S�o Paulo, 12 - Ano de encarar a dura realidade do Brasil. Para economistas e analistas do mercado financeiro, assim foram os primeiros 12 meses do governo de Michel Temer na gest�o da economia. H� consenso de que, considerando o ponto de partida, o Pa�s est� muito melhor. A maior vit�ria, consideram, ocorreu no terreno das expectativas. O Brasil recuperou a confian�a, patrim�nio essencial para a sa�de financeira de qualquer na��o. A regenera��o das finan�as p�blicas e a sa�da da recess�o, por�m, n�o seguiram na mesma velocidade. Em parte porque a heran�a do governo anterior era mais pesada do que se supunha, mas tamb�m como resultado de estrat�gias adotadas pelo atual governo, avaliam os economistas.
"Todo presidente da Rep�blica precisa entender o seu mandato, pois, sobre cada um, recai uma expectativa diferente. Temer deveria mudar, em curto espa�o de tempo, a estrutura da pol�tica econ�mica e estabilizar a bolha que estourou na economia: nisso, ele foi um sucesso", diz o economistas Luiz Carlos Mendon�a de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). A estabiliza��o aparece na revers�o dos chamados indicadores de "alta frequ�ncia", sens�veis ao humor do mercado. O risco pa�s - que, quanto mais baixo, melhor - � o principal exemplo da virada. Despencou. Estava encostando em 500 pontos, quando teve in�cio o processo de impeachment. Nesta quinta-feira, 11, fechou em 205 pontos.
Para Mendon�a de Barros e outros economistas, a melhora nas expectativas foi fruto da habilidade na montagem de um trip�. "O m�rito de Temer foi escolher uma equipe econ�mica de qualidade e credibilidade; estabilizar a queda no v�cuo em que v�nhamos - estabilizar, ainda n�o deu para reverter coisas como o aumento do desemprego; e criar a confian�a no futuro, a partir do resgate da agenda de reformas. O resto s�o quest�es de segunda ordem", diz ele.
Ajustes
"Quest�es de segunda ordem", por�m, come�am a preocupar parte dos especialistas. Uma delas � a op��o pelo ajuste de longo prazo, via reformas, como a da Previd�ncia, sem que fossem feitas a��es de curto prazo para tirar a economia do marasmo ou estancar a deteriora��o das contas p�blicas. Nisso, o governo teria perdido oportunidades.
Expectativas melhores s�o vistas como trunfos duplos. Ao mostrarem que o mercado financeiro tem confian�a no futuro do Pa�s, permitem que os governos tenham espa�o para serem mais ativos no presente, define a economista M�nica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington.
"Se a expectativa melhora, o Banco Central pode ser agressivo no corte de juros e o governo, acabar com desonera��es. N�o vimos nada disso, mesmo com a recess�o derrubando a infla��o e a arrecada��o", diz ela. Segundo M�nica, colocar todas as fichas nas reformas, na expectativa, � uma estrat�gia arriscada. "Expectativas otimistas n�o derrubam o desemprego, n�o mudam o que empres�rios sentem na pele, numa recess�o", diz M�nica.
Do lado das contas p�blicas, incomoda o fato de o governo ter concedido reajuste de sal�rios a servidores, elevando o gasto, e n�o ter feito a faxina no Estado, como o prometido, cortando gasto. O economista Alberto Ramos, diretor do Grupo de Pesquisas Econ�micas para Am�rica Latina do banco americano Goldman Sachs, resume o que est� na cabe�a de muitos.
Ele lembra que, nos �ltimos 15 anos, o gasto prim�rio cresceu 6,5%, em termos reais, por ano - o dobro do Produto Interno Bruto (PIB). "Depois de 15 anos de uma expans�o gigante do setor p�blico e do gasto, n�o h� nada o que cortar? Todo gasto est� bem focalizado? � eficiente? Eu entendo a dificuldade pol�tica de cortar, porque algu�m vai perder e chiar, mas meu papel como analista � identificar problemas, e n�o entendo porque n�o cortaram", diz.
Consolida-se tamb�m uma certa frustra��o com a demora na recupera��o. Apenas no primeiro trimestre de 2017, surgiram chances reais de recupera��o, gra�as ao espetacular desempenho do agroneg�cio, diz Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre/FGV). Quest�o de realismo, diz ela, que monitora o PIB: "O mercado teve uma vis�o otimista, mas n�s preferimos ser conservadores, cientes de que a recess�o � profunda. O saldo do ano, porem, � positivo at� nessa recupera��o lenta: � recupera��o, e n�o consigo imaginar qu�o piores estar�amos sem as mudan�as". As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Alexa Salom�o)