
Na audi�ncia desta quinta-feira, 20, em que foi interrogado pelo juiz federal S�rgio Moro como r�u em a��o penal da Opera��o Lava Jato, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Ant�nio Palocci dedicou alguns minutos - at� ser interrompido pelo magistrado - ao "socorro" que o governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva prestava a empresas.
Nesta a��o, Palocci tem a companhia, no banco dos r�us, do empreiteiro Marcelo Odebrecht e do casal Jo�o Santana e M�nica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais do ex-presidente (2006) e da ex-presidente Dilma Rousseff (2010-2014) - o empres�rio, condenado a 19 anos e 4 meses de pris�o; os publicit�rios, a 8 anos e 4 meses.
No interrogat�rio, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil respondia �s indaga��es sobre o suposto papel de captador de propinas milion�rias da Odebrecht para abastecer o caixa do PT - uma planilha apreendida na empreiteira indica o repasse de pelo menos R$ 128 milh�es para o codinome "Italiano", que a for�a-tarefa da opera��o sustenta ser Palocci, o que ele nega taxativamente.
"Jamais faria isso. Eu fui ministro da Fazenda", afirmou, ao ser indagado sobre pagamentos na campanha presidencial de 2010. Palocci negou, "peremptoriamente", a Moro que tenha operado recursos de campanha no exterior. Na audi�ncia, o advogado dele, o criminalista Jos� Roberto Batochio, fez a pergunta. “O sr. interferiu, gerenciou, administrou, autorizou qualquer pagamento na campanha de 2010 no exterior?”
“Absolutamente, n�o, digo de forma perempt�ria”, respondeu. Batochio insistiu. “Isso se aplica a Jo�o Santana, M�nica Moura ou qualquer fornecedor de qualquer campanha?
Palocci foi incisivo. “Isso se aplica a Jo�o Santana, M�nica Moura. Eu nunca tratei onde seria pago, com ningu�m, ningu�m.”
Santana e M�nica fecharam acordo de dela��o premiada. Na segunda-feira, 16, o marqueteiro declarou ao juiz federal que se encontrou com o Palocci no Pal�cio do Planalto, quando Lula era presidente, e que o ent�o ministro o apresentou � empreiteira. De acordo com Santana, Palocci o avisou que a Odebrecht pagaria a ag�ncia de publicidade dele no exterior.
“Eu n�o operava recursos de campanha”, negou o ex-ministro da Fazenda nesta quinta-feira, 20. “De qualquer fornecedor, de qualquer campanha. Primeiro, que eu nunca tratei onde seria pago. Ent�o, esse assunto nunca apareceu para mim onde pagar.” Ent�o, falou sobre as rela��es da gest�o do PT com as empresas. “O governo, muitas vezes, salva empresas.”
“Mas, sr. Palocci, isso n�o � objeto da acusa��o”, interrompeu Moro. O ex-ministro insistiu e a� revelou a estrat�gia de defesa para justificar a proximidade com a empreiteira que escalou 77 executivos para delatar propinas pelo Pa�s afora. “� que nesse mesmo per�odo, quero comparar porque nesse mesmo per�odo a Braskem (bra�o petroqu�mico da Odebrecht) nos procurou para pedir apoio t�cnico. Se uma empresa pudesse pedir uma coisa nessa �poca, era a Odebrecht. Ela tinha um relacionamento muito grande com o governo. Era uma �poca de crise. A Braskem estava quase quebrada.”
Em outro trecho do relato, Palocci admitiu como fazia a abordagem. “Sempre dizia para o empres�rio: ‘Olha atenda o tesoureiro da campanha, atenda… veja se voc� pode ajud�-lo’”, confessou. “Evidentemente, eu pedia recursos para as empresas acreditando que elas iriam tratar da melhor maneira poss�vel. Eu falava, inclusive: 'Olha, vou falar para o tesoureiro levar os recibos, os b�nus para voc� contribuir’, sempre falei nesses termos.”