S�o Paulo, 17 - Alvo da Opera��o Carne Fraca deflagrada nesta sexta-feira, 17, por suspeita de pagar propinas a fiscais agropecu�rios federais, a empresa JBS doou em 2014 R$ 200 mil � campanha para a C�mara dos Deputados do atual ministro da Justi�a Osmar Serraglio (PMDB-PR). O valor foi doado primeiro ao diret�rio nacional do PMDB, que repassou para a campanha do atual ministro.
A quantia representa a maior doa��o �nica para o peemedebista, cuja campanha teve uma arrecada��o total de R$ 1,4 milh�o. Seu nome apareceu nos grampos da investiga��o, que identificaram um di�logo do atual ministro da Justi�a - Pasta � qual est� atrelada a pr�pria Pol�cia Federal -, com o fiscal agropecu�rio Daniel Gon�alves Filho, superintendente do Minist�rio da Agricultura no Paran� entre 2007 e 2016.
A Opera��o Carne Fraca aponta Daniel Gon�alves como o "l�der da organiza��o criminosa". No di�logo, Osmar Serraglio se refere a Daniel Gon�alves como "o grande chefe".
A JBS foi a maior doadora eleitoral em 2014, tendo repassado R$357 milh�es a partidos e pol�ticos. Segundo levantamento feito pelo jornal
O Estado de S. Paulo
, as empresas do grupo e de seus s�cios foram tamb�m as que fizeram mais doa��es para deputados eleitos. Ao todo, o frigor�fico distribuiu R$ 61,2 milh�es para 162 deputados eleitos. Os recursos foram doados para a c�pula de 21 dos 28 partidos representados na C�mara, incluindo todos os grandes.
A Seara e a BRF, outras gigantes do setor e que tamb�m foram alvos da opera��o desta sexta-feira, doaram o total de R$ 5,9 milh�es a deputados eleitos em 2014. Segundo o delegado Maur�cio Moscardi Grillo, respons�vel pela investiga��o, parte do dinheiro dos frigor�ficos para os fiscais abastecia pol�ticos do PMDB e do PP.
Grampo
Segundo a decis�o que deflagrou a Carne Fraca, "em conversa com o deputado Osmar Serraglio, Daniel � informado acerca de problemas que um Frigor�fico de Ipor� estaria tendo com a fiscaliza��o do Minist�rio da Agricultura (o frigor�fico Larissa situa-se na mesma cidade)".
O frigor�fico Larissa pertence ao empres�rio Paulo Rog�rio Sposito, candidato a deputado federal pelo Estado de S�o Paulo em 2010 com o nome Paulinho Larissa.
A PF encaminhou � Justi�a, com sugest�o para envio � Procuradoria-Geral da Rep�blica, relat�rio que cita Serraglio. Como deputado federal pelo PMDB do Paran�, o atual ministro da Justi�a det�m prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal.
Na decis�o que autorizou a opera��o, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14.� Vara Federal, afirmou n�o ver suspeitas suficientes sobre o ministro para que o caso fosse remetido ao Supremo Tribunal Federal.
"Por fim, conforme bem destacado na manifesta��o ministerial (Minist�rio P�blico Federal), dos di�logos n�o se extraem elementos suficientes no sentido de que o parlamentar (Deputado Federal) que � interlocutor em um dos di�logos, que det�m foro por prerrogativa de fun��o, esteja envolvido nos il�citos objeto de investiga��o no inqu�rito policial relacionado a este feito ou em qualquer outro que requeira neste momento o envio de pe�as ao Tribunal competente para eventual apura��o de il�cito penal", assinalou o magistrado.
Defesas
O Minist�rio da Justi�a de manifestou por meio de nota. "Se havia alguma d�vida de que o Ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Pol�cia Federal, esse � um exemplo cabal que fala por si s�. O Ministro soube hoje, como um cidad�o igual a todos, que teve seu nome citado em uma investiga��o. A conclus�o tanto pelo Minist�rio P�blico Federal quanto pelo Juiz Federal � a de que n�o h� qualquer ind�cio de ilegalidade nessa conversa degravada."
Em rela��o a opera��o realizada pela PF, a JBS "esclarece que n�o h� nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede n�o foi alvo dessa opera��o. A a��o deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em v�rias regi�es do pa�s, ocorreu tamb�m em tr�s unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paran� e uma em Goi�s. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um m�dico veterin�rio, funcion�rio da Companhia, cedido ao Minist�rio da Agricultura", diz o texto.
"A JBS e suas subsidi�rias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulat�rias em rela��o � produ��o e a comercializa��o de alimentos no pa�s e no exterior e apoia as a��es que visam punir o descumprimento de tais normas".
A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padr�es de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a seguran�a alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certifica��es emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas pr�ticas adotadas na fabrica��o de seus produtos".
"A Companhia repudia veementemente qualquer ado��o de pr�ticas relacionadas � adultera��o de produtos - seja na produ��o e/ou comercializa��o - e se mant�m � disposi��o das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos", finaliza a nota.
A empresa n�o se manifestou sobre as doa��es feitas a Serraglio. O espa�o est� aberto para sua manifesta��o.