
Os protestos contra as reformas trabalhistas e da Previd�ncia e a Lei da Terceiriza��o reuniram milhares de pessoas nessa sexta-feira em Belo Horizonte. O movimento que pregou greve de todas as categorias foi liderado na capital mineira pelas centrais sindicais e, principalmente, pelos sindicatos dos professores das redes p�blica e particular e dos banc�rios. Com faixas e cartazes, os professores foram para os cruzamentos das avenidas Afonso Pena e Amazonas, e fecharam a Pra�a Sete. Integrantes das centrais sindicais que se concentraram na Pra�a da Esta��o tamb�m se deslocaram para o local. Para a Central �nica dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), foi o maior ato j� realizado no estado nos �ltimos anos.
O protesto dos professores come�ou por volta 9h30. O grupo se concentrou na Avenida Ant�nio Carlos e seguiu em passeata at� a Pra�a Sete. Na Pra�a da Esta��o, debaixo de chuva, grupos da CUT, servidores do Judici�rio, Correios e outros �rg�os p�blicos se concentraram desde o in�cio da manh� e, por volta das 10h45, come�aram a de deslocar em dire��o � Pra�a Sete. Os dois grupos se encontraram no obelisco, ponto alto do protesto. A CUT calcula, cerca de 150 mil pessoas participaram da manifesta��o em BH. A Pol�cia Militar n�o divulgou estimativa de p�blico. No estado, ocorreram outros 60 atos.
Depois de mais de seis horas de protesto, que ocorreu de forma pac�fica, os manifestantes come�aram a dispensar por volta das 16h. Na Pra�a Raul Soares, na Regi�o Centro-Sul de BH, um grupo batucava e gritava palavras de ordem contra as mudan�as nas leis trabalhistas aprovadas pela C�mara na quarta-feira e tamb�m contra o governo de Michel Temer (PMDB). Outro grupo ainda animou e estendeu um pouco mais o percurso e encerrou a mobiliza��o na Pra�a da Assembleia, no Bairro Santo Agostinho.
Na avalia��o da presidente da CUT de Minas, Beatriz Cerqueira, o movimento cumpriu seu objetivo. “O balan�o � muito positivo. Foram mais de 60 atos em todo o estado, com isso, tivemos a maior paralisa��o j� feita em Minas”, comemorou. Ainda segundo Beatriz, a inten��o � de que todos permane�am mobilizados, uma vez que as reformas ainda est�o tramitando no Congresso e � necess�rio mostrar ao governo o posicionamento do trabalhador que n�o est� satisfeito com as medidas. Para os pr�ximos dias, outros protestos est�o programados. Na segunda-feira, Dia do Trabalho, as centrais sindicais pretendem realizar novos atos na Missa do Trabalhador, na Pra�a da Cemig, em Contagem, na regi�o metropolitana.
A dona de casa C�tia Xavier, 55 anos, disse que est� perto de se aposentar, mas est� preocupada com os filhos. “Estamos voltando uns 100 anos, tudo que conquistamos estamos perdendo: f�rias, 13º, e vem a terceiriza��o, isso � um absurdo, uma escravid�o”, afirma. Para C�tia, o protesto tinha que ter tido mais participa��o de populares. “Era pra estar todo mundo aqui. � melhor perder um dia de trabalho do que a aposentadoria”, disse.
A freira Cec�lia foi � Pra�a da Esta��o com um grupo da Congrega��o das Irm�zinhas da Imaculada Concei��o. “Viemos protestar porque do jeito que est� o pa�s n�o est� legal. Os direitos dos trabalhadores est�o sendo destru�dos de uma hora para outra”, afirmou. A irm� afirma que a fundadora da congrega��o, Santa Paulina, deixou-lhes a miss�o de servir aos mais necessitados. “Estamos junto daqueles que precisam para defender a vida. Aqui � um espa�o para isso”, disse.
Integrantes do governo e o pr�prio presidente Michel Temer minimizaram as manifesta��es. Para Temer, os atos n�o v�o significar recuo nas reformas. No entanto, para Beatriz Cerqueira, a baixa popularidade do peemedebista – pesquisa recente mostra que apenas 4% da popula��o considera o governo bom ou �timo –, a falta de apoio, inclusive da base de governo, o descredencia para promover os ajustes. “N�o vai haver recuo nosso. Temer n�o tem moral para realizar isso. A popula��o n�o votou nele, nem no plano de governo dele. A popula��o n�o votou nessas reformas e vamos continuar fazendo o enfrentamento”, afirmou.
Durante o protesto, al�m da acusa��o de que o governo est� reduzindo direitos garantidos pela CLT, os parlamentares mineiros que votaram a favor da reforma trabalhista e Lei da Terceiriza��o tamb�m n�o foram poupados. Os deputados tiveram os nomes citados, enquanto manifestantes gritavam palavras de ordem contra eles. Dos 49 deputados de Minas que participaram da sess�o que apreciou a reforma trabalhista, 29 votaram sim.