S�o Paulo, 01 - O Procurador Geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, afirmou que n�o gostou de apresentar den�ncia contra o presidente Michel Temer por corrup��o no Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa, de acordo com ele, al�m de estar expressa na lei faz parte do seu trabalho. "N�o gostei de apresentar a den�ncia. Ningu�m tem esse prazer louco: Ahhh... vamos denunciar! Faz parte do trabalho. Fazer o qu�", disse ele, durante a palestra "Desafios no combate � corrup��o: a Opera��o Lava Jato", no 12� Congresso da Associa��o Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), neste s�bado (1�), em S�o Paulo.
Janot afirmou que se n�o tivesse denunciado Temer, seria considerado "um louco" ou desconfiariam de que "algo a mais existe". De acordo com ele, se n�o tivesse firmado acordo com os irm�os Batista, no qual ofereceu em troca imunidade aos colaboradores, teria permitido que o crime em curso continuasse a ser praticado.
O procurador justificou que tinha em m�os provas envolvendo altas autoridades da Rep�blica e que foi uma "escolha de Sofia" aceitar o acordo e dar imunidade aos irm�os Batista. Destacou que os delatores n�o deixaram de ser bandidos e que s�o r�us colaboradores. "Minha fun��o enquanto agente p�blico � cessar pr�tica criminosa grav�ssima praticada por uma alt�ssima autoridade da Rep�blica. � f�cil, passado o fato, ser her�i retroativo", explicou.
Segundo ele, se n�o tivesse concedido imunidade aos irm�os Batista n�o tinha acordo e o crime em pr�tica estaria em vigor at� hoje. "Ter�amos mais malas a toda semana. N�o foi a primeira imunidade concedida. Foram seis antes desta. Esta causou tanta como��o porque envolveu o mais alto dignat�rio da Rep�blica", avaliou o procurador, acrescentando que o dinheiro desviado � p�blico e poderia ser destinado a educa��o, seguran�a e sa�de.
Para Janot, n�o � poss�vel estancar, mas d� para diminuir, o n�vel de corrup��o no Brasil. "Estancar � imposs�vel. Estou com a consci�ncia tranquila. Faria novamente (dar imunidade aos Batista em troca do acordo)", acrescentou.
Gilmar Mendes
O procurador disse que n�o tem nada contra o ministro Gilmar Mendes e que n�o existe conflito entre ambos. Segundo Janot, h� diverg�ncias te�ricas entre eles e, ao menos de sua parte, n�o se refletem do lado pessoal.
"Afirmo: n�o tenho nenhum conflito com ele. Zero. Todas as vezes que me dirigi a ele de maneira mais dura foi reagindo a uma agress�o. � rea��o. � legitima defesa. Nunca v�o ver eu me dirigindo agressivo, sendo proativo", destacou.
Janot lembrou que entrou junto com Mendes na Procuradoria, em 1984, no mesmo concurso e que tinham conviv�ncia. "�ramos do mesmo grupo. Depois, a vida foi caminhando cada um para o seu lado. N�o tenho nada controla ele. Zero, se tem contra mim, tem de falar com ele", refor�ou.
No terreno das ideias, ele disse que na colabora��o premiada n�o pode haver controle total e que Mendes discorda, mas que � uma diverg�ncia t�cnica. Explicou ainda que o envolvimento de altas autoridades da Rep�blica n�o comprometem a economia e a pol�tica e que o Minist�rio P�blico tem de agir enquanto sua fun��o e que a lei � para todos.
"Dizer que ao envolver agentes econ�micos em processo penal � atentado � economia � maluquice. Somos um pa�s de livre iniciativa, capitalista e acho que temos de ser mesmo. A livre concorr�ncia pressup�e mercado sadio. Que economia queremos ter? Esse compadrio, carteliza��o, propina?" questionou Janot, acrescentando que concorr�ncia livre significa deixar que agentes econ�micos briguem entre si.
(Aline Bronzati e Pedro Venceslau)