S�o Paulo - Nem progressista, nem conservadora. "A Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) est� no centro, sujeita a pauladas � direita e � esquerda", definiu o arcebispo de Salvador e vice-presidente da entidade, d. Murilo Krieger, ao tra�ar o perfil do episcopado em 2017. Centro significa para ele bom senso, entendimento e unidade nas horas de crise, quando a Igreja deve tomar uma posi��o clara e orientar os cat�licos sobre como agir diante dos problemas nacionais. Por exemplo agora, na discuss�o das reformas da Previd�ncia e das leis trabalhistas.
Os bispos que tomaram posi��es pr�prias, ao orientar seus diocesanos sobre as manifesta��es, foram al�m das mensagens da CNBB, porque falaram concretamente da greve.
"No momento atual, n�o se pode calar diante de tanta dificuldade", alerta o arcebispo de Olinda e Recife, d. Ant�nio Fernando Saburido, citando as reformas da Previd�ncia e da CLT, "que est�o sendo impostas de cima para baixo sem di�logo, com pressa, prejudicando sobretudo os pobres". Em sua avalia��o, os bispos que, como ele, incentivaram seus diocesanos a sair �s ruas seguem a orienta��o da CNBB e n�o devem, por isso, ser considerados de esquerda.
Nomes como o de d. Saburido surgem como l�deres mais avan�ados em uma CNBB de centro. S�o esses: d. Jos� Belis�rio da Silva (S�o Lu�s), d. Manoel Delson Pedreira da Cruz (Para�ba), entre outros.
Autonomia
Cada bispo tem autonomia para se dirigir a seus fi�is, no �mbito de sua diocese. A lista de quatro arcebispos que defenderam o apoio � greve, com cr�ticas expl�citas ao governo, n�o inclui nomes de progressistas que, nos anos de ditadura e de censura, lutavam na linha de frente contra a arbitrariedade.
"A Igreja est� mais atenta, mais sens�vel", comentou d. Dem�trio Valentini, bispo em�rito de Jales, comemorando as �ltimas mensagens do episcopado. D. Dem�trio faz parte de uma gera��o de bispos atuantes que se aposentaram, est�o doentes ou j� morreram, como d. H�lder C�mara e d. Paulo Evaristo Arns, ambos falecidos.
Para o representante dos bispos no Conselho do Episcopado Latino-americano e do Caribe (Celam), a situa��o est� confusa. O episcopado ficou constrangido com o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, porque esperava que o houvesse mais debate, e agora se preocupa em exigir esse di�logo.
O posicionamento pol�tico certeiro n�o ecoa, contudo, em todos os setor da CNBB. O ex-presidente da entidade e arcebispo de Mariana, d. Geraldo Lyrio Rocha, advertiu que "a Igreja n�o � partido pol�tico, n�o � sindicato, n�o � ONG". Para ele, o Pa�s "est� vivendo uma de suas piores crises �ticas".