
Belo Horizonte - O ex-empres�rio Marcos Val�rio Fernandes de Souza ser� interrogado no pr�ximo dia 7 de abril pela ju�za Melissa Pinheiro Costa Lage Giovanardi, da 9ª Vara Criminal do F�rum Lafayette, dentro do processo do mensal�o mineiro.
Val�rio j� cumpre pena de 37 anos de reclus�o, na Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, por participa��o no mensal�o do PT.
O interrogat�rio faz parte da a��o que o ex-empres�rio responde por peculato e lavagem de dinheiro. Tamb�m prestar�o depoimento Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach Cardoso, s�cios das ag�ncias de publicidade DNA e SMP&B.
As duas empresas, conforme as investiga��es sobre o mensal�o mineiro, eram utilizadas para desvio de recursos de estatais do governo do Estado durante a gest�o de Eduardo Azeredo (PSDB), que esteve no Pal�cio da Liberdade entre 1995 e 1998.
Os recursos, ainda segundo as investiga��es, foram utilizados na campanha pela reelei��o do tucano ao governo mineiro em 1998. Azeredo, no entanto, acabou sendo derrotado por Itamar Franco, � �poca no PMDB.
Em 2014, o ex-governador de Minas, � �poca deputado federal, renunciou ao cargo. Com isso, o processo, que estava no Supremo Tribunal Federal (STF) foi enviado para a justi�a de primeira inst�ncia em Minas Gerais. A a��o, ent�o, foi desmembrada.
Al�m da a��o que Val�rio responde por peculato, corre � parte o processo que envolve exclusivamente o ent�o governador tucano, j� condenado a 20 anos e 10 meses de pris�o, com recurso em segunda inst�ncia. Em outro � acusado o vice-governador de Azeredo, Cl�sio Andrade.
O desvio de recursos dentro do mensal�o mineiro teria sido da ordem de R$ 3,5 milh�es. Pelo esquema, dinheiro p�blico de estatais como a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Comig, atualmente Codemig), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), privatizado em 1998, foi repassado �s ag�ncias de publicidade. Os recursos, ent�o, eram direcionados para a campanha do tucano via caixa dois, segundo as investiga��es.
Documentos
Val�rio ter� que apresentar ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) documentos que comprovem os relatos que fez � promotoria em 2016 como parte de negocia��o de dela��o premiada. Desde dezembro de 2015, o ex-empres�rio busca o benef�cio, dentro do processo do mensal�o mineiro. Val�rio afirma ter informa��es sobre irregularidades cometidas por parlamentares j� envolvidos na Opera��o Lava-Jato, da Pol�cia Federal.
At� hoje, no entanto, ele nunca apresentou provas do que afirma, segundo fonte que participa das investiga��es. A apresenta��o da documenta��o � considerada pelos promotores como fundamental para que a dela��o tenha o aval do MP.
Em 21 de junho do ano passado, Val�rio prestou depoimento por cerca de tr�s horas � promotoria de Defesa do Patrim�nio P�blico de Minas Gerais. A partir de ent�o, sua defesa passou a afirmar que as informa��es do ex-empres�rio seriam reunidas em anexos, que seriam em torno de cem, cada um relatando pol�ticos e epis�dios espec�ficos de irregularidades envolvendo, por exemplo, o extinto Banco Rural, empresa que tamb�m atuou no mensal�o do PT via concess�o de empr�stimos fraudulentos.
PGR
Por envolver pol�ticos com foro privilegiado, parte dos relatos feitos ao MP por Marcos Val�rio foram enviados � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR). Em setembro do ano passado, representantes do Minist�rio P�blico Federal estiveram em Belo Horizonte, receberam o material e retornaram a Bras�lia. At� hoje, no entanto, n�o foi divulgado resultado da an�lise de seu conte�do.
O interrogat�rio marcado para o pr�ximo dia 7, dentro do processo do mensal�o mineiro, � o �ltimo passo antes da senten�a judicial, e uma nova condena��o agora poderia prejudicar o abatimento de tempo de sua pena a cumprir, conforme previsto na legisla��o.
O processo que corre na 9.ª Vara Criminal havia sido suspenso, a pedido do Minist�rio P�blico de Minas Gerais, exatamente em fun��o da possibilidade de que Val�rio conseguisse a dela��o premiada. Sem resultado, no entanto, a a��o voltou a correr em setembro de 2016. A suspens�o teve in�cio em julho do mesmo ano. O advogado de Marcos Val�rio, Jean Kobayashi, n�o retornou contato feito pela reportagem.