Avessa aos holofotes, a futura procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, se manteve mais isolada que de costume. Chegou cedo ao gabinete no 5º andar de um dos pr�dios da Procuradoria-Geral da Rep�blica, em Bras�lia, e, de l� s� saiu para participar de uma reuni�o ainda pela manh�.
O andar do edif�cio � o mesmo onde fica o atual ocupante do cargo, Rodrigo Janot, e, o aparato de seguran�a — j� rotineiro no local — foi refor�ado. Apesar de normalmente ser acess�vel � imprensa, ela recusou a enorme lista de pedidos de entrevista.
De acordo com pessoas pr�ximas, assim deve ser a postura de Raquel at� ser nomeada definitivamente: dedica��o ao trabalho e � fam�lia. Os filhos, que estavam nos Estados Unidos, chegaram na pr�pria quarta-feira, dia em que foi indicada pelo presidente Michel Temer para o cargo.
Em torno de de 2km do pr�dio da PGR, mais precisamente no Pal�cio do Planalto, a estrat�gia do governo de acelerar o processo de substitui��o do novo chefe do Minist�rio P�blico Federal (MPF) caminha a todo vapor.
Em apenas tr�s dias, a escolhida pelo presidente recebeu o apoio de 587 colegas na vota��o da lista tr�plice, foi indicada e j� tem at� data prevista para ser aprovada pelo plen�rio do Senado: 12 de julho. A inten��o � fazer com que Raquel se torne a nova procuradora-geral da Rep�blica antes mesmo de o atual, Rodrigo Janot, sair da cadeira. Com isso, acredita-se que as iniciativas de Janot contra Temer podem ficar esvaziadas.
E, se depender dos senadores tanto da base aliada quanto da oposi��o, a estrat�gia est� garantida. Poucas horas depois de o nome de Raquel sair no Di�rio Oficial da Uni�o, o presidente do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), o enviou para a Comiss�o de Constitui��o, Justi�a e Cidadania (CCJ), que definiu relator e calend�rio. Nem bem recebeu a miss�o, o escolhido pelo presidente do colegiado, Edison Lob�o (PMDB-MA), o senador Roberto Rocha (PSB-MA), j� indicou parecer favor�vel ao nome de Raquel.
“Uma pessoa id�nea, com 30 anos de MP, professora da UnB e de Harvard. Um curr�culo impec�vel. De modo que tanto ela quanto os outros dois estariam honrando o Minist�rio P�blico. Sem d�vida, foi uma grande escolha e vamos testemunhar isso na sabatina”, comentou.
O relator n�o v� problemas no fato de Raquel n�o ter sido o primeiro nome da lista tr�plice escolhida pelos procuradores. “N�o haver� dificuldade (para a aprova��o). O presidente tem a prerrogativa de escolher qualquer um dos tr�s ou at� nenhum deles.” O caminho est� trilhado. O relat�rio de Rocha ser� lido na pr�xima quarta-feira (leia mais na p�gina 3) e, antes mesmo de o recesso parlamentar come�ar, em 18 de julho, a burocracia para Raquel Dodge ser a nova PGR j� estar� superada.