
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva afirmou ao juiz federal S�rgio Moro, nesta quarta-feira, 10, que chegou a visitar o tr�plex no Guaruj� (SP), mas que n�o solicitou nem recebeu o im�vel. O ex-presidente admitiu que visitou o apartamento 164-A, do Edif�cio Solaris, que seria propina do esquema alvo da Opera��o Lava-Jato, paga pela OAS.
"A verdade � o seguinte: n�o solicitei, n�o recebi, n�o paguei e n�o tenho nenhum tr�plex", afirmou Lula, em seu primeiro momento frente a frente com o juiz da Lava-Jato, em Curitiba.
Moro perguntou se Lula tinha desistido do tr�plex depois que ele visitou o im�vel. "O senhor decidiu que n�o ia ficar com esse primeiro tr�plex j� na primeira visita que o senhor fez em fevereiro de 2014?."
"Foi isso. Nunca solicitei e nunca recebi apartamento. Imagino que o Minist�rio P�blico vai na hora que for falar apresentar as provas. Eles devem ter pelo menos algum documento que prove o direito jur�dico de propriedade para dizer que � meu o apartamento."
A den�ncia do Minist�rio P�blico Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milh�es em benef�cio pr�prio - de um valor de R$ 87 milh�es de corrup��o - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusa��es contra Lula s�o relativas ao recebimento de vantagens il�citas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edif�cio Solaris, no Guaruj� (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista � acusado de lavagem de dinheiro e corrup��o.
Moro aceitou a den�ncia em 20 de setembro de 2016.
Triplex
O Edif�cio Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Banc�rios (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um n�cleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
A ex-primeira-dama Marisa Let�cia (morta em 2017) assinou Termo de Ades�o e Compromisso de Participa��o com a Bancoop e adquiriu "uma cota-parte para a implanta��o do empreendimento ent�o denominado Mar Cant�brico", atual Solaris, em abril de 2005.
Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento � OAS e deu duas op��es aos cooperados: solicitar a devolu��o dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pr�-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor j� pago � Cooperativa.
Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama n�o exerceu a op��o de compra ap�s a OAS assumir o im�vel. Em 2015, Marisa Let�cia pediu a restitui��o dos valores colocados no empreendimento.
Bens
A Lava-Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-m�veis usados para armazenar parte da mudan�a do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Pal�cio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milh�o pelos cont�ineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.
Toda negocia��o com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira � uma "apoiadora do Instituto Lula." Para investigadores da Lava-Jato, os fatos demonstram "fortes ind�cios de pagamentos dissimulados" pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a "armazenagem de materiais de escrit�rio e mobili�rio corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda", mas na verdade os guarda-m�veis atendiam a Lula.