S�o Paulo, 15 - A campanha do deputado estadual Jorge Picciani (PDMB-RJ) ao Senado, em 2010, entrou na mira da dela��o da Odebrecht. O executivo Benedicto J�nior, o BJ, revelou que o Departamento de Propinas da empreiteira fez tr�s dep�sitos, no valor correspondente a R$ 5 milh�es, em favor de Picciani. O dinheiro foi transferido para uma conta do banco BVA no exterior, afirma o delator. A investiga��o foi remetida para o Tribunal Regional Federal da 2� Regi�o.
BJ declarou ao Minist�rio P�blico Federal que foi procurado por Picciani no primeiro semestre de 2010. �Estive em uma reuni�o com Jorge Picciani, no diret�rio do PMDB no Rio de Janeiro, localizado na Rua Almirante Barroso, 72/8� andar, centro�, relatou.
�Ele me solicitou que eu avaliasse a possibilidade de fazer doa��o de campanha para a candidatura que ele postulava ao Senado. Ele me mostrou a dificuldade que ia ser a competi��o, porque ele ia competir com o Lindbergh (Farias, do PT) e tinha mais um outro candidato, o C�sar Maia. Foi uma disputa acirrada. Diante dessa vis�o dele de dificuldade, demonstrou a necessidade de que eu fizesse uma doa��o de R$ 5 milh�es. Tendo em vista a rela��o que ele tamb�m tinha com algumas pessoas do grupo, por conta de ele ser empres�rio privado na �rea de cria��o de boi, tendo em vista a rela��o que ele desenvolveu comigo a partir dessa rela��o com pessoas que ele convivia no grupo e a proemin�ncia dele no PMDB do Rio de Janeiro, eu avaliei que para n�s seria muito se ele ganhasse a elei��o.�
O delator afirmou que Picciani lhe disse que pediria a Jos� Augusto, dono do banco BVA, para operacionalizar os pagamentos ilegais. BJ disse que autorizou a equipe do executivo Hilberto Mascarenhas, l�der do Departamento de Propina, a efetuar os dep�sitos na conta indicada pelo ent�o candidato ao Senado.
Segundo Benedicto J�nior, foram realizados 3 dep�sitos no valor de 700 mil euros entre os meses de maio e setembro de 2010, em conta no exterior do banco BVA, totalizando aproximadamente R$ 5 milh�es. BJ disse ainda que em uma nova reuni�o no mesmo local, informou a Jorge Picciani que parte da doa��o seria realizada utilizando recursos de Caixa 2, com que houve sua concord�ncia.
�Decidi fazer essa contribui��o�, afirmou BJ. �Ele me informou que eu ia ser procurado pelo Jos� Augusto, dono do banco BVA para tratar dessa contribui��o. Passado um tempo, o Jos� Augusto me procurou, eu o coloquei em contato com o pessoal nosso de Opera��es Estruturadas.�
Ao Minist�rio P�blico Federal, o delator relatou ainda uma nova investida de Picciani dois anos depois.
�Em 2012, dr. Jorge me procurou atuando como arrecadador do PMDB, na �poca eram campanhas municipais, me pediu que eu fizesse uma doa��o no montante de R$ 400 mil. Eu organizei com o setor de opera��es estruturadas�, relembra. �N�s fizemos mais uma doa��o de R$ 400 mil sob o codinome �Grego�.�
BJ contou que o pagamento foi feito por meio do doleiro Alvaro Novis.
Questionado pelo Minist�rio P�blico Federal se havia pedido uma contrapartida a Picciani, o delator negou. �Nunca pedi nada a ele.�
Em mar�o passado, Picciani foi levado pela Pol�cia Federal para depor coercitivamente na Opera��o O Quinto do Ouro, que investiga esquema de corrup��o instalado no Tribunal de Contas do Estado do Rio envolvendo cinco conselheiros.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa de Jorge Picciani e a massa falida do Banco BVA nesta sexta-feira, 14. O espa�o est� aberto para manifesta��o.