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Estado de Minas

Conhe�a Marcelo Odebrecht, o homem que comprou o Brasil: propinas chegaram a R$ 10 bilh�es

Como o executivo se tornou um dos homens mais poderosos do Brasil ao negociar nos bastidores pagamentos bilion�rios a pol�ticos e partidos at� ser preso e condenado por Moro


16/04/2017 07:30 - atualizado 16/04/2017 08:02

Marcelo Odebrecht comandou o grupo que pagou ilegalmente US$ 3,37 bilhões em nove anos
Marcelo Odebrecht comandou o grupo que pagou ilegalmente US$ 3,37 bilh�es em nove anos (foto: Heuler Andrey/AFP)

“L� em casa, quando as minhas meninas tinham uma briga, eu perguntava:'Quem fez isso?' Talvez eu brigasse mais com quem dedurasse do que com aquele que fez o fato”. A resposta de Marcelo Bahia Odebrecht, de 48 anos, quando questionado em 2015, na CPI da Petrobras, se tinha inten��o de fazer acordo de dela��o premiada, deixa clara a mudan�a de postura do hoje ex-presidente da maior construtora da Am�rica Latina ap�s um ano e oito meses atr�s das grades.

A conduta arrogante e inconformada do empres�rio, que j� esteve entre os 10 mais ricos do Brasil, se transformou ap�s sucessivas derrotas na Justi�a (com habeas corpus negados sucessivamente) e da condena��o a 19 anos e quatro meses por corrup��o, lavagem de dinheiro e associa��o criminosa na Opera��o Lava-jato. Em dezembro, Marcelo resolveu contar em detalhes tudo que sabia sobre pagamentos ilegais que chegaram em nove anos a US$ 3,37 bilh�es (mais de R$ 10 bilh�es) para pol�ticos de quase todos os partidos, empres�rios, lobistas, sindicalistas e at� lideran�as ind�genas.

Ao atender o pedido do promotor para falar olhando diretamente para a c�mera, Marcelo revela, com um certo ar de banalidade e distanciamento, os detalhes sobre negocia��es que ocorreram em gabinetes e salas de reuni�es e de estar dos principais nomes da pol�tica nacional. “N�o conhe�o nenhum pol�tico que consiga se eleger sem caixa 2. Isso n�o existe. O pol�tico pode at� dizer que n�o sabia, mas o que disser que n�o recebeu caixa 2 est� mentindo”, afirmou.

Ao longo das v�rias horas de depoimentos aos promotores e ao juiz S�rgio Moro, o empres�rio, que se permite at� a divagar at� sobre a institucionaliza��o do caixa 2 nas campanhas eleitorais e cita a distribui��o de dinheiro para partidos como forma de servir ao sistema pol�tico, admite que “ser um grande doador � sempre melhor” para manter as rela��es com os grupos influentes. “Pagar caixa 2 virou coisa t�o comum que n�o era mais tratado como crime, era tratado como algo necess�rio. Fazia parte, j� que o caixa 1 era uma parte muito pequena de nossa contribui��o”, justificou Marcelo.

ASCENS�O E QUEDA


Herdeiro de uma dinastia de empreiteiros, o engenheiro civil baiano Marcelo Odebrecht entrou na empresa da fam�lia logo ao se formar na Universidade Federal da Bahia, em 1992, e teve como primeiro trabalho a constru��o de um edif�cio em Salvador. Ambicioso e met�dico, rapidamente tomou conta de outros projetos, como a constru��o de uma hidrel�trica em Goi�s. Depois partiu para o exterior, trabalhou na montagem de plataformas de petr�leo na Inglaterra e fez um MBA nos EUA.

Voltou ao Brasil no fim dos anos 1990 como uma das maiores refer�ncias do setor de petroqu�mica. Poucos anos depois, em 2002, assumiu a presid�ncia da construtura Odebrecht. Aos 40 anos, em dezembro 2008, ele chegou ao topo do conglomerado da fam�lia, o Odebrecht S.A., com 15 empresas. Arrojado, avan�ou no setor de petroqu�mica com a consolida��o da Braskem e abriu mais canteiros de obras para a empresa em 21 pa�ses.

Sob a gest�o de Marcelo, a Odebrecht saltou de uma receita de R$ 38 bilh�es, em 2009, para R$ 107 bilh�es em 2014. O crescimento representou tamb�m uma participa��o cada vez maior no jogo pol�tico. Em seus depoimentos ele afirmou que doa��es e negocia��es com pol�ticos s�o comuns na empresa h� d�cadas, mas com o aumento da import�ncia da construtora na economia aumentaram tamb�m as demandas de pol�ticos por doa��es para campanhas.

“At� a d�cada de 1980, os pagamentos n�o contabilizados eram feitas nas pr�prias obras. As empresas que queriam fazer os pagamentos n�o contabilizados faziam. A partir da d�cada de 1990, se adotou o modelo que existe at� hoje: gerar recursos n�o contabilizados e distribuir em off shores no exterior. O modelo ent�o foi evoluindo para gerar efici�ncia fiscal e n�o ter riscos fiscais”, explicou Marcelo aos investigadores.

Em 2015, Marcelo apareceu na Revista Forbes como um dos mais ricos do Brasil, com fortuna estimada em R$ 13,1 bilh�es. Desde sua pris�o, em 19 de junho de 2015, quando os agentes invadiram o condom�nio de luxo no Morumbi, Zona Sul de S�o Paulo, Marcelo passou por uma transforma��o. As ordens dadas aos outros diretores que dividiam cela na carceragem da Pol�cia Federal, em Curitiba, foram aos poucos dando lugar a uma postura mais humilde, sempre com cabe�a baixa (segundo agentes policiais).

O empres�rio que afirmou que os delatores eram “dedos-duros” acabou obrigado a fazer o mesmo para evitar passar mais de 10 anos na pris�o, longe da fam�lia e do conforto no qual estava acostumado. No acordo fechado com o Minist�rio P�blico Federal, os advogados de Marcelo conseguiram reduzir sua pena e ele deve ficar preso em regime fechado at� dezembro deste ano.


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