
Bras�lia - �s v�speras do bombardeio da Lava-Jato sobre ao sistema pol�tico nacional, que promete tirar o sono de muitos integrantes da base de seu governo, o presidente Michel Temer demonstra otimismo sobre as realiza��es dos nove meses de gest�o e avisa que, em rela��o � sua equipe, a situa��o est� “regrada” ou seja: denunciados estar�o sujeitos ao afastamento tempor�rio, e quem virar r�u de sair definitivamente, conforme j� havia estabelecido.
“A expectativa era a de que as coisas s� come�assem a melhorar no segundo semestre. Mas, felizmente, j� vemos bons resultados agora. Algumas �reas come�am a respirar. O que significa que, ainda neste semestre, vamos come�ar a retomar o crescimento”.
Temer recebeu equipe do Estado de Minas/Correio Braziliense para uma conversa informal durante um almo�o, sem gravadores nem celulares, apenas caneta e bloquinhos, como nos velhos tempos. A temporada � de reformas. Primeiro, a trabalhista, que come�a a ser votada na C�mara na semana que vem, com o projeto de terceiriza��o e do trabalho tempor�rio. Depois, a Previd�ncia.
Para o segundo semestre, desembarcam no Congresso as propostas de simplifica��o tribut�ria. E, se sobrar tempo, vir� a reforma pol�tica que ter� que ser de iniciativa do Parlamento. Em meio de tudo isso, ele ainda ter� que pacificar o pa�s. “Quero entregar um pa�s reformado em 2018. O Congresso � hoje senhor da reforma previdenci�ria, mas fiz a minha parte, de propor. E propus por necessidade do pa�s. Quem ficar contra as reformas est� contra o Brasil”, diz ele. Confira os os principais trechos da conversa:
FUTURO
Espero que reconhe�am l� na frente que fiz o que deveria fazer. Poderia n�o mexer em nada, fazer s� umas medidas populistas e deixar passar o tempo, mas n�o combina comigo. No futuro, que eu seja visto como algu�m que teve coragem para fazer as reformas necess�rias, recuperar a economia e colocar o pa�s no caminho certo. Que seja visto como algu�m que n�o teve medo de mudar, que restabeleceu as rela��es entre as institui��es. Falava-se, por exemplo, na reforma do ensino m�dio. H� 20 anos falava-se nisso. Apesar de todas as cr�ticas, n�s implementamos.
PREVID�NCIA
� bastante prov�vel que passe. Quem d� a palavra final da reforma previdenci�ria � o Congresso, mas vamos examinar o que ser� necess�rio para aprovar. A gente est� vendo que n�o ter� problema, vamos conversando. Fui relator da primeira reforma da Previd�ncia. Era l�der do PMDB na C�mara, e o presidente Fernando Henrique, diante das dificuldades, pediu que eu assumisse a relatoria e articulasse a aprova��o da reforma. Na �poca, meu irm�o me falou que eu n�o me reelegeria por causa disso. Eu tinha sido eleito com 71 mil votos. Na elei��o seguinte, fui eleito com 206 mil. Essa hist�ria de que perde elei��o quem vota a favor da reforma � uma bobagem. A continuar as boas not�cias na economia, vamos ter mais facilidades para aprovar reformas na Previd�ncia. E, a�, as coisas v�o come�ar a melhorar.
POPULARIDADE
Dizem que a minha popularidade � baixa, que n�o conto com apoio da imprensa. Ao menos tenho que ter boa rela��o com o Congresso. N�o querer reformar � ir contra o pa�s. N�o querer mudar � trabalhar pelo decl�nio. Se eu n�o tivesse coragem, ou melhor, ousadia, n�o faria as reformas. N�o teria o menor sentido ficar dois anos e meio e n�o fazer nada. Passar por aqui e n�o deixar uma marca. Farei o que devo fazer. Cumprir meu papel. N�o tenho objetivo eleitoral.
JUROS
A expectativa � de que as coisas s� come�assem a melhorar no segundo semestre. Mas, felizmente, j� vemos bons resultados agora. Algumas �reas come�am a respirar. O que significa que, ainda neste semestre, vamos come�ar a retomar o crescimento.
RENAN CALHEIROS
Conhe�o o Renan (a prop�sito das declara��es recentes sobre a reforma previdenci�ria, Eduardo Cunha e Eliseu Padilha). Ele fez isso a vida toda: vem de uma forma mais feroz e depois se alinha. Tem sido um bom aliado em momentos cruciais. Ele almo�a comigo na semana que vem. Ele sempre foi assim, um pol�tico habilidoso. (O que ele quer?) Vamos esperar passar uns dias que a gente fica sabendo.
BRIGA DO PMDB
N�o posso me meter nisso. At� por uma raz�o objetiva. Tenho uma base enorme. N�o participei das elei��es municipais, porque criaria problemas. N�o vou entrar na briga dos partidos.
RADICALIZA��O
Tem que acabar com esta divis�o raivosa. As coisas est�o caminhando bem. E v�o melhorar. Ningu�m sai ganhando nesse tipo de disputa. Precisamos pacificar o pa�s bem antes das elei��es, restabelecer o di�logo. Essa hist�ria de fulano n�o falar com beltrano no mundo pol�tico � falta de civilidade.
PARLAMENTARISMO
Falam em consci�ncia parlamentarista. Se quiserem chamar meu governo de parlamentarista, n�o vejo problema. Temos que mudar essa imagem de que o presidente manda em tudo. Num presidencialismo democr�tico, tem que governar com o Congresso. Daqui a pouco, viveremos em um pa�s efetivamente parlamentarista.
GURU
O indiano (Sri Sri Ravi Shankar). que esteve por aqui com a atriz Maria Paula, disse que, no fim de mar�o, depois de muitos percal�os, tudo vai melhorar. Ele sugeriu que mudasse algumas m�veis aqui na sala. Tentamos mudar aquela mesa redonda, mas n�o deu certo. Decidi deixar do jeito que estava. Continuo trabalhando na mesa redonda.
LULA
Fui visitar o Lula no S�rio-Liban�s (quando dona Marisa teve diagnosticada a morte cerebral) depois de falar com ele. Levei alguns ministros. Ele me disse que estaria aberto a uma conversa com todos os ex-presidentes. Vamos dar tempo ao tempo. Talvez ainda n�o seja a hora de conversarmos. O doutor Kalil me disse que Lula falou para ele: “Conhe�o Temer h� 40 anos, quem veio me dar um abra�o na despedida da Marisa n�o foi o Temer. Foi o presidente da Rep�blica”.
OPOSI��O
Eu tenho a impress�o de que logo essa conversa pode acontecer. At� porque � assim que tem de ser a pol�tica. O di�logo � a base de tudo. Amanh�, eles podem estar no poder. Cr�ticas de advers�rios eu dou import�ncia quando � quest�o de m�rito. Quando � s� xingamento, n�o presto aten��o. N�o posso me preocupar com isso nem deixar de falar com as pessoas por causa disso. Mais importante � o interesse do pa�s.
LAVA-JATO
Fixei uma regra compat�vel com o Estado de Direito. Criamos um crit�rio, n�o h� pacto, h� regras. Se n�o criasse esse crit�rio, viver�amos sob press�o a cada den�ncia. Bastaria o sujeito condenar previamente e as coisas seriam resolvidas em cima de pressupostos e n�o de uma investiga��o s�ria. A regra vale para todos, inclusive os amigos. N�o pretendo exonerar ningu�m, at� porque, at� hoje n�o precisei demitir ningu�m. Quem perdeu as condi��es pol�ticas, tomou a iniciativa de pedir para sair.
ELISEU PADILHA
� um grande colaborador. Reassumir� a Casa Civil a hora que quiser. Espero que possa continuar, porque me faz muita falta. S� o demito em caso de den�ncia. Se estabeleci uma regra fixa e n�o cumpro o que disse, causo uma inseguran�a jur�dica. Vale tamb�m para os meus amigos.
SINDICATOS
As corpora��es tomaram conta do Brasil. Existem 18 mil sindicatos no Brasil. Mas as reformas ser�o aprovadas, inclusive a trabalhista. Sair� com facilidade. Foi acordada antes com v�rios segmentos sociais. Vai sair, sim. Gosto de estudar a Constitui��o. Reli o cap�tulo dos direitos sociais. L� est� escrito que os acordos e conven��es coletivos de trabalho s�o direitos assegurados. Se reconhecemos o acordo, estamos prestigiando a vontade das partes. A reforma trabalhista, na verdade, � uma regulamenta��o desse dispositivo constitucional.
ESTADOS
A situa��o dos estados � grav�ssima. O Brasil � um estado em maior escala. Temos de tomar todos os cuidados para evitar que isso se repita.
CULTURA
Conversei com (o ministro da Cultura) Roberto Freire, ele me disse que est� auditando os contratos da Lei Rouanet. S�o 20 mil contratos com artistas de todo o Brasil, sem qualquer cobran�a ou presta��o de contas nos �ltimos anos.
SEGURAN�A
N�o vamos abrir m�o da garantia da lei e da ordem. Isso � uma responsabilidade de todos. Mas tamb�m tem a ver com autoridade presidencial. Reuni os comandantes militares com o ministro da Defesa (Raul Jungmann) no momento cr�tico da crise dos pres�dios e discuti esse assunto com eles. Pedi a presen�a das For�as Armadas em alguns estados: Amazonas, Rio Grande do Norte e Esp�rito Santo. Se at� a PM estava aquartelada, a situa��o poderia ficar ainda mais grave. Conversei com os tr�s comandantes para saber a opini�o deles. Eles disseram: “O senhor � o comandante-chefe, n�o �? O que o senhor decidir, n�s faremos”. O Rio de Janeiro s� teve Olimp�ada porque mandamos 38 mil homens das For�as Armadas para l�. As For�as Armadas foram para os estados resolver os problemas, mas eles n�o podem ficar permanentemente. Passada a crise, eles saem.
IMPOSTOS
Pedi um levantamento sobre todos os projetos em discuss�o no Congresso para estudar o que pode ser feito a�, obviamente, sem aumentar tarifas. Ainda n�o est� pronto. Depois de tudo, ainda podemos pensar na reforma pol�tica. Isso � com o Congresso, n�o vou mandar um projeto, quando resolvermos todas as outras reformas, podemos pensar nisso.
CAIXA 1
N�o quero interferir na decis�o do Supremo Tribunal Federal, n�o conhe�o os pormenores. Ses for para julgar caixa 1, � preciso saber dos detalhes do processo.