S�o Paulo, 19 - O executivo da Odebrecht Alexandrino de Alencar afirmou, em dela��o premiada, que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva era um "popstar" em pa�ses da �frica e da Am�rica Latina. Segundo ele, o petista era um "cart�o de visitas" da construtora. Alexandrino destacou a import�ncia de que chefes de Estado soubessem que Lula tinha uma rela��o diferenciada com o grupo. De acordo com o depoimento, a empreiteira promovia palestras do ex-presidente para "vender o Brasil" e que convidava jornalistas e formadores de opini�o para "mostrar a rela��o" da empresa com Lula.
Alexandrino alega ter sido apresentado ao ex-presidente por Em�lio Odebrecht, em 1994. O patriarca do grupo havia conhecido Lula por meio do ex-governador de S�o Paulo M�rio Covas (PSDB/1995/2001). "Na �poca o grupo estava iniciando uma investida extremamente agressiva na �rea de petroqu�mico. E, como essa �rea antes era estatal, precis�vamos conversar com lideran�as sindicais mais � esquerda de modo a tentar influenci�-los e mostrar que n�o era uma ruptura que estava acontecendo e sim uma continuidade de uma maneira mais competitiva e mais aberta".
A rela��o teria continuado, segundo o diretor da Odebrecht, ap�s o per�odo em que Lula se elegeu � presid�ncia da Rep�blica. O interlocutor do grupo com o petista teria sido o homem forte do chefe do executivo Gilberto Carvalho, que recebeu o apelido de "seminarista" em trocas de e-mails de executivos da construtora. "Em�lio tinha algumas reuni�es com lula, se ficava alguma pend�ncia de agenda depois eu cobrava o Gilberto. Ficou aquela pend�ncia, como est� andando? Ele fazia um follow up do que estava andando".
Quando Lula viajava a pa�ses do exterior, ainda � �poca em que estava na presid�ncia da rep�blica, a Odebrecht enviava documentos sobre a situa��o das obras da construtora no pa�s para que o petista levasse durante as visitas. Usualmente, a "ajuda de mem�ria" era elaborada por diretores da empreiteira nos pa�ses e passava pelo crivo de Marcelo Odebrecht, segundo relata o delator.
"Ele ia para o Peru, para o Panam�, onde t�nhamos obras, ent�o mand�vamos uma ajuda de mem�ria de uma p�gina, n�o mais do que isso, para contextualizar o presidente nos assuntos do Panam�", relatou.
J� � �poca em que havia sa�do da presid�ncia, de acordo com os depoimentos da Odebrecht, a empreiteira teria financiado palestras do petista por meio do Instituto Lula. A primeira delas teria sido no Panam�, onde a Odebrecht tinha contratos para obras p�blicas. "Ele foi fazer uma palestra com empres�rios e a presen�a do presidente Martinelli. Depois, tivemos um jantar no qual estava o presidente Martinelli e voltamos para o Brasil. Formadores de opini�o, a imprensa, as obras, isso tudo cria um 'goodview' interessante do pa�s".
Alexandrino de Alencar lembrou que os valores eram acertados com Paulo Okamotto, que usou, como pre�o a se cobrar, o "par�metro Bill Clinton" e de outros "presidentes internacionais", que cobravam na faixa de US$ 100 mil. "Subiu a r�gua e precificou US$ 200 mil. Que me conste, as quarenta e tantas palestras que ele fez foram todas US$ 200 mil d�lares".
"O Lula � uma figura nos pa�ses na �frica e Am�rica Latina, quase um 'popstar'. Com respeito, ent�o ele levava uma imagem positiva. N�s combin�vamos, e que � muito p�blico, que todo lugar que ele ia, ele fazia uma palestra. Uma palestra de vender o Brasil. Logicamente, que nosso pessoal l� estava por tr�s convidando formadores de opini�o e jornalistas para mostrar essa rela��o nossa com ele".
Segundo o delator, as palestras n�o "abriam portas", mas eram um "cart�o de visita muito importante o presidente do pa�s saber que ele tinha uma rela��o diferenciada com o grupo".