R� por corrup��o e lavagem de dinheiro do esquema de corrup��o do marido, o ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB), a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, que est� em pris�o domiciliar, pode ser mandada de volta � cadeia por ter movimentado sua conta banc�ria no Ita�, bloqueada a mando da Justi�a, quando estava presa.
"Causa estranheza. Os investimentos deveriam estar bloqueados, para o ressarcimento dos cofres p�blicos (do dinheiro de corrup��o desviado). Ela podia dispor s� da participa��o dos lucros do escrit�rio de advocacia (do qual � s�cia). O Minist�rio P�blico vai solicitar e o Ita� vai ter de esclarecer" disse, ap�s o depoimento, o procurador Rodrigo Timoteo.
Adriana foi presa em dezembro e liberada para ir para casa em mar�o. Ela est� em pris�o domiciliar em seu apartamento, no Leblon, onde moram seus dois filhos, de 10 e 14 anos. Cabral est� preso h� seis meses no complexo de pres�dios de Bangu.
No depoimento desta quarta-feira, ela negou que tenha cometido os crimes dos quais � acusada, e disse que acredita na idoneidade do marido. "De forma alguma participei. Nunca tive ci�ncia. A mim nunca foi entregue nem um centavo", afirmou.
Adriana recha�ou tamb�m que seu escrit�rio de advocacia tenha lavado dinheiro il�cito e afirmou que nunca teve contas pagas por emiss�rios de Cabral. Disse ainda que jamais comprou joias de valores como R$ 1,8 milh�o e R$ 600 mil, como constam nos autos do processo. "Tenho a mesma conta banc�ria desde os meus 18 anos, � a �nica em toda a minha vida. Fico absolutamente tranquila independentemente de quem venha a se sentar aqui", afirmou.
"Nenhum empres�rio, nenhum delator, nenhum operador poder� mencionar qualquer tratativa de recebimento de valores il�citos por meu escrit�rio ou por mim. Eu nunca, jamais participei e contribu� com qualquer atividade il�cita supostamente realizada e que est�o nesses processos", declarou Adriana, que disse esperar voltar a exercer a profiss�o de advogada. Sobre Cabral, afirmou crer que "todo e qualquer recebimento dele tenha sido de produto de trabalho l�cito".
Ela desmentiu sua ex-secret�ria Michele Pinto, segundo a qual Adriana recebia remessas semanais de R$ 200 mil e R$ 300 mil em seu escrit�rio. Quem entregava era o emiss�rio Luiz Carlos Bezerra, que integra o esquema de Cabral, segundo as investiga��es. "Atribuo qualquer afirma��o dela, que eu recebia R$ 200 mil e R$ 300 mil, a repres�lia, por eu ter aberto informa��es da vida pessoal dela. S�o alega��es fict�cias", acusou Adriana, que disse que Bezerra era um office boy de Cabral.
Sobre as joias que teriam sido compradas para a lavagem do dinheiro da corrup��o, ela disse que se trataram de presentes. "As joias que foram apreendidas na minha resid�ncia eram as que eu detinha. Eu recebi algumas joias do Sergio, em datas festivas de anivers�rio. N�o era em todos os anos nem em todas as datas, como Dia das m�es", disse Adriana, casada com Cabral h� 15 anos. Sobre o anel que recebeu do empreiteiro Fernando Cavendish, estimado em R$ 800 mil, de presente de anivers�rio, declarou: "Eu recebi um presente de um amigo, sem que eu soubesse dos valores."
Ela contou tamb�m que o servi�o advocat�cio prestado por seu escrit�rio para a empresa EBX, do empres�rio Eike Batista, no ano de 2012, foi realizado normalmente. O mesmo disse em refer�ncia � empresa Rica Alimentos, de Luiz Alexandre Igayara, r�u por lavagem de dinheiro - o que havia sido negado mais cedo em depoimento por Igayara. Delator, ele declarou que Cabral lhe pediu para "esquentar" R$ 2,5 milh�es via contrato fantasma com a firma.
"Houve dois trabalhos realizados, um em 2012 e outro em 2014, ambos referentes a passivos trabalhistas da empresa. Realizei no m�nimo tr�s reuni�es no meu escrit�rio com Igayara. Eu prestei os servi�os. N�o consigo sequer imaginar por que raz�o ele venha aqui dizer que isso foi fict�cio", ela disse.
Segundo a Procuradoria da Rep�blica no Rio, Adriana se beneficiou do sistema de arrecada��o de propina de empreiteiras, que movimentaria cerca de R$ 1 milh�o por m�s. Lavou dinheiro por meio de contratos fantasmas firmados por seu escrit�rio de advocacia e pela compra de joias, feitas nas joalherias mais caras do Rio. S� na H. Stern, foram mais de 40 pe�as, no total de R$ 6 milh�es, adquiridas entre 2012 e 2015 e pagas, muitas vezes, em esp�cie.
O n�mero de viagens que ela e o marido fizeram no per�odo em que ele foi governador tamb�m chamou a aten��o dos investigadores. Foram 67 vezes entre 2006 e 2016 (os dois mandatos de Cabral foram de 2007 a 2014). O h�bito de comprar roupas de grife de alto luxo tamb�m: a for�a-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, apontou gasto de R$ 57 mil em seis vestidos de festa feitos sob medida em 2014.
Ela e Cabral s�o r�us tamb�m por corrup��o e lavagem de dinheiro em outra a��o, na 13ª Vara Federal Criminal da cidade, sobre suposta propina de R$ 2,7 milh�es que teriam irrigado o esquema de Cabral a partir de um desvio num contrato de terraplanagem das obras do Complexo Petroqu�mico do Rio (Comperj) com as empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galv�o. Outros colaboradores de Cabral tamb�m s�o r�us nessa a��o.
Na semana passada, a advogada disse, em depoimento ao juiz S�rgio Moro, que n�o tinha conhecimento do total dos gastos da fam�lia - que, segundo Moro, seriam superiores a R$ 100 mil (o sal�rio de governador � de cerca de R$ 20 mil). Segundo Adriana, era o marido que cuidava da parte financeira da casa e o casal n�o tratava desse assunto.