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Estado de Minas

Contratos com Ibope ocultavam propinas para Renan e Henrique Alves, diz delator

A dela��o � do diretor de Rela��es Institucionais da J&F, Ricardo Saud


postado em 25/05/2017 10:37 / atualizado em 25/05/2017 10:50

S�o Paulo - O diretor de Rela��es Institucionais da J&F, Ricardo Saud, entregou, como parte de sua dela��o premiada, ao Minist�rio P�blico Federal, contratos e notas fiscais que teriam sido utilizados para dissimular propinas � c�pula do PMDB. Entre os documentos que, segundo o delator, s�o "frios" e "fict�cios", est�o n�meros de notas fiscais emitidas pela JBS ao Ibope. "Fazia pesquisa para eles (senadores) e pagava com essa propina. O Ibope recebia propina. Nunca fez um servi�o para n�s". O instituto reagiu com veem�ncia � den�ncia do executivo da JBS sobre emiss�o de notas fiscais frias.

O delator ainda relatou que o Ibope teria sugerido contratos fraudulentos para justificar os repasses da JBS. "Inclusive, eles v�rias vezes mandavam um contrato com um punhado de pesquisa e falaram: arquiva isso a� direitinho, se amanh� ou depois, se acontecer alguma coisa, voc� mostra isso a�. Eu falei: '�, rapaz, agora quer me ensinar a roubar dos outros?'" "Nunca fizeram pesquisa pra mim. Pegavam pesquisa nacional e queria p�r no contrato da gente", relatou.

Um dos anexos do acordo de colabora��o da JBS com a Procuradoria-Geral da Rep�blica se refere a um pacot�o de R$ 46 milh�es ao PMDB nas elei��es de 2014, que, segundo os executivos, teriam sido acertados entre o ent�o ministro da Fazenda Guido Mantega e um dos donos da JBS, Joesley Batista. Do total, R$ 35 milh�es seriam destinados � c�pula do PMDB no Senado.

Saud explica, inclusive, que informou, � �poca, o ent�o vice-presidente Michel Temer sobre os repasses. "Eu fui l� com o bilhete que o Joesley anotou do que o Guido falou e falei: '�,Temer, t� iniciando a campanha, e o Joesley achou por bem pedir para vir falar com o senhor que j� t� iniciando assim, t� doando 35 milh�es para o PMDB e pelo que entendi n�o t� passando pelo senhor'", relatou.

Segundo o delator, no caso de Renan Calheiros, parte das propinas seriam utilizadas para "preparar" a elei��o do peemedebista � presid�ncia do Senado e a outra parte teria como destino a campanha do filho dele ao governo de Alagoas. Os valores repassados ao atual l�der do PMDB no Senado chegaram aos R$ 9,9 milh�es, de acordo com o delator. Parte deles, foi justificada por meio de pagamentos ao Ibope.

"R$ 300 mil em 21/7/2014 para o Ibope, nota fiscal 14247 - Ibope nacional. Fazia pesquisa pra eles e pagava com essa propina. o Ibope recebia propina. nunca fez um servi�o para n�s", relatou.

Outra empresa de comunica��o que entra na lista de propinas da JBS � a GPS Comunica��o, para quem a JBS emitiu duas notas fiscais: uma delas no valor de R$ 800 mil e outra no valor de R$ 900 mil.

Saud listou os pagamentos feitos a pedido de Renan Calheiros:

- "R$ 1 milh�o ao diret�rio estadual do PMDB em Alagoas, 'carimbado' para Renan Filho";

- "R$ 500 mil ao PMDB do Amap�, 'por ordem do Rena'";

- "R$ 300 mil ao PMDB de Sergipe, 'por ordem de Renan Calheiros'";

- "R$ 455 mil ao PMDB Nacional, 'carimbados por Renan'";

.

- e "R$ 300 mil para o PTdoB Nacional, 'por ordem do Renan'".

"Ent�o, o que entendi disso a�, das conversas que a gente teve l� com ele, que ele j� estava jogando alguns senadores (...) para preparar a elei��o dele para a presid�ncia do Senado. Assim como fez o Eduardo Cunha tamb�m", relatou Saud.

Renan ainda teria pedido R$ 4 milh�es "em dinheiro vivo", de acordo com o diretor da J&F. Ele relatou que parte foi levada � casa do senador, em Alagoas, e outra parte entregue ao diret�rio estadual do PMDB.

J� Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) teria recebido R$ 3 milh�es, para campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014. Do total, R$ 1 milh�o foi doado oficialmente ao PMDB Nacional, "em nome do Henrique" e outra parte foi por meio de contratos de advocacia e de consultoria, e termos firmados com o Ibope.

Defesas


O Ibope se manifestou por meio de nota. "� com indigna��o que o Ibope Intelig�ncia tomou conhecimento da acusa��o de que emitiu notas fiscais falsas para a JBS como parte de pagamento de propina sem contrapartida de bens ou servi�os, conforme consta no Termo de Pr�-Acordo de Colabora��o Premiada assinado por Joesley Mendon�a Batista, Wesley Mendon�a Batista e Ricardo Saud com a Procuradoria-Geral da Uni�o".

"Sobre esse fato, o Ibope Intelig�ncia esclarece que nunca emitiu notas fiscais falsas, nem recebeu qualquer tipo de propina das empresas do grupo JBS ou de qualquer outra empresa. Entretanto, o Ibope Intelig�ncia confirma que todas as notas fiscais mencionadas no Termo de Pr�-Acordo de Colabora��o Premiada s�o verdadeiras, foram devidamente contabilizadas e est�o registradas na Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de S�o Paulo".

"Ap�s o conhecimento da acusa��o, foram verificadas todas as notas fiscais de servi�os constantes na dela��o envolvendo o Ibope Intelig�ncia e empresas do grupo JBS. Deste modo, ap�s um minucioso levantamento, o Ibope Intelig�ncia confirma o recebimento de R$ 2.834.705,43 como pagamento de servi�os de pesquisa prestados para empresas do grupo JBS".

"No entanto, cabe esclarecer de forma muito transparente que do montante acima mencionado, R$ 1.440.597,49 foram pagos para a realiza��o de pesquisas eleitorais em Campo Grande, em 2012, e tamb�m para os estados de Alagoas, Goi�s e Rio Grande do Norte, em 2014. Todas essas pesquisas foram devidamente executadas, entregues e pagas pela JBS S/A e J&F Investimentos S/A.

J� os R$ 1.394.107,94 restantes referem-se a pesquisas de mercado, tais como recall de comunica��o da Friboi; tracking de imagem da Friboi; e perfil e h�bitos de consumidores nas lojas da Swift, entre outros, contratados pelos profissionais de pesquisa e de marketing da JBS S/A. Inclusive, uma das notas fiscais mencionada no Termo de Pr�-Acordo de Colabora��o Premiada foi emitida para a Flora Distribuidora de Produtos de Higiene e Limpeza, uma das empresas do grupo. Pesquisa essa sobre consumo de fixador para cabelos, tamb�m executada e entregue".

"O Ibope Intelig�ncia repudia veementemente a neglig�ncia dos delatores que, al�m de faltarem com a verdade ao afirmarem que as notas fiscais s�o falsas, misturaram em seus depoimentos pesquisas eleitorais realizadas para pol�ticos, com pesquisas sobre assuntos estrat�gicos das empresas do grupo, encomendadas por suas equipes de marketing e pesquisa".

"Diante disso, para seguir com a transpar�ncia que faz parte de nosso trabalho nestes mais de 75 anos, disponibilizamos, para a consulta de todos os brasileiros, o relat�rio com todas as notas fiscais mencionadas no Termo de Pr�-Acordo de Colabora��o Premiada, com a descri��o dos servi�os encomendados, realizados e entregues desde 2011 para a JBS S/A, J&F Investimentos S/A e Flora Distribuidora de Produtos de Higiene e Limpeza".

"Por fim, o Ibope Intelig�ncia reitera que n�o � verdadeira a informa��o de que emitiu notas fiscais falsas e tampouco recebeu qualquer tipo de propina das empresas JBS S/A, J&F Investimentos S/A ou quaisquer outras empresas. Estamos � inteira disposi��o para esclarecer d�vidas sobre esse lament�vel ato de neglig�ncia e para colaborar com o Minist�rio P�blico com o fornecimento de documentos que comprovam a lisura de nossa atua��o".

A assessoria de imprensa do presidente Michel Temer afirmou que "o PMDB somente recebeu recursos oficiais" e declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "O presidente foi informado dos dep�sitos na conta do partido, sem nenhuma ilegalidade".

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o senador Renan Calheiros afirmou que o delator (Ricardo Saud) tenta confundir informa��es verdadeiras, como a contrata��o do Ibope, com refer�ncias a propinas. "Jamais tratei de propina com quem quer que seja. Essa refer�ncia � fantasiosa."

A reportagem entrou em contato com a defesa de Henrique Eduardo Alves, mas n�o obteve resposta at� a o publica��o desta mat�ria. O espa�o est� aberto para manifesta��o.


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