Bras�lia e S�o Paulo, 12 - Em depoimento a procuradores, a empres�ria M�nica Moura afirmou que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva queria ser o candidato � Presid�ncia em 2014 e que isso causou um estremecimento na rela��o entre ele e a ent�o presidente Dilma Rousseff, que decidiu concorrer � reelei��o. A delatora disse tamb�m que "Dilma escanteou o PT totalmente" naquela campanha.
"Em 2014, houve um certo estremecimento entre Lula e Dilma, acho que isso � do conhecimento de todos. Os jornais veiculavam, mas eles negavam, mas � verdade. Porque o Lula queria ser candidato, e a Dilma n�o aceitou. Era a reelei��o dela. Ela se sentia forte", disse M�nica Moura, mulher do marqueteiro Jo�o Santana, na dela��o premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Essa era a conversa dela com Jo�o. Eu nunca tive esse tipo de conversa com a Dilma. Depois Jo�o vinha me contar, que Lula queria ser candidato de 2014. Voltar. 2010 ele sai, e bota a apadrinhada dele l�, e em 2014 ele volta para ser candidato", disse M�nica Moura.
O "estremecimento", segundo M�nica Moura, refletiu-se em um baixo engajamento de Lula na pr�pria campanha de Dilma, tanto na exposi��o quanto na organiza��o. "Ele [Lula] ia l� na produtora da gente, de vez em quando ele gravava apoio para ela, n�o queria colocar em risco tamb�m", disse a publicit�ria, fazendo alus�o �s chances de o PT alcan�ar nas urnas mais um mandato.
A campanha de 2014 foi bem diferente da de 2010, quando Lula trabalhava para eleger a sucessora e, segundo a delatora, teria aprovado os custos da campanha, da ordem de R$ 54 milh�es, estabelecidos ap�s negocia��o entre o ent�o ministro Antonio Palocci e o casal de marqueteiros. "Esses R$ 54 milh�es foram aprovados por Lula. Palocci s� fechou comigo depois de aprovado por ele".
A delatora diz que ouvia constantemente de Palocci a informa��o de que Lula estava ciente, mas ela mesma nunca teria tratado diretamente sobre dinheiro com o presidente.
Lula era procurado quando havia atrasos nos pagamentos, segundo ela, por Jo�o Santana. Os atrasos eram constantes, segundo ela.
Em 2010, o casal teve dificuldades para receber pagamentos que estavam sob a responsabilidade de Jo�o Vaccari, tesoureiro da campanha. M�nica Moura conta que Dilma "escanteou ele (Vaccari) completamente". Em vez de Palocci e Vaccari, as conversas eram com Guido Mantega e Edinho Silva.
"Edinho, a parte oficial", disse a publicit�ria. E Guido fazia a comunica��o com a Odebrecht - ele era o p�s-It�lia na lista do departamento da propina do grupo baiano, em alus�o ao fato de ser o sucessor de Palocci, o italiano.
"Guido tamb�m delegou para falar com a Odebrecht. Como Palocci fazia tamb�m (em 2010), ele dizia: 'conversei l�, j� t� acertado, eles j� sabem quanto v�o ter de pagar. Va l� e acerte o modus operandi como voc� quer'", disse Moura.
"Eu estava at� mais tranquila porque n�o ia ter pagamento do PT, porque eu sabia que isso seria mais uma vez dor de cabe�a. Como a Dilma escanteou o PT totalmente, eu nem fui l�, nem conversava com o Vaccari. Mas com a Dilma tive v�rios. Eu mesma falava da d�vida", disse Moura.
Poste
M�nica Moura afirmou tamb�m que a petista "era um poste, realmente, para eleger". "Uma campanha como a da Dilma, em 2010, dific�lima de fazer, todo mundo apostava que ia perder, era imposs�vel, era um poste realmente para eleger. E o Jo�o n�o aceitava que ficassem 10, 12 pessoas do PT dando opini�o sobre o programa", afirmou M�nica Moura.
"O Jo�o colocava no in�cio como cl�usula que n�o aceitava que ficasse conglomerado de gente", afirmou. Diante da miss�o "dific�lima", a delatora disse que o casal resolveu restringir a Lula e a Palocci os palpites na campanha.
"Quem dava opini�o era o Palocci, era o Lula. O Rui Falc�o era muito dif�cil chegar perto nesta �poca. Ele quase n�o era aceito no pequeno grupo", disse.
Ela explicou que n�o interferia em outras �reas. "A nossa parte era marketing. A gente n�o fazia com�cio. Essa parte a gente nem sabia como � que fazia. Nossa parte era comunica��o, marketing, era televis�o, r�dio, m�sica, jingle, camiseta, essas coisas", disse.
(Breno Pires, Rafael Moraes Moura e Luiz Vassallo)