cobertura, o que de fato se concretizou posteriormente". "Agenor Franklin Magalh�es Medeiros, como l�der do cons�rcio, encarregou-se das provid�ncias do quanto havia sido acordado."
Defesa
Por meio de sua assessoria, Remy Neto informou que n�o iria comentar o caso por se tratar de uma situa��o da empresa. "A WTorre esclarece que n�o teve participa��o na obra de expans�o do Centro de Pesquisas da Petrobras; que n�o recebeu ou pagou a agente p�blico ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra p�blica".
"O fundador da companhia, Walter Torre J�nior, j� prestou depoimento e os devidos esclarecimentos sobre o suposto recebimento de valores para abandonar a licita��o de expans�o do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras e nega, veementemente, que ele, a companhia ou algum de seus colaboradores tenha se beneficiado de pagamento indevido referente a esta ou qualquer outra obra. Cabe esclarecer tamb�m que e que Carlos Eduardo Veiga nunca teve mandato para representar a companhia ou falar em nome de Walter Torre Jr.", diz a nota.