
Em um pa�s em que grande parte do meio pol�tico est� sendo investigada por participar de esquemas de corrup��o e os partidos s�o cada vez mais malvistos pela popula��o, abandonar o tradicional formato de siglas pode ser uma alternativa para melhorar a imagem com o eleitor. Se n�o tiver a palavra “partido” na identidade, melhor ainda. Nessa onda, al�m de legendas como PTN, PTdoB e PSL que est�o mudando seus nomes para palavras, novos grupos que pedem registro ao Tribunal Superior Eleitoral seguem essa tend�ncia. Cientistas pol�ticos, por�m, alertam: n�o basta mudar a cara se os m�todos continuarem os mesmos.
Recentemente, o PTdoB aprovou a mudan�a do nome para Avante. O PTN agora � Podemos e o PSL iniciou um movimento nacional para se tornar Livres. Dar nomes de palavras para se diferenciar dos partidos tradicionais � algo que j� ocorreu antes com legendas como a Rede Sustentabilidade e o Solidariedade. Antes ainda, o extinto PFL se tornou Democratas.
Na fila para serem criados, outras agremia��es tentam engrossar as fileiras partid�rias sem o partido no nome. Tem Igualdade, Manancial, Uni�o da Democracia Crist� do Brasil, Patriotas, For�a Brasil e uma s�rie de outros, somando 15 nomes que aboliram o “P” da sigla.
Cientistas pol�ticos creditam as mudan�as nos nomes dos partidos ao momento ruim para as legendas. Para ilustrar, o �ltimo �ndice de confian�a divulgado pela Funda��o Getulio Vargas no fim de 2016 coloca os partidos pol�ticos em �ltimo lugar, com apenas 7% de confiabilidade pelos brasileiros, atr�s do Congresso Nacional (10%), da Presid�ncia da Rep�blica (11%) e das redes sociais (23%). J� o �ndice de confian�a social realizado pelo Ibope apontou em 2015 que as legendas ca�ram � metade dos pontos que tinham em 2010 (33), chegando em 17 em uma escala que vai de zero a 100. O levantamento mede a confian�a em 18 institui��es e grupos sociais.
“Os movimentos internacionais que deram certo e tiveram grande visibilidade n�o t�m partido no nome, como o Podemos na Espanha e o Cinco Estrelas na It�lia, ent�o existem exemplos internacionais. Al�m disso, os partidos como institui��o e conceito nunca tiveram credibilidade t�o baixa no Brasil”, afirma o cientista pol�tico da Universidade de S�o Paulo (USP), Rubens Figueiredo. Ele ressalta, por�m, que � preciso apresentar uma proposta nova ao eleitor. “O Podemos, por exemplo, est� falando em um novo estilo de fazer pol�tica, com um projeto de democracia direta. Se for mudar s� o nome n�o adianta”, afirmou.
O cientista pol�tico Marco Ant�nio Carvalho Teixeira, professor da Funda��o Getulio Vargas, refor�a a necessidade de mudan�a estrutural. “� uma tentativa de se apresentar com outra imagem. A pr�tica vai dizer se isso ter� resultado imediato. Agora, vai ser mais produtivo se houver novas pr�ticas, um outro tipo de posicionamento”, disse. Para o professor, que lembra que j� houve um movimento semelhante, com a cria��o do Democratas e outros partidos, a nova investida pode ser interpretada como efeito da Opera��o Lava-Jato. “O pr�prio fato de n�o ter mais o nome partido demonstra uma forma de tentar diminuir o desgasta de carregar essas siglas”, avalia.
TEND�NCIA
Os representantes dos partidos, por�m, garantem que a tend�ncia nada tem a ver com a crise de baixa representatividade com a popula��o. “No nosso caso, a gente sentiu a milit�ncia querendo mudan�a, n�o foi uma simples troca de nome, � um novo conceito, um novo estatuto”, garante o presidente do novo Avante, deputado federal Luis Tib� (MG). Segundo o parlamentar, alguns nomes como “vamos”, “juntos” e “nova democracia” foram colocados em vota��o, e o diret�rio escolheu a nova identidade. “Achei meio estranho no in�cio, mas em dois dias de mudan�a tivemos 1,2 mil filia��es, coisa que no ano passado inteiro n�o ocorreu”, disse.
Tib� disse que com a mudan�a no partido pretende conseguir engajamento. “Acho complicado e perigoso esse �dio e des�nimo das pessoas com a pol�tica, por isso queremos trazer pessoas de bem para participar mais”, afirmou. O parlamentar nega que a onda de novos nomes seja para se desvincular dos partidos. “A revolta � com os partidos tradicionais, o PT, PMDB; aqui em Minas o PSDB tem um ambiente ruim, mas n�o � generalizado. N�o acho que este seja o motivo”, disse.
O presidente do PSL em BH, vereador L�o Burgu�s, tamb�m diz que a mudan�a de nome para Livres � apenas para consolidar um grupo pol�tico que j� vinha articulando um pensamento program�tico. “Existe um movimento ligado a quest�es como estado m�nimo, enxugamento da m�quina, diminui��o de cargos de confian�a, defesa das minorias. � uma identidade com um pensamento que o PSL resolveu adotar a n�vel nacional, uma tentativa realmente de colocar o partido de uma maneira mais program�tica”, diz. Burgu�s tamb�m nega a mudan�a de nome por causa da imagem. “Partidos maiores tiveram desgastes e n�o mudaram de nome. no nosso caso s� posso dizer que � muito pelo contr�rio, n�o tem ningu�m envolvido em nada”, afirmou.
SOPA AGORA
� DE PALAVRAS
Partidos mudam de nome
» PTN - Podemos
» PTdoB – Avante
» PSL – Livres
» Democratas
» Rede Sustentabilidade
» Solidariedade
Na fila para existir :
» Alian�a Renovadora Nacional
» For�a Brasil
» Igualdade
» Liga Democr�tica Liberal
» Manancial
» Movimento Cidad�o Comum
» Nova Ordem Social
» Patriotas
» Raiz Movimento Cidadanista
» Real Democracia Parlamentar
» Renovar
» Uni�o Democr�tica Nacional
» Uni�o para a Defesa Nacional
» Unidade Popular
Novos prefeitos em Minas
Renato Soares de Freitas (PSD) e Cairo (PEN) foram eleitos ontem prefeito e vice de Campo Florido, no Tri�ngulo Mineiro, com 2.671 votos. Alvo de um atentado na sexta-feira � noite, Freitas foi baleado no ombro, t�rax e pesco�o e segue internado em hospital de Barbacena. Outras duas elei��es extempor�neas ocorreram ontem em Minas Gerais: em Santa Rita de Minas, no Rio Doce, a chapa Ademilson Fernandes (PP) e Erci de Lima (PTdoB) foi eleita para comandar a cidade at� 2020. Compareceram �s urnas 4.820 eleitores (81,6% do eleitorado). Em Cana�, na Zona da Mata, Sebasti�o Hil�rio Bitencourt (PP) e Z� Ivanir (PR) foram os vencedores.