
Bras�lia – Em v�deo divulgado em suas redes sociais na noite de ontem, o senador A�cio Neves (PSDB), presidente do PSDB, rebateu as acusa��es de que teria pedido � empreiteira Odebrecht recursos para a campanha de candidatos tucanos via caixa 2. “Quero me ater a dois fatos que podem at� ser pedag�gicos em rela��o ao futuro. O primeiro diz respeito ao depoimento do sr. Marcelo Odebrecht junto ao TSE, em que ele afirma de forma categ�rica que os recursos transferidos � campanha do PSDB, em 2014, quando eu era candidato � presid�ncia da Rep�blica foram feitos oficialmente, via caixa 1”, afirmou A�cio.
Em seguida, o senador citou outro depoimento de executivo da empreiteira e afirma que sempre pediu apoio de forma l�cita. “O executivo chamado Benedicto J�nior afirma que recebeu da minha parte, como dirigente partid�rio e candidato, a solicita��o para apoio a tr�s ou quatro candidatos que disputavam a elei��o. Eu, como dirigente partid�rio, tinha o dever de ajudar dezenas, centenas de candidatos. Sempre da forma correta, legal e l�cita. Em nenhum momento o sr. Benedicto afirma que solicitei recurso via caixa 2 ou outro meio”, concluiu A�cio.
Em nota divulgada tamb�m ontem, o PSDB nega ter recebido doa��es da Odebrecht via caixa 2. O partido atesta que o depoimento em dela��o premiada do ex-executivo da empreiteira Benedicto J�nior, conhecido como BJ, prestado na quinta-feira, em processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi divulgado de forma distorcida. “Em face de vers�es enganosas divulgadas sobre o conte�do do depoimento de Benedicto J�nior, prestado ontem, em processo do TSE, � necess�rio esclarecer que em nenhum momento o depoente relatou ter recebido pedido do presidente nacional do PSDB, senador A�cio Neves, para fazer doa��o via caixa 2”, informou o partido.
Em depoimento ao TSE, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto J�nior, o BJ, disse que a empreiteira baiana doou R$ 9 milh�es em caixa 2 para campanhas eleitorais a pedido do senador A�cio Neves (PSDB), em 2014, quando ele concorreu � Presid�ncia da Rep�blica. As informa��es s�o do jornal Folha de S.Paulo.
“� lament�vel que o pretenso vazamento de conte�dos sigilosos se transforme em uma tentativa de adulterar as declara��es efetivamente prestadas em ju�zo pelo depoente. Ressalte-se, ainda, que, como j� divulgado, em seu depoimento, prestado na v�spera, o empres�rio Marcelo Odebrecht n�o mencionou uma �nica doa��o da empresa em favor da campanha presidencial de A�cio Neves que tenha sido originada de caixa 2”, diz a nota. Em artigo publicado ontem em seus perfis nas redes sociais, o ex-presidente fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirma que os vazamentos das dela��es e suas repercuss�es s�o um sinal de alerta. (Leia o artigo na p�gina 7.)
Ainda de acordo com BJ, a Odebrecht teria repassado R$ 6 milh�es para serem divididos pelas campanhas de Pimenta da Veiga (derrotado ao governo de Minas pelo petista Fernando Pimentel), Antonio Anastasia (eleito para o Senado) e Dimas Toledo Filho (eleito deputado federal pelo PP). Os outros R$ 3 milh�es foram doados � campanha presidencial de A�cio Neves.
OFICIAL Conforme A�cio destacou no v�deo, em depoimento ao TSE tamb�m na quarta-feira, o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht afirmou que repassou R$ 15 milh�es ao senador mineiro, na campanha presidencial de 2014, de maneira oficial. O empres�rio disse ainda no depoimento que a distribui��o do dinheiro foi organizada por S�rgio Neves, funcion�rio da Odebrecht em Minas Gerais e hoje delator do grupo baiano, e Oswaldo Borges, apontado como tesoureiro informal da campanha tucana.
Mais cedo, em nota, a Assessoria de Imprensa de A�cio argumentou que o senador “solicitou, como dirigente partid�rio, apoio para in�meros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empres�rios, sempre de acordo com a lei”. “Como j� foi divulgado pela imprensa, o empres�rio Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doa��es feitas � campanha presidencial do senador A�cio Neves em 2014 foram oficiais”, diz trecho da nota.
Doa��es somaram R$ 200 mi em 2014
Bras�lia – O diretor de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa J�nior, o BJ, disse em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quinta-feira, que a empreiteira havia reservado R$ 200 milh�es para doa��es eleitorais em 2014, entre repasses legais feitos em nome da empresa, por interm�dio de terceiros e por meio de caixa 2. O depoimento foi tomado pelo ministro do TSE Herman Benjamin, relator da a��o, movida pelo PSDB, que investiga irregularidades na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
De acordo com Barbosa, os R$ 200 milh�es foram efetivamente gastos com campanhas. Segundo ele, desse valor, R$ 120 milh�es foram pagos por meio de doa��es legalmente registradas em nome da Odebrecht. Outros R$ 40 milh�es foram repassados por meio da cervejaria Itaipava, pr�tica que � chamada de doa��o por terceiros, e os R$ 40 milh�es restantes foram pagos via caixa 2, sem registro oficial. O executivo foi expl�cito quanto a origem desses recursos: todos seriam provenientes do “Departamento de Opera��es Estruturadas” da Odebrecht, �rea da empresa respons�vel pelo pagamento de propinas.
O empres�rio disse que “todos os grandes partidos” receberam dinheiro legal e por meio de caixa 2 da Odebrecht e subsidi�rias. Benedicto J�nior detalhou que o valor de cerca de R$ 200 milh�es foi definido numa reuni�o entre Marcelo Odebrecht e executivos da companhia. Desse total, 60% (R$ 120 milh�es) sa�ram da construtora; de 20 % a 25% (de R$ 40 milh�es a R$ 50 milh�es) de empresas terceirizadas ligadas a Odebrecht; e de 15% a 20% (R$ de 30 milh�es a R$ 40 milh�es) por meio de caixa 2.
Como o foco do depoimento de Benedicto J�nior ao TSE � a chapa Dilma-Temer, que est� sob investiga��o da Justi�a Eleitoral, o relato envolvendo o PSDB durou menos de um minuto, afirmou ao jornal O Globo uma fonte que acompanhou a oitiva.
Benedicto J�nior disse, segundo relato de uma pessoa que acompanhou o depoimento, que n�o poderia ajudar em mais detalhes envolvendo as campanhas presidenciais por dois motivos – o primeiro, porque os grandes candidatos eram atendidos por Marcelo Odebrecht, dono da empresa; o segundo, porque n�o acompanhou os desdobramentos das negocia��es por alguns per�odos j� que sua mulher estava tratando um c�ncer em 2014.
O ex-executivo disse que usava as empresas do Grupo Petr�polis porque o grupo Odebrecht n�o queria ser listado como a maior doadora a pol�ticos. J� Marcelo Odebrecht afirmou que “usava muito” a Itaipava para fazer doa��es eleitorais sem que o nome da empreiteira se tornasse p�blico e, depois, “procurava um jeito” de reembolsar a cervejaria. Em mar�o do ano passado, foram encontradas planilhas na casa de BJ que mostravam a liga��o da empreiteira com a cervejaria. A Itaipava tem afirmado que “todas as doa��es feitas pelo Grupo Petr�polis seguiram estritamente a legisla��o eleitoral e est�o registradas”.
A colheita de depoimentos de delatores da Odebrecht, determinada pelo relator Herman Benjamin, continua na pr�xima semana. Na segunda-feira, outros tr�s ex-executivos ser�o ouvidos.