
Bras�lia – Al�m de ter gerado consequ�ncias sobre as exporta��es do Brasil, a Opera��o Carne Fraca escancarou atritos internos na Pol�cia Federal e entre �rg�os de investiga��o. No mesmo dia da deflagra��o da a��o policial, o governo passou a criticar a PF e a forma como a apura��o foi divulgada. Na esteira das cr�ticas, boa parte da classe pol�tica aproveitou para lan�ar ataques � Lava-Jato e articular a vota��o no Senado de uma medida pol�mica: o projeto de lei de abuso de autoridade. As trocas de farpas, por�m, ocorreram entre os pr�prios investigadores, que aproveitaram para reafirmar o discurso pela troca no comando do �rg�o, chefiado por Leandro Daiello desde 2011.
Ao longo da �ltima semana, n�o faltaram cr�ticas � divulga��o da Opera��o Carne Fraca, ao que o governo atribuiu parte da culpa pela queda nas exporta��es. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que faltou “amparo t�cnico” da PF e que havia “idiotices” e “fantasias” nas informa��es divulgadas. Apesar de defenderem a investiga��o em si, o discurso do governo ganhou coro dentro da pr�pria institui��o, como entidades de classe da Pol�cia Federal.
Na �ltima semana, a Federa��o Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) criticou abertamente um dos delegados da Carne Fraca, que tamb�m est� � frente da Lava-Jato. “Maur�cio Moscardi, por exemplo, n�o tem a menor condi��o de ser apresentado como coordenador de qualquer opera��o”, afirmou o presidente da Fenapef, Lu�s Boudens. Ele criticou o tom “midi�tico” do delegado Maur�cio Moscardi na entrevista coletiva da opera��o. E o presidente da Associa��o Nacional de Delegados Federais, Carlos Miguel Sobral, disse que houve um “erro” na divulga��o.
MUDAN�A A briga interna na PF e as cr�ticas a Moscardi, por�m, v�o al�m das pol�micas em torno da Carne Fraca. Delegados defendem abertamente a sa�da de Daiello. A insatisfa��o com o diretor-geral encontra cr�ticas, inclusive, na forma como tem sido conduzida a Opera��o Lava-Jato na PF. Moscardi � visto como um homem ligado ao diretor-geral, e desde a chegada dele em Curitiba, outros cinco delegados da Lava-Jato deixaram a opera��o.
M�rcio Adriano Anselmo, foi o primeiro a sair da opera��o e alegou cansa�o f�sico e emocional. Depois, deixaram os cargos os delegados Eduardo Mauat da Silva, Du�lio Mocelin Cardoso, que n�o tiveram as miss�es renovadas, e Luciano Flores. A delegada Erika Marena, que deu nome � opera��o, foi a �ltima a sair de Curitiba e passou a trabalhar em Santa Catarina.
Embora nenhum deles tenha alegado problemas com a chefia, internamente, a sa�da dos investigadores da opera��o desde o princ�pio foi atribu�da, em parte, a um mal-estar causado dentro da corpora��o ap�s a chegada do delegado Moscardi. Em fevereiro, a Associa��o Nacional de Delegados Federais divulgou uma nota na qual defende a sa�da de Daiello e pede que seja levada em conta a lista tr�plice, encabe�ada pela delegada Erika Marena, seguida por Rodrigo Teixeira e Marcelo Freitas.
Na �ltima semana, ao longo de um congresso organizado em Florian�polis, o desejo por mudan�as na chefia foi renovado. Na avalia��o dos policiais, Daiello n�o defende a institui��o como deveria, al�m de n�o ter tocado projetos considerados essenciais. “A equipe da Lava-Jato acabou sendo trocada, substitu�da, oxigenada. Aqueles colegas que deram origem � Lava-Jato n�o est�o mais l�. Foi cada um para outra unidade”, disse o presidente da Associa��o de Delegados da Pol�cia Federal (ADPF), Carlos Miguel Sobral. Apesar dos pedidos, inclusive da lista tr�plice entregue ao presidente Michel Temer, n�o h� perspectiva de troca no comando da PF.
BRIGA COM MP Al�m das brigas internas, a Pol�cia Federal tem uma rixa hist�rica com o Minist�rio P�blico Federal (MPF). A reclama��o, em v�rias esferas, se relaciona com a possibilidade de o MP promover investiga��es e o dom�nio sobre elas. A entrega das den�ncias em consequ�ncia das investiga��es � Justi�a cabe ao Minist�rio P�blico e n�o � PF. Na �ltima semana, o presidente da ADPF afirmou, por exemplo, que, no �mbito da Lava-Jato, o MP “ganhou o primeiro round” por ter feito uma boa a��o de marketing, ao contr�rio da Pol�cia Federal.