Bras�lia, 19 - O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, relatou ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o advogado Willer Tomaz atuou "possivelmente" em benef�cio dos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Romero Juc� (RR), para impedir o processo de dela��o premiada do dono da JBS, Joesley Batista.
"O advogado Willer Tomaz, com poss�vel ajuda do procurador da Rep�blica, �ngelo Goulart Vilella, estava tentando atrapalhar o processo de colabora��o premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos pol�ticos integrantes do PMDB", destaca Janot no pedido de abertura de inqu�rito.
Citando um depoimento inicial de Joesley, que buscava uma colabora��o "volunt�ria", Rodrigo Janot destacou que os senadores se afastaram do empres�rio quando souberam da possibilidade de dela��o. "Joesley Mendon�a Batista menciona, por exemplo, que percebeu um afastamento de Renan Calheiros e Romero Juc� quando surgiram not�cias de que uma colabora��o estava em curso, per�odo que coincide com o contato do advogado Willer Tomaz reclamando acerca de poss�veis tratativas de colabora��o", relatou o procurador. Ainda segundo Janot, Renan e Juc� se reaproximaram de Joesley depois de uma "contrainforma��o" de que n�o haveria dela��o premiada combinada com membros do Minist�rio P�blico Federal.
O relato de Rodrigo Janot a Fachin integra o pedido de abertura de inqu�rito no STF de Joesley, do procurador da Rep�blica �ngelo Goulart Vilella e do advogado Willer Tomaz por suposta tentativa de obstruir os trabalhos da Justi�a. A Lei da Organiza��o Criminosa, de 2013, citada pelo procurador, prev� pena de tr�s a oito anos de pris�o. O procurador tamb�m pede investiga��o contra os envolvidos por corrup��o ativa e passiva, crimes com pena previstas pelo C�digo Penal de dois a 12 anos de reclus�o.
O procurador justificou o pedido de abertura de inqu�rito de Joesley, do procurador e do advogado no STF pelo fato de os senadores do PMDB, citados pelo dono da JBS, terem foro privilegiado. Janot pondera que n�o h�, ainda, elementos para pedir uma abertura de inqu�rito contra Renan e Juc�, mas que esse "caminho" j� est� sendo "vislumbrado".
Rodrigo Janot relatou a Fachin que Joesley, nas conversas iniciais de dela��o, disse ter contratado o advogado Willer Tomaz por "servi�os" a seu favor no �mbito da Opera��o Greenfield, que investiga desde o ano passado esquema de corrup��o na �rea de fundos de pens�o. Tomaz, segundo Janot, receberia de Joesley R$ 8 milh�es pelo arquivamento do inqu�rito contra o empres�rio e ficou respons�vel de pagamentos de "ajuda de custo" de R$ 50 mil por m�s ao procurador �ngelo Goulart Vilella. Joesley, de acordo com Janot, disse que recebeu de Tomaz documentos de "acesso restrito".
Janot tamb�m ressalta que compete ao STF investigar outras duas autoridades citadas nas conversas iniciais do advogado, o presidente Michel Temer e o senador A�cio Neves (PSDB-MG). O pedido de abertura de inqu�rito inclui dois �udios repassados por Joesley de conversas com Temer, no Pal�cio do Jaburu, e com A�cio, num hotel em S�o Paulo.
(Leonencio Nossa)