O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu nesta segunda-feira, 10, que o partido est� desembarcando do governo Michel Temer "independentemente" de sua vontade.
"O que eu tenho dito n�o � consenso, mas o que tenho visto � que o partido est� desembarcando independentemente do meu controle e da minha vontade", afirmou o senador ap�s jantar com l�deres tucanos no Pal�cio dos Bandeirantes, em S�o Paulo, a convite do governador Geraldo Alckmin.
Tasso disse, em coletiva de imprensa, que a legenda vai aguardar o t�rmino da vota��o da admissibilidade da den�ncia por corrup��o passiva contra Temer na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara. "Estamos acompanhando. Hoje (ontem) tivemos a not�cia da CCJ, not�cias desencontradas sobre a data de vota��o. Vamos acompanhar de perto a vota��o", disse. Segundo ele, o partido n�o poderia definir uma posi��o ontem porque n�o era uma reuni�o da Executiva. O encontro durou quatro horas.
Um dia depois de afirmar que o PSDB deve apoiar o governo somente at� a aprova��o das reformas, Alckmin reuniu os l�deres para firmar um pacto de n�o agress�o entre a ala que quer o desembarque imediato da base e o grupo que trabalha pela perman�ncia. "Mas vai ficando claro na consci�ncia dos l�deres qual � o melhor caminho para o futuro", disse ele, esquivando-se de dizer qual seria este melhor caminho em sua opini�o.
Na coletiva, o l�der da bancada na C�mara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que, na CCJ, o partido dever� dar cinco votos pela aceita��o da den�ncia e dois contra. "Sobre a quest�o no plen�rio, vamos convidar uma reuni�o amanh� ou depois para (analisar) a postura da bancada. H� hoje uma maioria no sentido da admissibilidade que eu n�o sei quantificar ainda porque n�o fizemos a reuni�o", afirmou. Ontem, o relator na CCJ, Sergio Zveiter (PMDB-RJ), leu seu relat�rio pela admissibilidade da den�ncia.
A reportagem apurou que, durante o jantar, Tasso disse que o partido vai desembarcar "naturalmente". Segundo relatos dos participantes, Alckmin concordou que est� chegando a hora de os quatro ministros tucanos sa�rem. Tamb�m acompanharam este entendimento o senador C�ssio Cunha Lima (PB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador do Paran�, Beto Richa.
Participaram tamb�m da reuni�o de caciques tucanos os governadores Marconi Perillo (GO), Reinaldo Azambuja (MS) e Pedro Taques (MT), o senador A�cio Neves (MG), presidente licenciado do partido, o senador Jos� Serra (SP) e o prefeito de S�o Paulo, Jo�o Doria.
Disputa
O encontro acabou por acirrar ainda mais a crise entre a c�pula e a ala mais jovem do partido. Ao saber do encontro, deputados que defendem o rompimento avisaram que a decis�o da bancada no plen�rio da C�mara sobre a admissibilidade da den�ncia da Procuradoria-Geral da Rep�blica contra Temer n�o ser� submetida aos dirigentes nacionais.
"Nunca aconteceu na hist�ria do PSDB de a Executiva deliberar sobre o voto dos deputados. Cada um vai votar conforme sua pr�pria consci�ncia", disse o deputado Daniel Coelho (PE). Ainda segundo ele, a posi��o sobre o governo se concretiza apenas de um jeito: com os votos do Parlamento.
Da CCJ, o deputado F�bio Souza (PSDB-GO) disse nesta segundal, mais cedo, que a maioria dos membros da comiss�o devem votar pela aprova��o do relat�rio. "At� o in�cio da semana passada a maioria era pela perman�ncia. Com a pris�o de Geddel (Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo), isso se inverteu."
'N�o fui convidado'
Vice-presidente nacional do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman disse que n�o foi chamado para o jantar e questionou o poder deliberativo de um encontro que n�o foi submetido � Executiva do partido. "N�o fui convidado e n�o sei quem estabeleceu quem iria, mas a decis�o � da Executiva. O encontro de hoje n�o tem car�ter deliberativo", disse o tucano.
Sem citar nomes, Goldman tamb�m questionou os interesses pol�ticos que motivam setores do partido. "Sair do governo pode ajudar a preservar interesses pessoais ou partid�rios, mas n�o ajuda o futuro do Pa�s", afirmou o ex-governador.