�s v�speras do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcado para ter�a-feira, o presidente Michel Temer (PMDB) sofreu ontem novo rev�s com a pris�o de seu ex-assessor e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), em Bras�lia. No Pal�cio do Planalto, a tens�o foi �s alturas e elevou ainda mais a preocupa��o de um eventual acordo de dela��o premiada pelo homem da mala. Rocha Loures, que foi preso pela manh� em casa e encaminhado para a Superintend�ncia da Pol�cia Federal, foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil, em S�o Paulo, em uma das a��es controladas feitas por investigadores com os delatores do grupo JBS. O ex-deputado dever� ser transferido amanh� para o Pres�dio da Papuda, nos arredores da capital federal.
A pris�o preventiva foi decretada pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo tribunal Federal (STF), ao atender a um segundo pedido feito pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, contra o ex-parlamentar. Nos bastidores, a avalia��o do governo � de que h� uma esp�cie de dobradinha entre Janot e Fachin para desgastar o presidente. Para o procurador-geral, o valor recebido por Rocha Loures era propina que teria Temer como destinat�rio.
A defesa do ex-deputado afirma categoricamente que a pris�o foi feita para ele “delatar”. Segundo o advogado Cezar Roberto Bitencourt, h� uma tentativa de for�ar seu cliente a colaborar, mas a previs�o � de que ele se mantenha em sil�ncio. “Para que seria preso no s�bado? S� pode ter sido preso para delatar. N�o poderia ser (decidido) na ter�a-feira em sess�o na Turma?”, afirmou o advogado, em refer�ncia ao dia de sess�o nas turmas do STF, que analisam quest�es penais.
Auxiliares de Temer, e o pr�prio presidente, insistem, por�m, que n�o h� o que delatar. O Planalto optou por n�o comentar a pris�o de Rocha Loures. Sabe-se apenas que, quando surgiram os primeiros rumores sobre a ordem de pris�o preventiva do seu ex-assessor e amigo de longa data, Temer, que estava em S�o Paulo para um encontro com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), retornou a Bras�lia. Mas, ainda na manh� de ontem, voltou a S�o Paulo, onde teria uma reuni�o com o advogado respons�vel por sua defesa, Ant�nio Claudio Mariz de Oliveira.
Existe a possibilidade de que Janot antecipe a apresenta��o da den�ncia contra o presidente para esta semana. Caber� a Mariz definir a estrat�gia jur�dica do presidente no �mbito da Opera��o Patmos. A base da investiga��o contra o presidente � a dela��o premiada de executivos da JBS.
‘CONDUTA GRAV�SSIMA’
A decis�o de Fachin de mandar prender Rocha Loures foi tomada na noite de sexta-feira, um dia depois de o ent�o deputado perder o mandato e o foro privilegiado, com o retorno de Osmar Serraglio (PMDB-RS) � cadeira. O ex-deputado � investigado por supostamente agir em nome de Temer e na condi��o de “homem de confian�a” do presidente. Em �udio gravado pelo empres�rio Joesley Batista, da J&F, Temer indica Rocha Loures como seu interlocutor. No novo pedido de pris�o, Janot, classificou o ex-parlamentar como “homem de total confian�a, verdadeiro ‘longa manus’ do presidente da Rep�blica Michel Temer”. ‘Longa manus’ quer dizer executor de crime premeditado por outro.
Ao decretar a pris�o preventiva, Fachin apontou para “conduta grav�ssima” do ex-deputado e considerou que em liberdade ele representa “um risco para a investiga��o”. O ministro escreveu ainda que Loures usou de “m�todos nefastos”. “O agente aqui envolvido teria encontrado lassid�o em seus freios inibit�rios e prosseguiria aprofundando m�todos nefastos de autofinanciamento em troca de algo que n�o lhe pertence, que � o patrim�nio p�blico”, afirmou o ministro.
REA��O
Dentro dos partidos a pris�o do ex-assessor de Temer foi encarada como um agravante da crise. O senador �lvaro Dias (PV-PR) disse que uma eventual dela��o de Rocha Loures seria o “calcanhar de Aquiles” de Temer. Para Dias, caso Loures resolva “contar o que sabe” � Justi�a, a decis�o poderia agravar a crise no governo. “Ele acompanha a vida do presidente h� muitos anos. N�o sei qual � o grau de lealdade, se ele ficar� em sil�ncio, mas sei que ele � uma preocupa��o para o presidente”, disse Dias.
O senador Jos� Agripino (RN), presidente nacional do DEM, partido da base aliada, considera que os desdobramentos da pris�o ser�o proporcionais ao que ele possa dizer ou n�o em um eventual acordo de dela��o premiada. “Era uma coisa que estava escrita (a pris�o)”, declarou o senador.
No PT, a pris�o do ex-deputado foi comemorada no 6º congresso da legenda, que terminou ontem, em Bras�lia. Na avalia��o dos petistas, a crise pol�tica tende a se agravar a partir de agora, dando f�lego � campanha por Diretas J� para substituir Temer. (Com ag�ncias)