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Estado de Minas A CARNE PODRE DA CORRUP��O

Opera��o da PF ataca megaesquema de corrup��o que vendia at� carne estragada

Fraudes envolvem fiscais, pol�ticos, servidores p�blicos e os maiores frigor�ficos do pa�s, al�m do PMDB e do PP


postado em 18/03/2017 00:12 / atualizado em 18/03/2017 11:12

Detidos pela operação da Polícia Federal deixam o prédio do Instituto Médico Legal, em Curitiba, após exame de corpo de delito(foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
Detidos pela opera��o da Pol�cia Federal deixam o pr�dio do Instituto M�dico Legal, em Curitiba, ap�s exame de corpo de delito (foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
 

S�o Paulo - Uma megaopera��o deflagrada ontem pela Pol�cia Federal revelou um grande esquema de corrup��o envolvendo empresas de alimentos e fiscais do Minist�rio da Agricultura. Segundo a PF, as investiga��es da opera��o, batizada de Carne Fraca, mostraram que os fiscais, que deveriam emitir certificados de que os produtos estavam de acordo com as regras sanit�rias, recebiam propina para liberar documentos sem qualquer fiscaliza��o efetiva. Com isso, abriam espa�o para todo tipo de fraude, incluindo a utiliza��o de carne estragada na composi��o de salsichas e lingui�as, envolvendo mais de 20 marcas dos principais frigor�ficos do pa�s. A opera��o � a maior j� montada pela PF, com  1.100 policiais para cumprir 309 mandados judiciais, sendo 27 de pris�o preventiva, 11 de pris�o tempor�ria, 77 de condu��o coercitiva e 194 de busca e apreens�o em resid�ncias e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema em seis estados. O esc�ndalo nvolve o PMDB e o PP. O ministro da Justi�a, Osmar Serraglio, tamb�m � citado em grava��es.

Entre as empresas investigadas est�o duas das maiores produtoras e exportadoras de carne do Brasil, a BRF, dona das marcas Sadia e Perdig�o, e o JBS, dono da Friboi e da Seara. Al�m dessas, dezenas de outros frigor�ficos de menor porte tamb�m est�o sendo investigados, al�m de empresas de com�rcio exterior, de fertilizantes, escrit�rios de advocacia e outros segmentos. Segundo o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, que autorizou as pris�es, os integrantes da organiza��o “possuem uma rede de conhecidos e comparsas dentro e fora do servi�o p�blico que garantiu at� agora a impunidade” de seus atos. “S�o empres�rios, servidores p�blicos, pol�ticos, assessores de parlamentares e funcion�rios graduados de grandes empresas do setor que fiscalizam”, afirmou.

H� ind�cios de que as empresas investigadas tenham vendido at� carne com prazo de validade vencido, de acordo com o delegado federal Maur�cio Moscardi Grillo. As vendas dos alimentos ocorriam no Brasil e no exterior. A Justi�a Federal do Paran� determinou o bloqueio de R$ 1 bilh�o das investigadas. Segundo ele, o dinheiro arrecadado com as opera��es ilegais abastecia o PMDB e o PP. “Dentro da investiga��o ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era revertido para partido pol�tico. Caracteristicamente, j� foi falado ao longo da investiga��o dois partidos que ficavam claros: o PP e o PMDB”, afirmou.

O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, diz que o envolvimento do Minist�rio da Agricultura � “estarrecedor” e que o �rg�o “foi tomado de assalto por um grupo de indiv�duos que traem reiteramente a obriga��o de efetivamente servir � coletividade.”

"A conclus�o tanto pelo Minist�rio P�blico Federal quanto pelo juiz federal � de que n�o h� qualquer ind�cio de ilegalidade nessa conversa (do ministro Serraglio) degravada" - Trecho da nota de defesa do ministro Osmar Serraglio (foto: Ed Alves/CB/D.A Press - 12/7/16)
Em um dos �udios gravados pela PF, Serraglio conversa com o fiscal agropecu�rio Daniel Gon�alves Filho, superintendente do Minist�rio da Agricultura no Paran� entre 2007 e 2016. Gon�alves � um dos alvos da investiga��o de venda irregular de carne no pa�s. A investiga��o aponta Gon�alves como o “l�der da organiza��o criminosa”. Na grava��o, Serraglio, que assumiu o Minist�rio da Justi�a no in�cio do m�s, se refere a ele como “o grande chefe”. Na conversa, Daniel � informado sobre problemas que um frigor�fico de Ipor� estaria tendo com a fiscaliza��o do Minist�rio da Agricultura.

Alvo da opera��o, a empresa JBS doou em 2014 R$ 200 mil � campanha de Serraglio para a C�mara. O valor foi doado primeiro ao diret�rio nacional do PMDB, que repassou para a campanha.  O relat�rio que cita o ministro foi encaminhado � Justi�a, com sugest�o para envio � Procuradoria-Geral da Rep�blica. Serraglio det�m prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

DEFESA O Minist�rio da Justi�a afirmou em nota que o l�der da pasta (Osmar Serraglio) soube hoje, “como um cidad�o igual a todos”, que teve seu nome citado em uma investiga��o. “A conclus�o tanto pelo Minist�rio P�blico Federal quanto pelo juiz federal � a de que n�o h� qualquer ind�cio de ilegalidade nessa conversa degravada”, diz a nota.

J� o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a investiga��o aponta “um crime contra a popula��o brasileira, que merece ser punido com todo o rigor”. “Muitas a��es j� foram implementadas para corrigir distor��es e combater a corrup��o e os desvios de conduta, e novas medidas ser�o tomadas”, afirmou.

 

AS IRREGULARIDADES

Pr�ticas envolvendo Friboi, Sadia, Perdig�o e Seara, entre outras

» Carne com prazo de validade vencido
» Uso de quantidade menor de carne do que a necess�ria para produtos complementados com outros subst�ncias
» Uso de carne estragada na composi��o de salsichas e lingui�as, inclusive cabe�a de porco
» ‘Maquiagem’ de carnes estragadas com �cido asc�rbico, subst�ncia considerada cancer�gena, para disfar�ar mau cheiro e embalado com novo prazo
» Carnes sem rotulagem e sem refrigera��o
» Lotes de  frango mo�dos com papel�o
» Inje��o de �gua para aumentar o peso
» Falsifica��o de notas de compra de carne. 


Servidores s�o afastados

O secret�rio-executivo do Minist�rio da Agricultura, Eumar Novacki, disse que o governo determinou o afastamento de 33 servidores envolvidos no esquema. O afastamento foi determinado pelo ministro Blairo Maggi. O governo vai instaurar procedimentos para apurar a conduta desses servidores. Segundo Novacki, alguns procedimentos j� haviam sido abertos no passado, sobre o mesmo tema, mas ainda n�o foram conclu�dos. “Daremos todo suporte � Pol�cia Federal na busca de informa��es. Queremos acabar com qualquer situa��o de desvios no minist�rio”, afirmou.

Novacki disse ainda que os servidores afastados n�o representam a maioria do minist�rio, que conta com 11 mil funcion�rios, dos quais 2,3 mil trabalham na �rea de fiscaliza��o. “Isso n�o representa de forma alguma a postura dos servidores de minist�rio, que, em sua grande maioria, s�o de boa �ndole.”

Tr�s empresas tiveram suas atividades suspensas nos munic�pios: uma unidade da BRF em Mineiros (BRF) e duas da Peccin, em Jaragu� do Sul e Curitiba. O secret�rio-executivo disse ainda que as suspeitas recaem sobre 21 estabelecimentos e quatro grupos empresariais, enquanto o universo de empresas fiscalizadas pelo minist�rio chega perto de 5 mil. “N�o � um fato cotidiano. S�o fatos isolados, que n�o representam de modo algum a postura do minist�rio”, disse o representante do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento.

Fiscais honestos demitidos
PF diz que servidores do Minist�rio da Agricultura recebiam propinas de executivos de empresas e quem se negava a participar do esquema era afastado e at� exonerado


A Polícia Federal cumpriu 309 mandados, entre busca e apreensão e prisão em seis estados e no Distrito Federal(foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
A Pol�cia Federal cumpriu 309 mandados, entre busca e apreens�o e pris�o em seis estados e no Distrito Federal (foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Bras�lia – A Opera��o Carne Fraca �, em n�meros, a maior apreens�o do tipo j� realizada pela Pol�cia Federal no pa�s. A investiga��o, iniciada h� quase dois anos, indica que empresas do setor como BRF Foods, propriet�ria das marcas Sadia e Perdig�o, e JBS, dona da Friboi e da Seara, est�o entre as envolvidas no crime. Executivos das duas empresas foram presos ontem. A opera��o cumpriu mandados de pris�o e busca e apreens�o em Minas, S�o Paulo, Paran�, Goi�s, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

O esquema seria liderado por servidores ocupantes de cargos de chefia e administra��o da Superintend�ncia do Minist�rio da Agricultura no Paran�. Com a participa��o de outros funcion�rios a eles subordinados, eles recebiam propinas pagas por executivos ou diretores de empresas.

Segundo a investiga��o da Pol�cia Federal e da Receita Federal, os fiscais agropecu�rios que se negavam a compactuar com a organiza��o criminosa eram afastados do trabalho, substitu�dos ou at� exonerados das fun��es, trocados por outros que faziam o trabalho ilegal continuar. Al�m da corrup��o cometida por esses agentes p�blicos e empres�rios, a opera��o incluiu crimes contra sa�de p�blica.

A Pol�cia Federal afirma que a investiga��o come�ou justamente porque um fiscal n�o aceitou ser removido quando descobriu fraudes em uma das empresas investigadas. No relato de uma das funcion�rias consta que uma das empresas tamb�m comprava notas fiscais falsas de produtos com SIF (Servi�o de Inspe��o Federal) para justificar as compras de carne podre. Um dos fiscais, que teria “incomodado” os donos da empresa foi destitu�do do cargo no mesmo dia em que fiscalizou a empresa e detectou os problemas. V�rios passaram pelo mesmo procedimento, de acordo com a PF.

PF convocou entrevista coletiva para anunciar o cerco ao maior esquema de corrupção da história do país envolvendo frigoríficos e abastecimento de carne(foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)
PF convocou entrevista coletiva para anunciar o cerco ao maior esquema de corrup��o da hist�ria do pa�s envolvendo frigor�ficos e abastecimento de carne (foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Conforme o documento expedido pela 14ª Vara Federal de Curitiba, parte das irregularidades foi relatada por administradores da empresa Primos Agroindustrial Ltda, para que fossem emitidos certificados para as cargas entregues em Curitiba. “Pr�tica essa que seria comum a todos os frigor�ficos fiscalizados no estado do Paran�, inclusive com valor estabelecido pelo pr�prio Minist�rio da Agricultura, por meio do superintendente federal de Agricultura”, diz o documento.

CABE�A DE PORCO NA LINGUI�A

Em um dos �udios gravados com autoriza��o judicial pela Pol�cia Federal, Idair Ant�nio Piccin, dono de frigor�fico, conversa com a mulher, Nair Klein Piccin, sobre o uso de carne proibida em lotes de lingui�a.

Idair -
Voc� ligou?
Nair - Sim, eu liguei. Sabe aquele de cima l�, de Xanxer�?
Idair - �.
Nair - Ele quer te mandar 2.000 quilos de carne de cabe�a. Conhece carne de cabe�a?
Idair - � de cabe�a de porco. E da�?
Nair - Ele vendia a R$ 5, mas da� ele deixa a R$ 4,80 para voc� conhecer, para fechar carga.
Idair - Mas vamos usar no qu�?
Nair - N�o sei.
Idair -
A� que vem a pergunta, n�? Vamo usar na calabresa, mas, a�, � massa fina, �? A calabresa j� est� saturada de massa fina. � pura massa fina.
Nair - T�.
Idair - Vamos botar no qu�?
Nair - N�o vamos pegar, ent�o.
Idair - Manda vir 2.000 quilos e botamos na lingui�a frescal, mo�da fina.
Nair - Na lingui�a?
Idair - Mas � proibido usar carne de cabe�a na lingui�a.
Nair - Seria s� 2.000 quilos para fechar a carga.

Empresas dizem que respeitam a legisla��o

S�o Paulo - Em nota, a JBS, que tem na Friboi uma de suas principais marcas, se defendeu das acusa��es. “Em rela��o � opera��o realizada pela Pol�cia Federal, a JBS esclarece que n�o h� nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede n�o foi alvo dessa opera��o”, diz o texto. “A a��o deflagrada em diversas empresas localizadas em v�rias regi�es do pa�s ocorreu tamb�m em tr�s unidades produtivas da companhia, sendo duas delas no Paran� e uma em Goi�s. A JBS e suas subsidi�rias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulat�rias em rela��o � produ��o e a comercializa��o de alimentos no pa�s e no exterior e apoia as a��es que visam punir o descumprimento de tais normas”. E conclui: “A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padr�es de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a seguran�a alimentar e a qualidade de seus produtos (...) e se mant�m � disposi��o das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”.

A BRF Foods divulgou nota dizendo que est� colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos e disse que cumpre as normas e regulamentos referentes � produ��o e comercializa��o de seus produtos. “Possui rigorosos processos e controles e n�o compactua com pr�ticas il�citas”, afirma. A empresa � uma das 40 citadas na opera��o. Entre os 26 presos preventivamente pela PF, est� o gerente de rela��es institucionais e governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos. O vice-presidente da BRF, Jos� Roberto Pernomian Rodrigues, foi conduzido coercitivamente para depor.

Júlio Delgado diz que a gravidade do esquema torna CPI necessária(foto: Luiz Macedo/Câmara dos Deputados - 7/6/16)
J�lio Delgado diz que a gravidade do esquema torna CPI necess�ria (foto: Luiz Macedo/C�mara dos Deputados - 7/6/16)
No que diz respeito � empresa, a PF disse ter encontrado carne com salmonela em sete cont�ineres da BRF com destino � Europa, com entrada por Roterd�, que deveriam chegar a Espanha e It�lia. O delegado federal que conduz o caso, Maur�cio Moscardi Grillo, disse ainda que a investiga��o tentou interditar o frigor�fico por causa da incid�ncia de salmonela, o que n�o aconteceu. Na nota divulgada pela empresa, n�o h� men��es a estes detalhes. A companhia se limita a afirmar, por fim, que “assegura a qualidade e a seguran�a de seus produtos e garante que n�o h� nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 pa�ses em que atua”.

Deputados querem CPI

Bras�lia - No mesmo dia em que foi deflagrada a opera��o Carne Fraca, deputados come�aram a se articular para criar uma comiss�o parlamentar de inqu�rito (CPI) para investigar a fiscaliza��o fitossanit�ria. Os deputados J�lio Delgado (PSB-MG), Ivan Valente (PSol-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP) afirmaram que v�o coletar apoios para criar a comiss�o para apurar as irregularidades. S�o necess�rias 171 assinaturas para a criar a comiss�o.

“� um esc�ndalo com tr�s n�veis de gravidade. O primordial � o consumo pelas fam�lias brasileiras de carne adulterada e com componentes possivelmente cancer�genos. Em segundo plano, mas igualmente grave, o envolvimento de agentes p�blicos. Tamb�m alarmante � a destina��o pol�tica do esquema e os reflexos na economia, j� que somos exportadores de carne”, afirmou Delgado.

Ele ressaltou que um dos efeitos da opera��o � o preju�zo para as exporta��es. J� o l�der defendeu que as investiga��es se concentrem no esquema de pagamento de propina a integrantes do PMDB e do PP.

Risco de san��o a exporta��es
Fraude na produ��o de carne ter� profundas consequ�ncias no setor frigor�fico nacional, afetando diretamente a pecu�ria, inclusive em Minas, segundo o presidente da Faemg


Luiz Ribeiro

Minas tem 24,2 milhões de cabeças de bovinos, o segundo rebanho do país, e pode sofrer prejuízos com a descoberta do esquema de corrupção(foto: Solon Queiroz/Esp.EM/D.A press - 24/11/12)
Minas tem 24,2 milh�es de cabe�as de bovinos, o segundo rebanho do pa�s, e pode sofrer preju�zos com a descoberta do esquema de corrup��o (foto: Solon Queiroz/Esp.EM/D.A press - 24/11/12)

Bras�lia - As fraudes na industrializa��o e na venda de carnes no pa�s, investigadas na Opera��o Carne Fraca, deflagrada pela Pol�cia Federal ontem, v�o afetar em peso o setor frigor�fico, inclusive Minas Gerais. O alerta � do presidente da Federa��o da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Sim�es, que lembra que as fraudes poder�o resultar em san��es para as exporta��o da carne brasileira, que chega a 150 pa�ses, e atingem diretamente a pecu�ria do estado, que concentra o segundo rebanho nacional.

“� absolutamente lament�vel que ainda existam pessoas que praticam esse tipo de fraude. O produtor faz parte dele. Produz e entrega seus produtos. Depois, a gente v� revela��es estarrecedoras como estas (das fraudes nas carnes). Ent�o, tem que apurar e punir de forma exemplar aqueles que est�o envolvidos em fraudes dessa natureza”, afirma o presidente da Faemg.

Ele ressalta que as irregularidades na industrializa��o e no com�rcio de carnes poder�o trazer preju�zos para todo o setor, devido a san��es que poder�o ser impostas.”Poderemos sofrer puni��es e queda de consumo. Isso afeta totalmente Minas Gerais, que conta com uma grande produ��o de aves e de su�nos. Temos qualidade e confian�a. Mas, por causa da a��o de algumas pessoas inescrupulosas, poderemos perder essas condi��es e poderemos sofrer san��es, o que � muito lamentavel”, reclamou Sim�es.

O presidente da Faemg disse que ficou surpreso com o esquema fraudulento investigado na Opera��o Carne Fresca. “Como poder�amos imaginar que uma coisa dessa viesse acontecer com produtos de consumo e at� mesmo produtos da merenda escolar?”, comentou.

HONESTIDADE

“Acho que estamos vendo no Brasil hoje uma crise muito mais profunda. Ficamos cobrando honestidade dos pol�ticos. Toda hora vimos puni��o e devemos cobrar (honestidade). Mas � uma crise do povo brasileiro que estou vendo agora: em todo lugar que faz inqu�rito e bota Pol�cia Federal, voc� vai ver que tem fraude,, que tem propina... Nos precisamos mudar de atitude realmente porque um pa�s desse jeito n�o tem futuro”, concluiu.

Artistas t�m imagem vinculada

(foto: Reprodução/Internet)
(foto: Reprodu��o/Internet)

Bras�lia - Ironizados nas redes sociais com muitas memes, Tony Ramos, F�tima Bernardes e Roberto Carlos t�m a imagem vinculada a produtos das marcas atingidas pela Opera��o Carne Fraca, da Pol�cia Federal. Os artistas e a apresentadora, conhecidos em todo o pa�s, participaram de comerciais da Friboi e da Seara, dos frigor�ficos JBS e da Sadia e Perdig�o, da BRF Brasil. Desde 2015, F�tima Bernardes mant�m contratos de publicidade com a JBS. Ela � garota propaganda de produtos Seara, como presuntos, salsichas, tender e aves natalinas. Uma quebra de contrato chegou a ser estudada ap�s a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) divulgar que carnes processadas aumentam o risco de c�ncer. Mas, posteriormente, acabou renovado. O contrato da apresentadora com a empresa de carnes est� pr�ximo de terminar, ap�s tr�s anos de parceria. A tend�ncia � que n�o seja renovado ap�s as revela��es da Pol�cia Federal.

J� Tony Ramos se tornou o garoto propaganda mais marcante da carne Friboi, respons�vel, de acordo com a JBS, por um aumento de 20% nas vendas. Em entrevista ao portal Ego, o ator se disse surpreso com as den�ncias e alegou n�o ter contato direto com a JBS, tendo v�nculo apenas com a empresa de publicidade que o contratou. No entanto, afirmou que consome os alimentos da marca e, inclusive, usa em churrasco em sua resid�ncia.

Um dos maiores nomes da m�sica brasileira, Roberto Carlos tamb�m fez comerciais dos produtos das carnes Friboi. A contrata��o milion�ria foi anunciada em fevereiro de 2014, em um comercial que o “Rei” aparecia em um restaurante com um prato de carne � frente. Mas o grupo JBS rescindiu o contrato de R$ 45 milh�es, ap�s a publicidade virar piada nas redes sociais. Na �poca, Roberto entrou na Justi�a pedindo R$ 7 milh�es pelo rompimento do acordo, enquanto a empresa s� aceitava pagar R$ 3,2 milh�es.

De acordo com a assessoria de Roberto Carlos, o v�nculo com a JBS era apenas comercial e durou apenas dois meses, e por isso ele n�o foi informado sobre a opera��o.

Problemas com Uni�o Europeia

Genebra - As revela��es sobre a corrup��o nos certificados de carne v�o afetar as negocia��es entre o Brasil e a Uni�o Europeia para o estabelecimento de um acordo de livre com�rcio at� o final do ano e amea�am at� mesmo as exporta��es atuais. Ontem, a Confedera��o Europeia de Produtores Agr�colas indicou que est� estudando os acontecimentos no Brasil e poder� pedir que a diplomacia europeia restrinja qualquer nova abertura comercial ao Brasil nesse setor. Uma reuni�o entre o Mercosul e a UE est� marcada para o fim deste m�s, com o debate sobre as ofertas de liberaliza��o entre as duas partes e principalmente a situa��o sanit�ria. No ano passado, os blocos apresentaram o que poderiam abrir em termos comerciais, com o Mercosul sendo pressionado a liberalizar o setor industrial, enquanto a Europa � solicitada a reduzir tarifas para as exporta��es agr�colas dos pa�ses sul-americanos.

Um dos centros do pedido do Mercosul, por�m, � uma amplia��o de cotas para a exporta��o de carnes, o que n�o estava na primeira oferta. Bruxelas havia indicado que estava disposta a incluir, com a condi��o de que os brasileiros oferecessem maior abertura em setores estrat�gicos, como automotivo. Na semana passada, a entidade de produtores j� havia enviado uma carta confidencial � Comiss�o Europeia colocando duas exig�ncias A primeira era de que houvesse uma garantia que apenas um gado registrado e com monitoramento fosse autorizado a entrar em um acordo de exporta��o de carnes nacionais para o mercado europeu.

J� no comunicado, os europeus insistiam que n�o tinham confian�a no sistema de controle sanit�rio do bloco sul-americano. A carta ainda pedia aos diplomatas europeus que tamb�m n�o colocassem na lista de bens que poderiam entrar no mercado da UE o frango brasileiro alimentado a partir de certas ra��es consideradas ilegais na Europa.

Os produtores agr�colas t�m o apoio de cerca de 12 dos 27 pa�ses do bloco europeu, que resistem em aceitar qualquer tipo de liberaliza��o comercial para o setor rural. A Comiss�o Europeia at� este momento n�o se manifestou sobre o protesto dos produtores agr�colas.

Repercuss�o negativa

A imprensa internacional repercutiu a deflagra��o da Opera��o Carne Fraca, com foco no combate � corrup��o de agentes p�blicos federais e crimes contra a sa�de p�blica, que colocou sob os holofotes grandes empresas do setor, como a JBS e a BRF. De acordo com o jornal argentino Clar�n, com informa��es da AFP, a opera��o chamada em espanhol de “carne d�bil”, representa um “esc�ndalo no Brasil” que desmantelou uma “gigante rede de carne adulterada para exporta��o”. A publica��o ainda destacou que as a��es de grupos como JBS (dona das marcas Big Frango e Seara Alimentos) e a BRF (dona da Sadia e Perdig�o), registraram fortes perdas na Bolsa de S�o Paulo.

O jornal catal�o La Vanguardia destacou que a Pol�cia Federal desmantelou “uma gigantes organiza��o criminosa que envolvia v�rias das maiores produtoras de carnes do pa�s, que subornava agentes sanit�rios para poder vender carne adulterada, impr�pria para o consumo e at� vencida”. A mat�ria do Wall Street Journal sobre a opera��o repercutiu a informa��o de que ao menos um executivo da JBS � alvo da investiga��o e que 1.100 policiais de sete estados brasileiros trabalharam na a��o.

O Financial Times destacou que as principais empresas do setor de carne do Brasil “mergulharam em uma massiva investiga��o de fraude”. “As a��es das principais empresas do setor no Brasil, incluindo a maior companhia de prote�na do mundo, a JBS, baseada em S�o Paulo, despencaram ap�s a pol�cia anunciar uma investiga��o de corrup��o contra as empresas”, segundo reportagem do FT.O jornal brit�nico ainda repercutiu que autoridades do minist�rio de Agricultura e Pesca teriam agido para proteger os grupos e seus parceiros comerciais

A��es despencam

No dia em que a JBS publicou o balan�o patrimonial de 2016, quando obteve lucro l�quido de R$ 376 milh�es, a Opera��o Carne Fraca levou as a��es ordin�rias da empresa a registrarem um tombo de 11,18% na Bolsa de Valores de S�o Paulo (BM&FBovespa). Foi a maior queda registrada entre todos os pap�is. As a��es da BRF, outra empresa investigada, ca�ram 7,25%. Os duas retra��es foram as principais respons�veis pelo recuo de 2,39% do principal indicador do preg�o (Ibovespa), que encerrou a 64.210 pontos. O mau humor dos investidores foi imediato. Na quinta-feira, as a��es ordin�rias da BRF haviam encerrado cotadas a R$ 40. Na abertura do preg�o, �s 10h08, o valor j� estava em R$ 37,85. Ao fim do dia, o papel fechou vendido a R$ 37,10. O movimento foi semelhante entre as a��es da JBS, que iniciaram o preg�o comercializadas a R$ 11,38, redu��o de 5,1% em rela��o ao fechamento do dia anterior. Os pap�is da empresa terminaram a sexta-feira cotadas a R$ 10,72. A retra��o das a��es da JBS foi a maior desde 26 de outubro do ano passado. J� a queda dos pap�is da BRF foi a mais intensa desde 26 de fevereiro de 2016.


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