
A primeira labareda mais intensa foi sentida na semana passada. Em entrevistas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou Doria. "Gestor n�o inspira nada. Tem de ser l�der." Apresentar-se como um "gestor" da iniciativa privada foi um fator decisivo na campanha eleitoral pela Prefeitura de S�o Paulo.
Fa�scas de fogo amigo surgem nos grupos do senador Jos� Serra e do governador Geraldo Alckmin, que, nos bastidores, come�am a ensaiar as primeiras cr�ticas � gest�o Doria na Prefeitura.
Outra chamuscada foi dada pelos partidos aliados de Alckmin em S�o Paulo. O secret�rio-geral do PTB, deputado estadual Campos Machado, e Roberto Jefferson, presidente nacional da legenda, afirmaram que o PTB "apoia Alckmin, e n�o o PSDB" � Presid�ncia em 2018.
Para ficar mais claro, disseram que Doria n�o teria o apoio deles em uma candidatura. Setores do PHS e do PV foram na mesma linha.
Por causa disso, o prefeito avalia que suas chances de concorrer ao Planalto diminuem conforme aumentam as especula��es em torno de sua eventual candidatura.
Segundo um de seus auxiliares, o prefeito entende que administrar S�o Paulo e obter sucesso na empreitada �, hoje, seu maior capital pol�tico.
At� porque, como ficou claro, Doria n�o ter� apoio dos tr�s principais l�deres do PSDB em S�o Paulo caso queira se lan�ar, agora, no cen�rio eleitoral.
FHC, Serra e Alckmin n�o est�o interessados em t�-lo como pr�-candidato ao Planalto neste momento, j� que os dois �ltimos tamb�m cogitam concorrer a presidente. Quanto ao governo, ainda n�o h� consenso. Serra � mais refrat�rio � ideia, enquanto Alckmin se mostra menos resistente a cada dia.
Presidente nacional do PSDB, o senador A�cio Neves (MG) n�o fechou posi��o sobre o tema. Como disse um de seus aliados, A�cio n�o gosta da ideia porque ainda se coloca como candidato ao Planalto em 2018, mas tamb�m n�o desgosta porque � interessante para ele ver Doria agitando os bastidores do PSDB paulista.
Em p�blico e tamb�m reservadamente, Doria n�o se cansa de repetir que seu candidato a presidente � Alckmin, a quem deve a candidatura a prefeito e boa parcela do sucesso eleitoral.
N�o ser� tarefa f�cil, no entanto, para assessores diretos de Doria obedecerem � "lei do sil�ncio" imposta por ele.
O entorno mais pr�ximo do prefeito est� empolgado com seu modo de fazer pol�tica e de comandar. Acha que ele tem um dinamismo raro entre seus pares.
Por�m, quem conheceu seu estilo mais de perto nestes quase tr�s meses de gest�o diz que, caso ele identifique alguma "central de boatos eleitorais" na administra��o, ser� implac�vel na puni��o.
De fora pra dentro
Como ningu�m no PSDB assume a autoria ou mesmo reconhece um movimento concreto pr�-Doria 2018 dentro do partido, a maior for�a do prefeito neste momento est� entre os chamados "simpatizantes".
At� agora o mais barulhento deles � o Movimento Brasil Livre (MBL), que j� lan�ou Doria para a Presid�ncia da Rep�blica.
H� a��es pela candidatura Doria tamb�m entre o empresariado que tendem a ganhar mais corpo se o conjunto das dela��es da Odebrecht complicar o trio Serra, A�cio e Alckmin.
Se isso se confirmar, o mais prov�vel � que a "lei do sil�ncio" do prefeito seja ineficaz diante da temperatura pol�tica.