S�o Paulo, 09 - O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, avalia que, sem a dela��o do empres�rio Joesley Batista, da JBS, n�o seria poss�vel identificar "o complexo esquema de pagamento de propina" envolvendo o presidente Michel Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures - ex-assessor especial do peemedebista -, o senador A�cio Neves (PSDB-MG) e o procurador �ngelo Goulart.
Em entrevista ao jornal
O Estado de S. Paulo
, Janot defende enfaticamente o instituto da colabora��o. Ele classificou de "decis�o hist�rica" o recente julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que "confere seguran�a jur�dica aos colaboradores".
O procurador pondera que, apesar do amplo conhecimento do Minist�rio P�blico em grandes investiga��es, h� muita dificuldade em desmontar organiza��es criminosas, "j� que a regra, nesses casos, costuma ser a Omert�, ou seja, o sil�ncio como garantia de vida". "Com as colabora��es premiadas, os r�us confessam os crimes, apresentam detalhes do funcionamento dos esquemas e ajudam na indica��o dos l�deres", afirma.
Com quatro anos de mandato, a serem completados no dia 17 de setembro, Janot dever� ser substitu�do pela subprocuradora-geral da Rep�blica Raquel Dodge - indicada por Temer. Na quarta-feira pr�xima, dia 12, Raquel ser� sabatinada na Comiss�o de Constitui��o, Justi�a e Cidadania do Senado.
Janot deixa o comando do Minist�rio P�blico com um sentimento, segundo suas pr�prias palavras. "Tenho a convic��o de que n�o me omiti." E com uma certeza. "Os inimigos da Lava Jato s�o os mesmos que integram os esquemas desvelados na Opera��o."
O procurador tamb�m se diz desolado com os casos de corrup��o. "Fico consternado em ver que, ap�s 3 anos e meio de investiga��es que j� culminaram em mais de 157 condena��es, ainda tenhamos que deparar com crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro em curso, praticados pelos mais altos dignat�rios da Rep�blica, enquanto o Brasil passa por uma grave crise econ�mica, com �ndice recorde de desemprego e inadimpl�ncia, por exemplo", diz.
Com 33 anos de Minist�rio P�blico, Janot trava um embate hist�rico com o presidente Temer, a quem acusa formalmente por corrup��o passiva no caso JBS. Ele est� convencido de que Temer era o destinat�rio real da propina de R$ 500 mil - 10 mil notas de R$ 50 - que o ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR) recebeu em uma mala preta na noite de 28 de abril no estacionamento de uma pizzaria em S�o Paulo.
Na mesma investiga��o com base na dela��o da JBS, o procurador denunciou e pediu a pris�o do senador A�cio Neves (PSDB-MG), por supostamente pedir propina de R$ 2 milh�es a Joesley.
Outro alvo da ofensiva de Janot � um colega da pr�pria institui��o que comanda, o procurador �ngelo Goulart, preso sob suspeita de atuar como infiltrado do delator da JBS, em troca de uma mesada de R$ 50 mil.
(Fausto Macedo, F�bio Serapi�o e Julia Affonso)