
Bras�lia - Depois da paralisa��o nacional da �ltima sexta-feira organizada por centrais sindicais e das cr�ticas de aliados do governo como o senador Renan Calheiros (PMDB) �s reformas, maio come�a quente no Congresso Nacional com a discuss�o das mudan�as na Previd�ncia e legisla��o trabalhista. O governo tem pressa e mobiliza sua base pela aprova��o, mas ter� de trabalhar muito para quebrar resist�ncias na pr�pria base. Na C�mara dos Deputados, ser� na quinta-feira a vota��o, na comiss�o especial, do substitutivo que traz as novas regras para as aposentadorias no Brasil. As discuss�es em torno do relat�rio do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) sobre as altera��es nas regras previdenci�rias terminam amanh�. No Senado, come�a nesta semana a tramita��o da reforma trabalhista aprovada pelos deputados no dia 26. Assim que chegar � casa, o projeto ser� publicado, numerado e encaminhado para comiss�es tem�ticas.
As discuss�es sobre as altera��es na legisla��o trabalhista devem gerar grandes embates no Senado. Assim como na C�mara, a proposta n�o deve encontrar consenso entre os senadores. Governistas e oposi��o j� se manifestaram de maneira divergente. Jos� Medeiros (PSD-MT), por exemplo, defende a moderniza��o das regras porque as novas rela��es entre trabalhadores e patr�es exigem normas mais adequadas � realidade de mercado. O senador critica os que, segundo ele, est�o “condenando” a reforma trabalhista e “criminalizando quem gera empregos”. “Toda norma com o tempo fica obsoleta. � o caso da legisla��o trabalhista brasileira, que tem mais de 60 anos. As rela��es de trabalho mudaram muito. H� rela��es que n�o s�o mais abarcadas pela lei. O que se pretende � modernizar”, disse Jos� Medeiros em entrevista � TV Senado.
J� as senadoras �ngela Portela (PDT-RR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) avisaram ser contra a reforma que vai “precarizar” a situa��o dos trabalhadores, tirando-lhes direitos conquistados com sacrif�cio. Ambas criticam principalmente a parte do projeto que d� mais for�a ao que for negociado entre trabalhadores e patr�es do que ao que est� na lei, a chamada preval�ncia do negociado sobre o legislado.
Para ser aprovado, o projeto precisar� de maioria simples, ou seja, metade dos senadores presentes mais um voto. A proposi��o a ser analisada prev�, al�m da supremacia do negociado sobre o legislado, o fim da assist�ncia obrigat�ria do sindicato na extin��o e na homologa��o do contrato de trabalho. Al�m disso, extingue a contribui��o sindical obrigat�ria de um dia de sal�rio dos trabalhadores. H� tamb�m mudan�as nas f�rias, que poder�o ser parceladas em at� tr�s vezes no ano e regras para o trabalho remoto, tamb�m conhecido como home office. Para o patr�o que n�o registrar o empregado, a multa foi elevada e pode chegar a R$ 3 mil. Atualmente, a multa � de um sal�rio-m�nimo regional.
Para dificultar, n�o s� a oposi��o critica. O senador Renan Calheiros, l�der do PMDB no Senado, j� avisou que do jeito que est�, o texto da reforma n�o passa. Tentando manter distanciamento do governo e de olho nas elei��es do ano que vem, Renan vem apregoando que as reformas do governo s�o prejudiciais aos trabalhadores.
MUDAN�A NAS LEIS TRABALHISTAS
Principais pontos do parecer da reforma:
» As f�rias poder�o ser parceladas em tr�s vezes ao longo do ano.
» A contribui��o sindical, hoje obrigat�ria, passa a ser opcional.
» Patr�es e empregados podem negociar, por exemplo, jornada de trabalho e cria��o de banco de horas.
» Haver� multa de R$ 3 mil por cada trabalhador n�o registrado. No caso de micro e pequenas empresas, o valor cai para R$ 800.
» O trabalho em casa (home office) entra na legisla��o e ter� regras espec�ficas, como reembolso por despesas do empregado.
» Ju�zes poder�o dar multa a quem agir com m�-f� em processos trabalhistas.
» Gestante pode trabalhar em ambiente insalubre desde que apresente atestado m�dico comprovando que n�o h� risco para ela ou o feto.
Disputa por mais 12 votos

O discurso de outros parlamentares, no entanto, mostra que a vit�ria n�o ser� assim t�o f�cil. O deputado Arnaldo Faria de S� (PTB-SP), por exemplo, avalia que o governo j� perdeu vota��es na quest�o do ajuste fiscal dos estados e n�o conseguiu uma vit�ria expressiva na reforma trabalhista. O petebista acredita que os votos contr�rios v�o crescer com as manifesta��es de rua e com o maior esclarecimento da popula��o.

A oposi��o promete se mobilizar para derrotar a reforma. O deputado Pepe Vargas (PT-RS) disse que vai votar contra, mas aceita discutir a quest�o de outra maneira: “N�o tem negocia��o em torno desta proposta. Tem que ser rejeitada e a� se iniciar um debate s�rio sobre o futuro da Previd�ncia, � luz da transi��o demogr�fica real que vai acontecer, � luz de uma previs�o de desenvolvimento do pa�s. Da�, sim, a gente pode fazer um debate.”