Bras�lia, 19 - Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para debater o instrumento da dela��o premiada, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, fez na noite desta segunda-feira, 19, um duro discurso em defesa da Opera��o Lava Jato e afirmou que a institui��o est� "em guerra contra um inimigo sem face".
"Estamos em guerra contra um inimigo sem face! N�o � definitivamente uma guerra contra pessoas ou contra partidos; mas, sim, contra a impunidade e a corrup��o que dilapida o patrim�nio do Pa�s. Mas n�o estamos sozinhos. Contamos com o nosso brioso Judici�rio, que n�o deixar� se influenciar por press�es pol�ticas e saber� julgar com imparcialidade, sem concess�es aos poderosos de turno", disse.
Em sua fala, durante a abertura de um semin�rio no Conselho Nacional do Minist�rio P�blico, Janot citou que a regulamenta��o da colabora��o premiada foi um dos instrumentos que permitiu o avan�o no combate � corrup��o. Ele tamb�m destacou a permiss�o, dada pelo Supremo, de executar a pena ap�s a condena��o em segunda inst�ncia.
"O resultado desses dois exemplos, especialmente na Lava Jato, foi enorme e fala por si", disse. Sem citar o nome do ministro do STF Gilmar Mendes, que nesta segunda voltou a fazer cr�ticas � Lava Jato, Janot afirmou que h� pessoas que acusam Minist�rio P�blico de "exagero" e afirmam que o Brasil est� vivendo em um estado policial.
Para o procurador-geral da Rep�blica, h� dois tipos de pessoas que fazem isso: as que nunca viveram em uma ditadura e as que n�o t�m compromisso verdadeiro com o Pa�s.
"A real preocupa��o dessas pessoas � com a casta privilegiada da qual fazem parte. Empunham estrepitosamente a bandeira do estado de direito, mas desejam mesmo � defender os amigos poderosos com os quais se refestelam nas regalias do poder. Mas fa�o um alerta para essas pessoas: a sociedade brasileira est� cansada, cansada. Pode at� levar um tempo, mas os brasileiros saber�o reconhec�-los e ser�o fortes para repudi�-los", disse.
J� com um tom de despedida - Janot deixar� o cargo em setembro - o procurador-geral da Rep�blica afirmou que sabia que a corrup��o era um problema enraizado na cultura brasileira, mas que o Pa�s estava no caminho certo e que a popula��o almejava o fim dessa "chaga".
Como em uma cobran�a para o pr�ximo PGR, ele disse que, por onde passa, recebe "palavras de encorajamento para que o Minist�rio P�blico siga firme" no combate � corrup��o.
"Sei que, apesar de toda dedica��o e esfor�o para combater essa chaga, deixarei o cargo de procuradoria-geral da Rep�blica rumo � aposentadoria com mais perguntas do que respostas, como mais d�vidas do que certeza. Mas n�o decepcionaremos os cidad�os brasileiros que confiam na nossa institui��o", disse.
Ele come�ou a sua fala no semin�rio citando o trecho do livro "A Coroa, A Cruz e A Espada - Lei, Ordem e Corrup��o no Brasil Col�nia", do escritor Eduardo Bueno, que trata da constru��o de Salvador, a primeira capital do Pa�s.
"Onde foi parar tanto dinheiro? Parte foi gasta, parte desviada. Investigando os pap�is da C�mara de Salvador, Teodoro Sampaio pinta um quadro de dissolu��o geral: os infratores, de todos os g�neros, eram contumazes, e as penas n�o passavam de amea�as. As multas raro se pagavam", citou o PGR.
Segundo ele, esses fatos, "que remontam h� quase 500 anos, poderiam ser perfeitamente adequados para qualquer evento de corrup��o da atualidade. "Seria um par�grafo que bem se encaixaria em qualquer das in�meras not�cias de corrup��o que pululam nos jornais de nossos dias".
(Isadora Peron)
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Janot diz que PGR est� em guerra contra um inimigo sem face
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