Temer praticou crime de corrup��o, diz Janot em parecer ao STF

Bras�lia, 26 - Em despacho encaminhado com o objetivo de refor�ar a necessidade de pris�o do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, j� adiantou uma constata��o que dever� constar da den�ncia que deve apresentar at� esta ter�a-feira, 27, contra o presidente da Rep�blica, Michel Temer (PMDB), e Loures - o ex-assessor especial da Presid�ncia que est� preso dentro da mesma investiga��o. Janot diz que, sem d�vida, Temer praticou o crime de corrup��o.

"Rodrigo Loures representa os interesses de Michel em todas as ocasi�es em que esteve com representantes do Grupo J&F. Atrav�s dele, Temer operacionaliza o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores com a coisa p�blica. Note-se que, em v�rios momentos dos di�logos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua rela��o com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhes s�o feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud, n�o havendo ressaibo de d�vida da autoria de Temer no crime de corrup��o", afirmou Janot.

Outra conclus�o de Janot � que "revela-se hialina cristalina a atua��o conjunta dos investigados Rodrigo Rocha Loures e Michel Temer".

"Conforme se depreende do contexto f�tico-probat�rio, os diversos epis�dios narrados alhures apontam para o desdobramento criminoso que se iniciou no encontro entre Michel Temer e Joesley Batista no Pal�cio do Jaburu no dia 7 de mar�o de 2017 e culminou na entrega de R$ 500 mil efetuada por Ricardo Saud a Rodrigo Loures em 28 de abril de 2017", afirmou Janot.

O procurador ressalta que o encontro no Jaburu foi agendado por Loures e que o fato de ser no fim da noite era para "n�o deixar vest�gios dos atos criminosos l� praticados".

"As circunst�ncias deste encontro, em hor�rio noturno e sem qualquer registro na agenda oficial do presidente da Rep�blica, revelam o prop�sito de n�o deixar vest�gios dos atos criminosos l� praticados".

Janot destrincha v�rios pontos de liga��o entre Temer e Loures de acordo com documentos e com conversas obtidas nas investiga��es. Lembra que Loures foi chefe de gabinete de Temer na vice-presid�ncia da Rep�blica em 2011; que Temer gravou em 2014 um v�deo para campanha de Loures � C�mara dos Deputados; que em janeiro de 2015 Loures tornou-se chefe da assessoria parlamentar de Temer na vice-presid�ncia, e em abril do mesmo ano foi nomeado como chefe de gabinete da Secretaria de Rela��es Institucionais da Presid�ncia da Rep�blica. "Todos esses fatos ilustram proximidade e rela��o de confian�a entre os dois denunciados", disse Janot.

Janot tamb�m destacou que Ricardo Conrado Mesquita, da Rodrimar, afirmou em depoimento � Pol�cia Federal que "foi orientado a procurar Rodrigo da Rocha Loures, uma vez que ele realizava a interlocu��o entre a vice-presid�ncia da Rep�blica e representantes do setor privado". Segundo o procurador-geral, essa seria "mais uma evid�ncia de que Rocha Loures atuava como interlocutor de Michel Temer".

Um outro ponto que Janot sustenta � que n�o faz sentido a alega��o de que as men��es a Michel Temer nas conversas entre Joesley e Loures eram "venda de fuma�a", que � quando algu�m propagandeia influ�ncia inexistente em rela��o a agente p�blico.

(Breno Pires)