
Usando como argumento a dela��o de executivos da JBS, a for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato no Minist�rio P�blico Federal requereu a condena��o da jornalista Cl�udia Cruz, mulher do ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB/RJ) - preso desde outubro de 2016 e condenado a 15 anos e quatro meses por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro.
Em recurso de apela��o ao juiz S�rgio Moro, que absolveu Cl�udia em processo por lavagem de dinheiro e evas�o fraudulenta de divisas, treze procuradores da Rep�blica sustentam que ela recebeu parte de propinas que executivos do grupo afirmam ter pago ao ex-deputado.
A dela��o da JBS mergulhou o governo Michel Temer em sua mais grave crise pol�tica. O presidente foi denunciado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, por corrup��o passiva. A den�ncia est� sob o crivo da C�mara.
Nos detalhes da dela��o da JBS, a for�a-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, base da grande investiga��o, encontrou argumentos para recorrer a Moro e insistir na condena��o de Cl�udia por manter conta secreta na Su��a com saldo superior a US$ 1 milh�o, valor supostamente oriundo de propinas recebidas pelo marido.
"De acordo com esses executivos, que firmaram acordo de colabora��o premiada com a Procuradoria-Geral da Rep�blica, tais propinas continuaram a ser pagas para compra do sil�ncio de Eduardo Cunha e manuten��o da subsist�ncia de sua fam�lia, inclusive, por �bvio, de sua esposa, a apelada Cl�udia Cruz", afirmam os procuradores.
No documento de 58 p�ginas, os procuradores destacam que ap�s autoriza��o de Joesley Batista, acionista principal da JBS, o ex-conselheiro fiscal do grupo Florisvaldo Caetano "promoveu entregas de vantagens indevidas" para Altair Alves Pinto, apontado como o "faz tudo" de Eduardo Cunha.
Segundo Joesley, esses valores serviam para "manter a fam�lia" e "comprar o sil�ncio" do ex-presidente da C�mara, "mesmo ap�s sua pris�o preventiva, o que indica que a apelada Cl�udia Cruz tamb�m se beneficiou destes valores, conforme, ali�s, ocorria antes".
A Procuradoria destaca que o v�nculo entre Altair e Cl�udia "� evidenciado" na quebra de sigilo telem�tico da mulher de Eduardo Cunha.
"Dentre os documentos obtidos, foram evidenciados v�rios e-mails trocados por Cl�udia Cruz que mencionam Altair Alves PInto. A t�tulo de exemplo, menciona-se o e-mail encaminhado pela apelada Cl�udia a Leila Almeida, funcion�ria de Eduardo Cunha, com o t�tulo 'Dep�sitos'. Na ocasi�o, Cl�udia pergunta: 'Leila, foram todos feitos?' Ao final, ressalta: 'Assim q eles forem feitos tenho um na minha conta ok?', o que � respondido por Leila: 'Oi Claudia, ainda n�o foram feitos. Aviso depois pra voc�!'. Cl�udia ent�o responde: 'Vc sabe qdo ser�o? To preocupada c isso', o que � respondido por Leila: 'N�o sabemos, talvez a tarde'. Ent�o, Cl�udia reitera: 'Prioriza o machado... Ele j� emendou outro trab la em casa. Vc fala c altair?'."
"Como visto, todos estes e-mails tratam de entregas/dep�sitos de dinheiro em esp�cie pelo delatado Altair Alves Pinto em favor de Eduardo Cunha e da apelada Cl�udia Cruz, o que corrobora documentalmente o teor dos depoimentos de Joesley Batista e Florisvaldo Caetano e indica o dolo da apelada (Cl�udia) em ter contas pessoais custeadas criminosamente por terceiros, com dinheiro proveniente de infra��es penais praticadas por seu marido", assinala a Procuradoria no recurso de apela��o a Moro.
"Ressalte-se que, n�o obstante tais e-mails j� serem de conhecimento do Minist�rio P�blico Federal, o nexo causal entre estes documentos e os crimes apurados s� foi evidenciado ap�s a colabora��o premiada dos executivos da JBS, que revelou a rotina de pagamentos esp�rios operacionalizados por Altair Alves Pinto em favor da fam�lia de Eduardo Cunha, incluindo a apelada (Cl�udia), como visto."
A forma de comunica��o, em c�digos, tamb�m � reveladora do dolo de Cl�udia, afirma a Procuradoria.
"Pelos elementos de prova produzidos na instru��o, aliados �s provas supervenientes reveladas pela colabora��o premiada dos executivos do GRUPO J&F, as quais tiveram a exist�ncia revelada somente recentemente, em 18 de maio de 2017, ap�s, portanto, � apresenta��o dos memoriais de alega��es finais pelo Minist�rio P�blico Federal e cerca de apenas uma semana antes da senten�a (25 de maio de 2017), conclui-se de modo seguro que, mesmo ap�s a pris�o de Eduardo Cunha, ocorrida em outubro de 2016, executivos do Grupo J&F pagaram propinas acertadas previamente com o ex-deputado federal", argumenta a Procuradoria.
Ainda segundo a for�a-tarefa da Lava Jato, "mesmo ap�s busca e apreens�es, pris�o de seu marido, a��o penal e diversos inqu�ritos, Cl�udia Cruz continuou a receber e gastar de modo ilegal dinheiro proveniente de propina".