O corretor L�cio Bolonha Funaro disse, em depoimento � Pol�cia Federal, que o presidente Michel Temer fez uma "orienta��o/pedido" para que uma "comiss�o" de R$ 20 milh�es proveniente de duas opera��es do Fundo de Investimento do FGTS fosse encaminhada para a sua campanha presidencial de 2014 e, tamb�m, para a de Gabriel Chalita � Prefeitura de S�o Paulo, em 2012. As opera��es no FGTS eram relacionadas �s empresas LLX e BRVias e s�o investigadas na Opera��o S�psis, na qual Funaro foi preso, em julho de 2016.
O corretor afirmou que ouviu do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que havia "conhecimento do presidente Michel Temer a respeito da propina sobre o contrato das plataformas entre a Petrobr�s Internacional e o Grupo Odebrecht".
Em seu relato, o corretor citou ainda repasses para dois aliados de Temer, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presid�ncia) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
De acordo com Funaro, Geddel teria recebido cerca de R$ 20 milh�es por "opera��es" na Caixa - o peemedebista foi vice-presidente de Pessoa Jur�dica. J� Moreira Franco teria recebido comiss�es pela sua atua��o � frente da vice-presid�ncia de Fundos de Governo e Loterias, em 2009. "O declarante pagou comiss�o desta opera��o a Eduardo Cunha e a Moreira Franco, os pagamentos foram feitos em esp�cie, n�o se recordando dos valores neste momento", disse o corretor � PF.
'Vigor'
O relat�rio parcial, com 600 p�ginas, tornado p�blico nessa ter�a-feira, 20, afirma que, pelos elementos reunidos na investiga��o, "s�o inc�lumes as evid�ncias" da pr�tica de corrup��o passiva por parte de Temer e de seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures. O documento indica recebimento "com vigor" de "vantagem indevida".
A PF solicitou mais prazo para a conclus�o do inqu�rito, que dever� servir de base para a poss�vel den�ncia a ser oferecida nos pr�ximos dias pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.
No documento encaminhado ao Supremo, a PF argumenta que o pr�prio Temer confirmou em discurso p�blico ter indicado seu ex-assessor como interlocutor para o empres�rio Joesley Batista, do Grupo J&F, dono da JBS. Loures foi flagrado, em a��o controlada da PF, levando uma mala de R$ 500 mil entregue por um executivo da JBS.
No discurso, Temer disse: "N�o h� crime, meus amigos, em ouvir reclama��es e me livrar do interlocutor, indicando outra pessoa para ouvir as suas lam�rias". Para a PF, a indica��o foi confirmada no discurso.
"A premissa b�sica para o entendimento deste particular reside, justamente, no trecho do di�logo (...) em que, ao ser questionado por Batista sobre o canal de comunica��o a ser adotado a partir de ent�o - em substitui��o a Geddel - o Exmo. Sr. Presidente da Rep�blica indicou, nitidamente, "Rodrigo", ou seja, Rodrigo Rocha Loures", diz o relat�rio sobre o �udio gravado por Joesley.
Para confirmar que Geddel era o antigo interlocutor de Temer, a PF ainda usou os depoimentos de Funaro e do diretor Jur�dico do Grupo J&F, Francisco de Assis e Silva.
'Ju�zo jur�dico'
Em Moscou, onde cumpre agenda oficial, Temer evitou coment�rios sobre o relat�rio parcial da PF que encontrou ind�cios de corrup��o passiva envolvendo seu nome. "Vamos esperar. Isso � ju�zo jur�dico, n�o � ju�zo pol�tico. E eu n�o fa�o ju�zo jur�dico", disse.
O advogado de Temer, Ant�nio Claudio Mariz de Oliveira, disse que n�o iria responder ao relat�rio. "Um relat�rio sobre investiga��es deveria ser apenas um relato das mesmas investiga��es, e n�o uma pe�a acusat�ria. Autoridade policial n�o acusa, investiga." Procurados, Geddel e Moreira n�o foram localizados.