Delc�dio diz a Moro que Bumlai e Odebrecht estruturam cria��o do Instituto Lula

S�o Paulo, 23 - Ex-l�der do PT no Senado no governo Dilma Rousseff, at� ser preso em dezembro de 2016 ao tentar comprar o sil�ncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�, o delator Delc�dio Amaral (MS) afirmou nesta segunda-feira, 22, ao juiz federal S�rgio Moro que o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo de Lula, e o empres�rio Marcelo Bahia Odebrecht estruturaram a cria��o do Instituto Lula, aberto em 2011, ap�s o petista deixar a Presid�ncia.

"Ele (Bumlai) falou para mim que ele tinha procurado o Marcelo para ajudar na implementa��o do Instituto (Lula)", declarou Delc�dio, ouvido por Moro como testemunha de acusa��o no segundo processo aberto contra Lula, na Lava Jato, em Curitiba.

"Ele estava atuando para essa estrutura��o a pedido de quem?", questionou a procuradora da Rep�blica Isabel Groba, da for�a-tarefa da Lava Jato. "Do pr�prio presidente. Ele foi chamado para organizar isso", respondeu o ex-senador.

Delator da Lava Jato, Delc�dio detalhou como Bumlai conheceu Lula, em 2002, apresentado pelo ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT. "Era um conselheiro da fam�lia, uma pessoa que estava l� � disposi��o para resolver os problemas do dia a dia do ex-presidente e da fam�lia tamb�m", afirmou.

A for�a-tarefa acusa Lula de crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro. A den�ncia da Procuradoria da Rep�blica aponta que propinas pagas pela Odebrecht, no esquema de desvios na Petrobras, que seria liderado pelo ex-presidente, chegaram a R$ 75 milh�es em oito contratos com a estatal e inclu�ram terreno de R$ 12,5 milh�es para o Instituto Lula e cobertura vizinha � resid�ncia de Lula em S�o Bernardo de R$ 504 mil.

"A primeira vez que fiquei sabendo do Instituto Lula foi atrav�s desse di�logo que eu tive com Jos� Carlos Bumlai, quando ele me falou que estava trabalhando na estrutura��o do instituto", afirmou Delc�dio a Moro, confirmando o que registrou em sua dela��o.

Nela, o ex-petista detalhou que no final do governo Lula, em 2010, ele ouviu do pecuarista que ele precisava "estruturar" o instituto para que o "ex-presidente tivesse um local para se estabelecer ap�s o final de seu mandato".

O delator contou que Bumlai citou a procura de um terreno e a participa��o da Odebrecht na "estrutura��o" da cria��o do Instituto Lula.

Palocci

Neste processo em que Lula � r�u, o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/governo Lula e Casa Civil/governo Dilma) � apontado como principal interlocutor com a Odebrecht. O petista seria o "Italiano" que aparece nas planilhas secretas da empreiteira e que "Amigo" era o ex-presidente.

"Tenho certeza que o ministro Palocci era pessoa muito influente nessa �rea de arrecada��o", afirmou Delc�dio. O ex-ministro tamb�m � r�u no caso e foi citado pela delator como o principal arrecadador do PT, de valores legais e de caixa 2.

Confiss�o

No dia 12 de abril, o empres�rio Marcelo Bahia Odebrecht, tamb�m r�u nesse processo, confessou a Moro ter comprado o terreno para atender interesses de Lula, ap�s pedido de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula (IL) e tamb�m r�u do caso, e o pecuarista Jos� Carlos Bumlai - amigo do ex-presidente.

"O pr�dio IL foi aquele pedido que eu comentei com o sr. Em meados de 2010, o Paulo Okamotto ou o Bumlai, um dos dois, fez o primeiro 'approach'. Mas depois eu conversei com os dois. Veio dizer que o Bumlai e Roberto Teixeira tinham fechado um terreno que queriam que fosse a futura sede do Instituto Lula", contou Odebrecht.

(Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo)