S�o Paulo, 21 - Minutos depois do pronunciamento que fez sobre a crise que atinge seu governo, Michel Temer reafirmou ontem ao Estado sua recusa em renunciar � Presid�ncia, se disse v�tima de "arma��o", negou que tenha participado de um plano para comprar o sil�ncio do deputado cassado Eduardo Cunha e disse estranhar que a dela��o da JBS, que o atingiu, tenha sido selada "no momento em que a economia come�a a se recuperar".
"Fui v�tima de bandidos que saquearam o Pa�s nos governos passados e n�o obtiveram acesso ao nosso. E negociaram um acordo pelo qual querem sair impunes!", afirmou o presidente na entrevista, por telefone.
O presidente disse estar convencido da capacidade de rearticula��o pol�tica do governo e deu sua vers�o para o encontro que teve com Joesley Batista, da JBS, em mar�o - que foi gravado e entregue ao Minist�rio P�blico Federal, o que desencadeou a dela��o do grupo. "Esse sujeito me ligou seguidamente, ao longo de v�rios dias, me pedindo para ser recebido", afirmou o presidente.
Segundo ele, a seguran�a da Presid�ncia vive repreendendo-o por "atender o celular". "Eu tenho o h�bito, que a seguran�a do Planalto vive reclamando, de atender o celular, responder mensagem. � um mau h�bito pela liturgia do cargo, mas que eu adquiri da experi�ncia parlamentar", disse.
Segundo ele, depois de muita insist�ncia por parte de Joesley, ele concordou em receb�-lo no Pal�cio do Jaburu. Questionado sobre o hor�rio tardio da conversa, Temer disse que a raz�o foi o fato de que, anteriormente, ele compareceu � festa de anivers�rio da carreira do jornalista Ricardo Noblat. "Disse a ele: estou na festa do Noblat. Se quiser, passa mais tarde no Jaburu. E ele concordou."
Temer afirmou que j� conhecia Joesley, e que tem o costume de receber empres�rios para conversas. "J� recebi dezenas de empres�rios. Em S�o Paulo, no Jaburu, no Planalto. Muitas dessas reuni�es acontecem fora da agenda", disse o peemedebista.
Questionado sobre os assuntos tratados na reuni�o, dentre eles a confiss�o de crimes como o suborno a um procurador e supostamente a dois ju�zes, Temer disse ter atribu�do o teor da conversa ao fato de Joesley ser algu�m acuado por investiga��es e contrariado por n�o obter acesso que tinha antes a altas autoridades do governo. "Logo de cara, vi que ele era um falastr�o", afirmou.
Ele afirmou ter achado "estranho" o teor da conversa, mas que n�o levou a s�rio as afirma��es. "Mas voc� veja que comecei a ser cada vez mais monossil�bico, quando a conversa dele come�ou a enveredar para o pedido de que precisaria ter acesso a esse ou aquele setor do governo."
Temer afirmou que a divulga��o do �udio da conversa demonstra que ele n�o deu aval � compra do sil�ncio de Cunha, conforme se divulgou inicialmente. "Veja que ele diz que est� mantendo uma boa rela��o com ele (Cunha), e incentivo que deveria manter, apenas isso."
Sobre o eventual interesse em evitar uma dela��o de Cunha, Temer evoca o fato de o ex-aliado t�-lo arrolado como testemunha: "Que sil�ncio do Cunha eu poderia comprar? Se ele me mandou 21 perguntas num processo e 17 em outro, todas claramente tentativas de me incriminar, e o pr�prio juiz S�rgio Moro tratou de indeferir?".
Rocha Loures
A respeito da sugest�o para que Joesley procurasse o ex-assessor especial da Presid�ncia e deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), Temer disse que apenas confirmou uma sugest�o do empres�rio. "Falei que poderia falar com o Rodrigo sobre assuntos do grupo, como poderia falar o Moreira (Franco, ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia), ou o (Eliseu) Padilha (chefe da Casa Civil)", justificou.
Temer disse acreditar que Rocha Loures "deve ter sido seduzido" pela promessa de receber R$ 500 mil ao longo de 20 anos. Questionado se tomou conhecimento, em algum momento, da negocia��o de recursos por Rocha Loures, ou se autorizou a transa��o, o presidente negou.
Afirmou que o suborno ao deputado foi negociado pela obten��o de um acordo no Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade) que foi negado. "O Cade resolveu? N�o resolveu! Ele estava desesperado porque a Maria Silvia (presidente do BNDES) saneou o BNDES, ele teve de mudar a opera��o da empresa para outro pa�s porque fechamos a torneira do BNDES", afirmou.
"Querem me tirar para continuar com as mesmas reformas que eu propus, com o meu programa. A quem interessa desestabilizar o governo?"
"Logo de cara, vi que ele (Joesley) era um falastr�o"
"Veja que ele diz que est� mantendo uma boa rela��o com ele (Eduardo Cunha), e incentivo que deveria manter, apenas isso"
"Querem me tirar para continuar com as mesmas reformas que eu propus, com o meu programa.
A quem interessa desestabilizar o governo?"
Michel Temer
PRESIDENTE DA REP�BLICA
(Vera Magalh�es)