Bras�lia, 27 - Em uma tentativa de mostrar que est� sendo atingido por uma den�ncia feita por "ila��o", o presidente Michel Temer deu o que chamou de exemplo e citou um ex-procurador que passou a ganhar dinheiro com dela��es premiadas. Temer, inclusive, resolveu citar o nome do procurador do caso, mas negou que tamb�m estivesse fazendo uma ila��o.
Segundo ele, o seu exemplo de ila��o permitiria construir a seguinte hip�tese: "um assessor muito pr�ximo ao procurador-geral da Rep�blica, senhor Marcelo Miller, homem de sua mais estrita confian�a, um dia deixa o emprego do sonho de milhares de jovens brasileiros", afirmou. "Abandona o Minist�rio P�blico para trabalhar em empresa que faz dela��o premiada com o procurador-geral. Ganhou milh�es em poucos meses, o que levaria d�cadas para poupar", prosseguiu, ressaltando que n�o houve uma "quarentena".
Segundo Temer, Miller "garantiu ao seu novo patr�o um acordo benevolente, uma dela��o que o tira das garras da Justi�a, que gera uma impunidade nunca antes vista".
"E tudo ratificado, tudo assegurado pelo procurador-geral. Pelas novas leis penais da ila��o, ora criada na den�ncia, poder�amos concluir que, talvez, os milh�es n�o fossem unicamente para o assessor de confian�a que deixou a Procuradoria da Rep�blica", declarou o presidente.
O presidente destacou ainda que basta olhar os �ltimos anos e os �ltimos acordos de dela��o para saber que "ningu�m saiu com tanta impunidade". "Mas eu tenho responsabilidade, n�o farei ila��es. Tenho a mais absoluta certeza que n�o posso denunciar sem provas. N�o posso ser irrespons�vel", completou.
Temer, que n�o citou Janot diretamente no seu pronunciamento de cerca de 20 minutos, disse que n�o queria repetir o comportamento que estava criticando. "N�o denunciarei sem provas. N�o criarei falsos fatos para atingir objetivos subalternos. Por tradi��o e forma��o acredito na Justi�a. N�o serei irrespons�vel", refor�ou.
Temer que chegou acompanhado de cerca de 50 parlamentares e ministros, disse que se estivesse na C�mara poderia fazer uma sess�o, pois j� havia qu�rum, e afirmou estar "agradavelmente surpreso com o apoio espont�neo". Temer disse ainda que, por ser da �rea jur�dica, n�o se impressionava com os fundamentos "ou a falta deles" na den�ncia e que, sob o foco jur�dico, "a minha preocupa��o � m�nima".
"Aguardarei a decis�o do Judici�rio", disse. "Mas se fosse s� aspecto jur�dico n�o estava fazendo essa manifesta��o. O fa�o em fun��o do ataque indigno a minha pessoa", afirmou.
Temer afirmou que a "denuncia por ila��o" abriu um precedente perigos�ssimo. O presidente disse ainda que optou por falar o nome do procurador Miller, pois seu nome "foi usado deslavadamente na den�ncia". "Havia um desejo de ressaltar quase em letras garrafais o meu nome", disse.
Ao afirmar que est�o tentando imputar atos criminosos contra ele e que "n�o conseguir�o", Temer disse ainda que o empres�rio Joesley Batista foi trazido de volta ao Brasil quando come�aram a perceber que as provas estavam inconsistentes. "Interessante, ele veio de bon� para se disfar�ar", afirmou. "Eles foram preparados, treinados, para conversas induzidas", completou.
Temer afirmou que a grava��o � uma prova inv�lida e que j� foi questionada por diversos jornais e pelo perito que a defesa contratou. Ele destacou ainda que at� a per�cia oficial da Policia Federal, que n�o apontou edi��es, aponta "120 interrup��es".
Sem citar o nome do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer negou a acusa��o de que teria dado aval para que Joesley comprasse o sil�ncio do ex-parlamentar. "Querem imputar a ideia de que mandei pagar isso, aquilo", destacou, ressaltando que o pr�prio deputado negou a vers�o de Joesley.
No fim de sua fala, Temer disse n�o saber como Deus o colocou como presidente, "com uma tarefa dif�cil, mas tenho honra de ser presidente". "N�o fugirei das batalhas, nem da guerra que temos pela frente."
(Carla Ara�jo e T�nia Monteiro)