Bras�lia, 13 - Em dela��o premiada prestada no �mbito da Opera��o Lava Jato, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis revela o poder de influ�ncia que o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu tinha sobre a empresa, mesmo ap�s ter deixado o governo Lula em 2005 e ter sido condenado no processo do mensal�o em 2012.
No depoimento, Reis afirma que a Odebrecht fez doa��es, com recursos de caixa 2, para as campanhas � C�mara dos Deputados de Zeca Dirceu, filho do ex-ministro, nas disputas de 2010 e 2014.
"Ele disse: ah o Zeca est� apertado, veja se podem apoiar. E n�o pediu valor, mas a gente (doou) 250 mil em 2010 e 250 mil em 2014", diz Reis. Questionado sobre os interesses da empresa em fazer tais repasses, o ex-diretor considerou que Dirceu, apesar de fora do Pal�cio do Planalto, ainda poderia causar "danos" � Odebrecht.
"Apoiando o Zeca Dirceu o que n�s busc�vamos era na verdade n�o ter o Jos� Dirceu como inimigo... apoiar ao Zeca, ao filho dele, a gente considerava que era um apoio a ele. E era n�o t�-lo como inimigo, porque ele mesmo fora do governo, a gente achava que ele podia causar dano. Ainda tinha muita influ�ncia na m�quina e podia causar dano, ainda tinha seus tent�culos na m�quina", ressaltou Reis.
"Ele tinha muita penetra��o nos Estados e em algumas prefeituras. Em algum momento, n�s ach�vamos que at� na Presid�ncia da Rep�blica. Ele tinha seus contatos na Casa Civil. �s vezes, at� podia saber de informa��es nossas e passar para ouras", justificou.
No depoimento, o ex-dirigente afirma, contudo, que nas negocia��es tinha o cuidado de n�o passar a ideia ao petista de que o interesse era de n�o serem alvos de uma poss�vel repres�lia de Dirceu. "Nunca passamos o recibo de que esse era o prop�sito", ressaltou.
Monitoramento
Dirceu foi o principal coordenador pol�tico do primeiro governo de Lula e chegou a ser considerado como um "super ministro" devido ao poder dado a ele na �poca. O petista deixou o cargo em junho de 2005 em meio �s den�ncias de corrup��o nos Correios.
Ap�s deixar o governo do PT, Dirceu come�ou a atuar no exterior, o que levou a Odebrecht, em 2006, a acompanhar os passos do petista, com receio de ele atrapalhasse os interesses da empresa, em outros pa�ses.
"E ele vinha causando, de certa forma, alguns constrangimentos ou alguns problemas para as nossas opera��es l� fora", disse Fernando Reis. "A Odebrecht me pediu que o acompanhasse de alguma forma para que a gente n�o tivesse que ter um inimigo, para, de alguma forma, administrar, saber, estar pr�ximo dele para evitar problemas", emendou.
Condena��o
Em 2012, Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na a��o penal 470, pelo crime de corrup��o ativa. Em mar�o de 2017, voltou a ser condenado na Opera��o Lava Jato a 11 anos e tr�s meses pelos crimes de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro.
Outro lado
O advogado Roberto Podval, que defende Jos� Dirceu, afirma que s� ir� se manifestar depois de conhecer o teor das acusa��es contra o ex-ministro".
Em nota, o deputado federal Zeca Dirceu disse que n�o h� e nunca houve qualquer tipo de tratativa do parlamentar junto �s diretorias da Petrobras e/ou �s empresas investigadas na Lava Jato. "Apesar das in�meras investiga��es em andamento h� v�rios anos, n�o existe sequer uma �nica liga��o, e-mail, contato, agenda de reuni�o, testemunho, dela��o ou coisa parecida em rela��o a qualquer atitude do parlamentar que o ligue ao assunto Petrobras / Lava Jato ou a qualquer tipo de ilegalidade", afirmou. "� importante destacar, que nunca houve qualquer pedido do parlamentar a envolvidos na Lava Jato, fato j� testemunhado por v�rios outros delatores e agora comprovado pelo pr�prio delator Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis", completou.
Segundo o deputado, todas as doa��es recebidas nas campanhas de 2010 e de 2014 foram legais, declaradas e aprovadas pela Justi�a Eleitoral sem ressalvas. O deputado refor�a sua confian�a no Supremo Tribunal Federal e no trabalho de investiga��o da Pol�cia Federal.