Genebra, 18 - As contas de operadores de Jos� Serra na Su��a e offshores ligadas ao esquema suspeito est�o sendo alvo de investiga��es e o Minist�rio P�blico Federal j� deixou claro que quer a coopera��o das autoridades su��as para que congelem os recursos de Ronaldo Cezar Coelho, suspeito de ter sido um dos operadores da campanha de Jos� Serra � presid�ncia em 2010.
Delatores da Odebrecht tamb�m denunciaram Coelho por ter sido um dos intermedi�rios do dinheiro que alimentou as contas da campanha de Serra. Um deles, o ex-superintendente da Odebrecht em S�o Paulo Carlos Armando Paschoal, afirmou em depoimento que a empreiteira pagou R$ 24,6 milh�es em propinas ao PSDB como contrapartida de um acordo no qual a gest�o do ex-governador de S�o Paulo (2007-2010) aceitou ressarcir a construtora em R$ 191,6 milh�es em processo judicial referente � constru��o da Rodovia Carvalho Pinto, no fim da d�cada de 1990.
Outro delator que tamb�m confirmou o pagamento foi o ex-executivo da construtora Pedro Novis. Segundo ele, "23 milh�es de reais que foram doados e foram doados de duas formas: a opera��o foi cuidada e tratada pelo diretor da CNO em SP, Paschoal, e fui procurado, por indica��o do Sergio (Guerra) e do ministro Serra, por Ronaldo Cezar Coelho e Marcio Fortes, ambos com a incumb�ncia de receber esses recursos�, disse.
Teria sido Serra quem comunicou que Ronaldo Cezar Coelho e Marcio Fortes seriam os respons�veis por organizar o recebimento do dinheiro. Coelho, na �poca, era tesoureiro do PSDB, enquanto Marcio Fortes era tesoureiro de Serra.
O assunto das contas de Coelho estava na pauta da reuni�o que teria de ter ocorrido em janeiro entre o Procurador Geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, e o procurador su��o, Michael Lauber. Mas, diante da morte do ministro do STF Teori Zavascki e do cancelamento do encontro, o assunto foi adiado.
Ainda assim, o jornal
O Estado de S. Paulo
apurou que procuradores brasileiros mantiveram o pedido e que o objetivo � o de tentar examinar a rela��o entre o operador e a campanha do PSDB.
Questionados, os su��os se recusaram a dar informa��es � reportagem se j� abriram ou n�o um inqu�rito em rela��o ao operador. "O Escrit�rio do Procurador-Geral da Su��a n�o est� em uma posi��o de revelar qualquer tipo de informa��o relacionada a pessoas possivelmente ligadas a processos criminais", respondeu o MP su��o ao ser questionado sobre Coelho.
A reportagem apurou que os repasses a ele foram feitos em nome de duas offshores. Foram nove pagamentos que totalizam R$ 6,25 milh�es para a HTW Energy, com sede na Su��a, e 3,75 milh�es de euros para a CDG Energy Trading, com sede nas Ilhas Virgens Brit�nicas, para�so fiscal no Caribe. Todas elas operadas pelo setor de propinas da Odebrecht. O ex-executivo da construtora Luiz Eduardo Soares, que comandou o departamento, tamb�m confirmou os repasses.
O MP su��o, por�m, garante que n�o tem qualquer investiga��o aberta em rela��o ao nome de Jos� Serra. "Podemos informar que, at� o presente momento, o escrit�rio do Procurador Geral da Su��a n�o conduz um processo criminal contra a pessoa mencionada", indicou.
Ronaldo Cezar Coelho j� admitiu que recebeu repasse de dinheiro do PSDB na Su��a. Em Berna, apesar do sil�ncio oficial do MP, fontes pr�ximas ao caso admitem � reportagem que o financiamento de campanha est� no centro das aten��es.
A informa��o do MP � de que o ex-deputado aderiu ao programa de repatria��o de recursos, supostamente legalizando o dinheiro que teria no exterior. Assim, Cezar Coelho pagou uma parcela do valor do que declarou. Mas n�o repatriou o dinheiro, que continuariam em contas na Su��a.
Na avalia��o do MP, C�sar Coelho pode ter escapado do crime de sonega��o e evas�o. Mas n�o das suspeitas de lavagem de dinheiro. Por isso, procuradores querem agora que a Su��a abra uma investiga��o e pe�a aos bancos envolvidos nas contas do operador os extratos para avaliar de quem recebeu e, eventualmente, a quem pagou.
Defesas
Procurada, a assessoria de Serra respondeu, em nota, que o senador n�o recebeu vantagens indevidas da Odebrecht, nem tomou medidas que tenham beneficiado a empresa em nenhum dos cargos que ocupou, "como afirmou o seu ex-presidente Pedro Novis em depoimento".
"O obra da liga��o entre a Dutra e a Carvalho Pinto foi conclu�da muito antes de Serra ser governador. Uma decis�o judicial fez com que o Estado tivesse que pagar uma indeniza��o � Odebrecht." Ainda de acordo com a nota, "o senador Jos� Serra sempre pautou sua carreira pol�tica na austeridade em rela��o aos gastos p�blicos. A abertura da investiga��o � �til para comprovar a lisura de sua conduta".
O PSDB refor�ou que Serra j� havia se manifestado sobre o assunto e informou que n�o conseguiu contato com o ex-deputado M�rcio Fortes. Sobre Cezar Coelho, o partido preferiu n�o comentar - uma vez que ele n�o � mais ligado � sigla.