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Estado de Minas

Guido Mantega usava empres�rio para negociar propinas, diz delator

Trata-se do empres�rio Victor Sandri, que atua oficialmente no ramo imobili�rio e de cimentos


postado em 20/05/2017 07:13 / atualizado em 20/05/2017 08:05

(foto: EVARISTO SA/AFP)
(foto: EVARISTO SA/AFP)

Os depoimentos do presidente do grupo J&F, Joesley Batista, trouxeram � tona um personagem que j� era conhecido de muitos empres�rios, mas que at� ent�o s� havia aparecido marginalmente em opera��es da Pol�cia Federal. Trata-se do empres�rio Victor Sandri, que atua oficialmente no ramo imobili�rio e de cimentos. Mas, de acordo com Joesley, Vic, como � conhecido, tamb�m atuava no ramo de propinas, como intermedi�rio do ex-ministro Guido Mantega. Seu pre�o: 4% do que era liberado pelo BNDES. Metade para ele, metade para Mantega.

Sandri � amigo pessoal do ex-ministro Guido Mantega. Uma das primeiras apari��es na imprensa foi em um caso inusitado. Na ter�a-feira de carnaval do ano de 2007, o s�tio do empres�rio em Ibi�na, no interior de S�o Paulo, foi assaltado. O caso ganhou notoriedade porque um dos h�spedes era o ent�o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Anos mais tarde, j� em 2015, ele ganhou novamente as p�ginas do jornal, desta vez na Opera��o Zelotes, que investiga fraudes no tribunal de processos administrativos da Receita Federal, conhecido como Carf. O Minist�rio P�blico Federal sustenta que o ex-ministro Mantega nomeou integrantes do Carf para ajudar esse amigo empres�rio. At� hoje o caso ainda est� em investiga��o.

Agora Sandri surge novamente na dela��o de Joesley Batista, que durante seu depoimento s� se referia a Sandri como Vic. Vic teria cobrado uma comiss�o de 4% para facilitar a libera��o de recursos do BNDES. Foi ele, segundo Joesley, que se apresentou com intermedi�rio de Mantega, que na �poca era presidente do BNDES. O primeiro pagamento foi para um financiamento pequeno, de US$ 80 milh�es, usado para comprar a empresa Swift Argentina. O empr�stimo foi caro, segundo Joesley, ou seja, com juros altos. Mas segundo ele, isso n�o era importante porque era a �nica forma de conseguir comprar a empresa e iniciar os planos de internacionaliza��o, em 2006. Mesmo sendo caro, Joesley afirmou que o empr�stimo n�o teria sido liberado sem a atua��o de Mantega.

Mantega ent�o se tornou ministro da Fazenda, mas continuou a atuar em favor da empresa no banco. O modus operandi era o de Joesley falar com Vic, Vic falava com Mantega e Mantega com o BNDES. �s vezes, quando Joesley queria falar diretamente com Mantega, era Vic que intermediava tamb�m. Na ponta final, no entanto, Joesley disse n�o saber como se dava a conversa de Mantega com o BNDES. O dono da JBS fez quest�o inclusive de afirmar que a equipe t�cnica da empresa sempre seguia as regras do banco e sequer sabiam do relacionamento que ele tinha com o ministro.

At� 2008, com a atua��o de Vic como intermedi�rio foram liberados cerca de US$ 1,6 bilh�o em aportes ao JBS. Al�m do empr�stimo de US$ 80 milh�es, outros US$ 500 milh�es foram em aquisi��o de a��es da JBS para a compra da Swift americana e outros US$ 1,5 bilh�o para a compra de outras tr�s empresas nos Estados Unidos e uma na Austr�lia, segundo Joesley. Depois disso, Joesley come�ou a ter problemas com Vic. Segundo o empres�rio, Vic andava circulando muito, falava mais do que devia e pessoas do mercado come�aram a perguntar dele para Joesley. “A� me afastei do Vic e comecei a tratar diretamente com Mantega”.

Na conversa com Mantega, Joesley se disse surpreso quando o ent�o ministro disse que n�o havia necessidade de que o pagamento fosse efetuado a cada aporte, mas sim guardado para se entregue no futuro. Foi ent�o que surgiram as contas Lula e Dilma, onde foram depositados cerca de US$ 150 milh�es, integralmente usado nas campanhas presidenciais.

N�o � toa, Joesley menciona que pessoas do mercado come�aram a pedir refer�ncias de Vic. Segundo relatos de um ex-dirigente de um fundo de pens�o, Vic vendia muitos empreendimentos imobili�rios usando o nome do ministro Mantega. Ele usava a Sandria Projetos, sua empresa incorporadora. Ao todo, lan�ou 13 empreendimentos comerciais em S�o Paulo, todos com nome Atrium. E outros tr�s edif�cios residenciais.

O advogado de Victor Sandri, Ticiano Figueiredo, diz que seu cliente nega qualquer ato il�cito e informa que no caso da Zelotes ainda sequer foi poss�vel se manifestar no inqu�rito, que ainda est� sob an�lise da Receita Federal. J� o advogado de Mantega, Jos� Roberto Batochio, n�o retornou a reportagem.

(Josette Goulart)


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